Equipe sustentável: a nova pegada corporativa

Foto de Andrea Camargo
Andrea Camargo

Moeda verde, energia limpa, carbono free… Há décadas iniciamos o movimento do “meio ambiente sustentável”, porque percebemos que as futuras gerações não conheceriam o mundo natural como conhecemos se nada fosse feito para mudarmos as intervenções do homem na natureza.

Empresas investem milhares de bilhões de dólares em políticas para preservar o meio ambiente. A Apple divulgou recentemente, em um anúncio de trinta minutos, que até 2030 será uma empresa carbono free; energia limpa; que vai eliminar todo o plástico usado nas embalagens; utilizará 100% de alumínio reciclável; trocará transporte terrestre por marítimo, reduzindo as emissões toxicas em 95% enfim, a promessa é que até 2030 a Apple produzirá seus produtos com impacto ZERO para o meio ambiente… (APPLE, 2023).

Alguns acham que toda essa história não passa de marketing, já que sabemos que os créditos de carbono, por exemplo, podem ser vendidos inclusive no mercado de bolsa de valores, em países em que já há a regulamentação desse produto (no Brasil ainda estamos no mercado voluntário, apesar de já termos aprovado a regulamentação na CMA (MENDES, 2023)). Sendo assim, o processo pode ser sujo e então ser “lavado” ao se comprar crédito alheio.

Para outros, de um jeito ou de outro, o fato de o mercado de crédito de carbono ser fomentado dessa forma já é um ganho para o meio ambiente, seja para ser utilizado pela própria empresa geradora, seja para ser comercializado.

Ocorre que todas as políticas para salvar o meio ambiente englobam ações de mudança de comportamento dos homens, o que claramente demonstra que se o ser humano for extinto do planeta Terra o meio ambiente prosperará perfeitamente.

O problema do meio ambiente são os seres humanos? Se a resposta para tal indagação for verdadeira, então por que não existe a ideia de “humanidade sustentável”?

Em seu sentido literal, o termo ‘sustentabilidade’ consiste na capacidade de sustentação de um sistema. O vocábulo latim ‘sustentare’, do qual o termo deriva, tem o significado de, suportar, conservar em bom estado.

Podemos correlacionar tal premissa com a ideia de mantermos os seres humanos em um bom estado mental, físico e emocional?

É claro que a ideia ideal seria trabalhar essa sustentabilidade globalmente, mas quando pensamos em grupos pequenos, possibilitamos um resultado mais tangível e real.

Assim, propomos aqui a análise do conceito de “equipe sustentável” (sustentable teams), que seria um grupo de colaboradores em um ambiente corporativo, onde fosse possível controlar as ações a serem empregadas no grupo e a medição desse resultado.

A titulação em “EQUIPE SUSTENTÁVEL” seria para aquela equipe que tivesse acesso a um determinado conhecimento e ferramentas que fossem suficientes para despertar neles o protagonismo, o crescimento pessoal e profissional do time.

Equipes sustentáveis são aquelas que recebem investimentos em seus, bem-estar, físicos, mentais e emocionais.

Para isso, são ofertadas ferramentas para desenvolver essas saúdes, como experiências de autocuidado, que reduzem os níveis de estresse e melhoram a qualidade de vida dos colaboradores, proporcionando um ambiente seguro e acolhedor (segurança psicológica), com acolhimento e confiança mútua entre times e lideranças, assim como senso de pertencimento, fazendo com que os colaboradores se sentem valorizados, reconhecidos e conectados com o propósito da organização.

Assim, tão ou mais importante que o meio ambiente sustentável é a existência de “equipes sustentáveis”, pois enquanto estamos há décadas querendo salvar o meio ambiente, desviamos os olhares do ser humano, que tem adoecido em progressão geométrica e daqui a pouco estará nos estertores de sua saúde mental, sem que os investimentos, ações e cuidados se voltem para eles.

Cento e noventa e quatro (194) Estados-membros da OMS assinaram o Plano de Ação Integral de Saúde Mental 2013-2030, que os compromete com metas globais para transformar a saúde mental, tamanha a importância do cuidado nessa área (OPAS, 2022). O mundo pós pandemia reconheceu mais fortemente necessidade.

O diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, recentemente deu uma declaração que reflete a preocupação crescente com os impactos da pandemia de COVID-19 na saúde mental das pessoas nas Américas e em todo o mundo. É inegável que a pandemia trouxe uma série de desafios emocionais, psicológicos e sociais, e a atenção à saúde mental se tornou uma questão crítica.

A fala de Jarbas destaca a importância de colocar a saúde mental no centro das agendas políticas e integrá-la a todos os setores e políticas, reconhecendo que os problemas de saúde mental afetam não apenas a saúde física, mas também a economia, a sociedade e o bem-estar geral das pessoas (OPAS, 2023).

Em resumo, a ideia de equipe sustentável envolve ações e políticas que visam proteger, conservar e preservar as relações humanas, garantindo que estas possam ser sãs, íntegras, prósperas, conscientes, verdadeiras, saudáveis, limpas e úteis.

Com um meio ambiente sustentável e equipes sustentáveis garantiremos um mundo sustentável para toda a humanidade.

LEIA TAMBÉM: Mounjaro pode substituir bariátrica? Especialistas respondem

Foto de Andrea Camargo

Andrea Camargo

Sócia fundadora da 4U – Startup de bem-estar físico e mental. Pós-Graduada em Neurociências e Comportamento pela PUC-RS. Doutoranda PUC SP. Master e Licenciada pela StarEdge dos cursos Avatar de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal no Brasil e nos EUA. Advogada Empresarial e Mestre em Garantias e Direitos Fundamentais. Prof. de cursos profissionalizantes sobre comportamento, empreendedorismo jurídico e inteligência emocional. @4uinteligenciaemocional