Birra na escola: como pais e educadores podem lidar com isso?

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Psi. Renata Bedran

A birra, “pirraça” ou chilique faz parte do desenvolvimento infantil. Essa fase começa por volta dos 02 anos de idade, mas pode começar um pouco antes e terminar depois, por dos 3 anos e meio. Você mãe e pai, fique tranquilo, você não fez nada de errado. O comportamento considerado “inadequado”, nessa fase, é algo natural e nada tem a ver com a criação. Ela é o período em que os pequenos estão se conscientizando de sua própria individualidade, que traz um misto de emoções de difícil compreensão para tão pouca experiência de vida. Como as crianças ainda não podem ou não conseguem fazer tudo o querem e ainda não sabem como lidar com essas limitações, acontecem as birras, pois o choro, o grito, e a raiva são as formas que elas encontram para demonstrar o descontentamento com essas frustrações.

Hoje, vamos falar um pouco da birra ou do comportamento desafiador na escola. A criança não precisa estar na escola antes dos três anos de idade. Essa é uma necessidade mais dos pais (que precisam trabalhar) do que dos filhos.

Para a maioria das crianças, a escola é o primeiro espaço de convívio social fora do seio familiar, por isso é muito importante que a instituição e a família que conhece bem a criança, tenham uma relação de parceria para o desenvolvimento holístico (emocional, social e cognitivo) de seus alunos.

Muitas famílias acabam criando barreiras com a escola, mas a equipe está ali para construir uma relação de parceria e confiança com a comunidade escolar. Os pais devem procurar a pedagoga, coordenadora e/ou professora em momentos desafiadores da criança para juntos entenderem a melhor forma de auxiliá-la. Algumas escolas contam também com psicólogas na equipe pedagógica e elas atuam corroborando com o desenvolvimento da criança, sempre com a participação da família.

Pode acontecer, e é bem frequente que as crianças façam birra na escola. Por isso, o acolher é tão importante, para que a criança se sinta segura no ambiente escolar e possa confiar em novos adultos (equipe pedagógica) como correguladores em momentos de stress, de tristeza, de dúvidas. De acordo com Juna, o “mau comportamento” acontece com mais frequência nas crianças mais novas, pois mais imaturo é o seu controle emocional e sua maturidade cerebral. As crianças mais novas, por vezes, não são capazes de compreender seus sentimentos ainda e não é porque querem nos enfrentar, elas estão demonstrando descontentamento com algo por meio do choro, dos gritos, dos esperneios. Por isso, a equipe pedagógica deve sempre acolher e compreender a razão que levou à birra e se questionar se essa criança está com todas as suas necessidades básicas supridas (fome, sono, etc.). Muitas vezes, quando se conhece a criança, a escola consegue se antecipar e evitar a birra.

Algumas vezes, a birra acontece com mais frequência em algumas crianças especificas, e nesse caso a psicopedagoga Juna, nos diz o que a escola costuma recomendar os pais da importância da compreensão da razão pela qual a criança fez ou tem feito birra: “Nunca é do nada, precisamos ajudá-la a verbalizar, ter autocontrole emocional – que é tão difícil até para os adultos. Por isso a parceria é tão importante. Cada criança é única e tem diferentes demandas, a escola junto à família, reconhecerão qual a melhor forma de lidar com momentos desafiadores. Sempre com muito respeito e tendo como objetivo principal o bem-estar integral do aluno.” Juna Cunha

Como escola, a fim de evitar que as pirraças aconteçam, a psicopedagoga Juna nos explica que é preciso sempre conversar e nomear os sentimentos das crianças, além de estabelecer uma rotina bem clara. Com uma rotina a criança se sente mais segura, consegue prever o que vai acontecer e isso evita que ela se “descontrole”. Ela ainda acrescenta ainda que enquanto pais, é muito importante conversar com a criança, ainda que achemos ser muito nova, sobre o dia na escola. Devemos variar as perguntas: qual foi o momento mais engraçado? O que você teria feito de diferente? Isso faz com que o aluno consiga verbalizar não somente como foi o dia, como também suas emoções durante o tempo que passou na instituição. De acordo com ela, isso mostra à criança que escola-família estão juntas.

Concluindo, é de extrema importância que escola (equipe pedagógica) e família sejam parceiras, por isso, coloque seu filho numa escola em que você confie.

• Esse texto foi escrito em parceria com Juna Michele de Medeiros Cunha (Pedagoga, e pós-graduada em Gestão Escolar e Psicopedagogia).

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran