Dor na mandíbula é sinal de bruxismo ou Disfunção temporomanbibular?

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Dra. Daniela Feu
Disfunção temporomanbibular (DTM) e bruxismo são a mesma coisa? Não, esse é um conceito antigo que hoje já se sabe que está errado. A disfunção temporomandibular (DTM) e o bruxismo são problemas que afetam as articulações e músculos da mandíbula. As duas condições são caracterizadas por uma grande tensão na região do crânio e dos ossos maxilares, podendo desencadear incômodos como dor e dificuldade de mastigar e abrir a boca. Por isso, algumas pessoas acabam confundindo os dois quadros ou acreditam que um é sintoma do outro.

Contudo, o bruxismo e a DTM não são a mesma coisa, mas, de fato, existe sim uma relação próxima entre eles:

Enquanto o bruxismo é uma condição que leva a movimentos involuntários ritmados e espasmódicos de apertar, ranger os dentes, ou de apenas contrair fortemente musculatura mastigatória, a DTM é toda patologia ligada a uma disfunção na articulação temporomandibular. Essa articulação corresponde aos ligamentos e estruturas localizadas entre a base do crânio e cabeça da mandíbula. A região é responsável por coordenar todos os movimentos da mandíbula, como mastigar, comer, falar, abrir e fechar a boca. Daí vem a sigla DTM – disfunção temporomandibular.

As DTMs podem ter origem muscular, quando vão atingir os músculos da mastigação ou articular, quando vão envolver a cavidade articular e côndilo mandibular. É muito importante que você saiba que a má oclusão dentária não é mais considerada um fator etiológico, ou seja, elas não causam DTM. Por isso mesmo, os desgastes e ajustes oclusais, bem como o tratamento ortodôntico não irão tratar a DTM. Do mesmo modo, o bruxismo nem sempre é fator causal primário da DTM, mas é comprovado que irá agravar seus sintomas, piorando a dor.

Mas o que causa a DTM? Essa condição pode ser desencadeada de diversas formas como traumas (diretos ou indiretos), instabilidade ortopédica, problemas degenerativos das articulações, fatores sistêmicos (degenerativos, endócrinos, neoplásicos, vasculares ou infecciosos), fatores emocionais e psicológicos, e, ou seja, a DTM é multifatorial e dependendo das circunstâncias físicas e emocionais pode surgir gerando incômodos e dores.

Essa disfunção é responsável por gerar dor, estalidos, crepitação, zumbidos, fraqueza muscular, mas obviamente tudo dependendo da disfunção que o paciente possui. Em geral, vão causar dor e por afetarem diversas estruturas da face, podem gerar reflexos dolorosos em diversas regiões como: músculos da mastigação, podem causar cefaleia e até mesmo dores nas articulações. O que faz com que muitas pessoas confundam a origem da dor e não procurem um profissional para entender a origem e causa real? A dor crônica é uma das principais características da DTM, e muitos pacientes também reportam depressão e somatização.

Para tratar a DTM é preciso descobrir a sua causa, pois o tratamento depende muito do fator que desencadeia a disfunção. Por isso, o tratamento para cada condição clínica depende do diagnóstico e da extensão dos danos provocados, em que poderá requerer a atenção interdisciplinar (especialidades odontológicas) e também multiprofissional (psicólogo, fonoaudiólogo, médico reumatologista). A terapia para cada caso é focada em solucionar as causas e tratar as estruturas comprometidas por cada um dos problemas.

Um recurso muito utilizado no controle da dor nas várias fases do tratamento das DTMs é a laserterapia, assim como o agulhamento a seco, a termoterapia, e a estimulação elétrica para promover relaxamento muscular; a mudança de hábitos e melhora na rotina de sono, exercícios e alongamentos, controle do bruxismo com a placa oclusal, psicoterapia para controle dos problemas emocionais, e o tratamento das condições sistêmicas e/ou degenerativas, quando essas estão entre os fatores causais. Em alguns casos tratamentos mais invasivos podem ser indicados, como viscosuplementação, que consiste na injeção de uma substância terapêutica na ATM. Mas saiba que não existe fórmula mágica para tratar a DTM. Existe um tratamento feito para cada paciente, que visa devolver a ele sua qualidade de vida.

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Dra. Daniela Feu

Cirurgiã Dentista Graduada em Odontologia pela UFES. Especialista em Ortodontia pela UERJ. Mestre e Doutora em Ortodontista (UERJ). Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia (BBO). Diretora do Colégio de Diplomados do BBO. Editora associada da Revista Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO) e editora da Revista Clinical Orthodontics. @dani_feu