Criança dormir de boca aberta é normal? Veja o que diz especialista

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Dr. Giulliano Luchi

A respiração oral na infância é uma situação relativamente frequente, que pode ter impactos significativos no desenvolvimento. A maioria dos problemas ocorre quando a criança respira predominantemente pela boca, devido ao baixo fluxo aéreo nasal. Embora a respiração oral seja comum durante infecções respiratórias, de maneira crônica, pode levar a uma série de complicações.

As causas mais comuns de respiração bucal são:

– Congestão nasal: A obstrução das vias aéreas superiores devido a alergias, sinusite, pólipos nasais ou desvio do septo nasal pode dificultar a respiração pelo nariz;

– Amígdalas e Adenoides aumentadas: Quando as amígdalas e as adenoides estão aumentadas, elas podem bloquear parcialmente as vias aéreas nasais;

– Hábitos ortopédicos errados: Certos hábitos, como chupar o dedo ou usar chupeta, podem influenciar a postura da mandíbula e a maneira como a criança respira;

– Problemas estruturais: Anormalidades craniofaciais, como palato ogival ou mandíbula retraída, podem predispor uma criança à respiração oral;

– Infeções respiratórias recorrentes: Infecções frequentes do trato respiratório superior podem levar a uma congestão crônica;

Identificar a respiração oral em uma criança pode não ser tão simples. Alguns sintomas comuns podem levantar a suspeita:

– Boca sempre aberta: Crianças que respiram oralmente geralmente mantêm a boca aberta, mesmo quando estão em repouso;

– Ronco e apneia do sono: A respiração bucal pode levar a distúrbios do sono, como ronco e apneia, onde a criança para de respirar temporariamente durante a noite;

– Secura na boca e lábios rachados: A respiração pela boca pode causar ressecamento na boca e lábios, levando a feridas e desconforto;

– Alterações faciais: A respiração oral crônica pode afetar o desenvolvimento facial, levando a alterações na posição dos dentes, lábios e maxilar;

– Problemas de aprendizado: Alguns estudos sugerem que a respiração oral pode estar associada a dificuldades de aprendizado, como problemas de concentração e linguagem.

A respiração oral na infância deve ser tratada, pois pode levar a várias complicações a longo prazo, como alterações do desenvolvimento da face, alterações de arcada dentária, de posição de língua e má oclusão, distúrbios do sono, dificuldade de concentração e de aprendizado, alterações no desenvolvimento de fala e linguagem e problemas psicossociais.

O tratamento da respiração oral na infância depende da causa e da gravidade do problema. Algumas das abordagens mais comum envolvem tratamento médico, se a causa for uma obstrução nasal, como alergias ou amígdalas aumentadas, podem demandar tratamento com medicações ou cirurgia, terapia ortodôntica, nos casos em que a respiração oral é causada por problemas estruturais na boca ou maxilar, pode-se recomendar o uso de aparelhos ortodônticos, terapia fonoaudiológica, para corrigir a postura da língua e dos lábios e facilitar a respiração nasal.

A respiração bucal na infância merece atenção e tratamento adequados. Identificar as causas subjacentes e adotar abordagens terapêuticas específicas podem ajudar a prevenir complicações a longo prazo e melhorar a qualidade de vida das crianças afetadas.

É essencial que os pais e profissionais de saúde estejam atentos aos sinais e sintomas da respiração oral e tomem medidas para abordar o problema precocemente. Com o tratamento adequado, muitas crianças podem recuperar a respiração nasal e evitar as complicações associadas à respiração bucal crônica.

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Dr. Giulliano Luchi

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi