Como conseguir atendimento odontológico no SUS?

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Dra. Alice Sarcinelli

Hoje a odontologia está presente no SUS nos 3 níveis de atenção: atenção básica ou atenção primária; atenção Secundária ou média complexidade e Atenção terciária ou alta complexidade.

A principal porta de entrada do paciente para cuidados odontológicos é a Atenção Primária, através das Unidades Básicas de Saúde dos bairros, ou Unidades de Estratégia de Saúde da Família. A equipe de saúde bucal das unidades de saúde conta com dentistas generalistas, clínicos gerais, que realizam ações de Promoção de Saúde, Prevenção e tratamentos em bebês, crianças, adultos e idosos. Então, se você tem um problema de saúde bucal, você deve procurar prioritariamente a Unidade de Saúde do seu Bairro. E se você não tem um problema? Também deve procurar, exatamente para prevenção, limpeza, aplicação de flúor, orientações, etc.

As urgências odontológicas (casos de dor, acidentes, abcessos) são atendidas tanto nas Unidades de Saúde quanto nas UPAS (Unidades de Pronto Atendimento), que contam com equipe de saúde bucal. 


Para conseguir o tratamento com um dentista especialista, que é atenção secundária, o paciente tem que ter sido encaminhado pelo dentista da Unidade de Saúde do bairro. Caso você precise realizar um canal, extrair o dente do siso (terceiro molar), um tratamento periodontal (gengival) especializado, tudo isso será realizado nos CEOS, a partir do encaminhamento ou referência.

Alguns municípios contam também com os Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD) que surgem na rede como serviço de retaguarda e resposta a demanda e necessidade de reabilitação bucal devido à perda dentária na população adulta e idosa do Brasil, inclusive dentaduras.

Há também a atenção odontológica hospitalar. O Ministério da Saúde possibilitou, em 2005, a emissão pelo cirurgião-dentista da Autorização de Internação Hospitalar (AIH) e instituiu a Política Nacional de Atenção Oncológica, buscando garantir o acesso das pessoas com diagnóstico de câncer aos estabelecimentos públicos de saúde para tratar e cuidar da patologia. O paciente com câncer de boca, por exemplo, precisa muitas vezes de extração dentária pré-radioterapia, aplicação de flúor para prevenção de cárie, exames de alto custo e reabilitação protética, laser para lesões de boca durante tratamento de câncer, isso tudo é feito em hospital, pelo dentista, que recebe o paciente por encaminhamento da equipe médica que atende o paciente. O atendimento aos pacientes especiais que necessitam de anestesia geral também se da neste âmbito.

O acesso dos brasileiros à saúde bucal sempre foi extremamente difícil e limitado. Durante anos a Odontologia esteve esquecida pelas políticas públicas de saúde, o que explica a cultura de só procurar o dentista em caso de dor e ainda assim sem esperanças de conseguir tratamento gratuito. Somente em 2003 o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Saúde Bucal e o acesso dos brasileiros à Saúde Bucal vem aumentando desde então com a criação do Programa Brasil Sorridente, como parte da Política Nacional de Saúde Bucal. Entender a lógica do acesso ao serviço é o primeiro passo. Entretanto, infelizmente nem todo município investe em saúde bucal de maneira como preconizada pelo Sistema Único de Saúde e o subfinanciamento do sistema também atinge a saúde bucal. Conhecer o seu direito enquanto cidadão e o que deveria estar sendo garantido pelo SUS da sua região é fundamental para que com o voto, conhecendo os programas de governo dos candidatos, busque-se uma melhora de cenário.

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Dra. Alice Sarcinelli

Cirurgiã Dentista. Odontopediatra. Mestre em Saúde Pública. Doutora em Odontologia/Odontopediatria. Professora da Universidade Federal do Espírito Santo e Gestora do Centro Médico Shopping Vitória. @draalicesarcinelli