Escolha as batalhas com seu filho

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Psi. Renata Bedran

Falar “não” para os filhos é muito fácil. A maioria de nós faz isso o tempo todo com as crianças. Isso facilita bastante a vida do adulto, porque não precisamos dar maiores explicações. Mas isso é educar? A criança obedece por medo ou por respeito?

Antes de tudo, precisamos sempre considerar cada fase de desenvolvimento da criança para avaliar a melhor maneira de agir, lembrando que a curiosidade é algo natural e importante para o desenvolvimento. Também precisamos considerar que nossos filhos precisam passar por frustrações, desde que eles sejam acolhidos.

Lembro de uma vez que a minha filha estava brincando de “nadar” no chão e o avô dela queria que eu chamasse sua atenção. Mas eu pensei “por que ela não pode fazer isso se depois ela vai tomar banho e ficar limpa?”. Aquela brincadeira não faria mal nenhum a ela. Montessori fala que se a criança não está se machucando, não está machucando outra pessoa e nem a natureza, não tem motivo para proibir. É preciso escolher bem nossas batalhas!

Eu falo “não” e “não pode” para minha filha, somente quando necessário. E, por isso, ela nem questiona quando eu lhe dou uma resposta negativa, porque ela sabe que se eu disse que não pode, é porque tem um motivo justo. É importante se perguntar: “por que não?“ ou “por que não pode”, quando a criança pede alguma coisa ou faz alguma coisa que sai do padrão esperado pelo olhar julgador da sociedade que não está preparada para lidar a criatividade da criança e toda sua necessidade de movimento. Reflita e se questione, o que de tão sério ou tão grave pode acontecer, se ela continuar a fazer algo que nosso primeiro impulso é dizer para ela não fazer. É notável que as pessoas que foram criadas com a educação tradicional e perpetuam isso, tendem a querer corrigir os filhos a todo o momento, como se buscassem uma perfeição.

Devemos ter em mente, quais são nossos valores, para saber em quais batalhas entraremos com nossos filhos. Para algumas pessoas, por exemplo, não é o fim do mundo, se filho chega em dormindo de um aniversário, não o acordar para tomar banho. Para essas pessoas, é preferível evitar a fadiga de acordar uma criança. Para elas, não tem problema se uma noite a criança dormir sem tomar banho e sim ser limpa com lenço umedecido.

Temos que ter em mente que a criança não precisa fazer tudo que a gente quer, na hora que a gente quer. A frustração em excesso é muito ruim. Se for necessário falar “não” para a criança, deve ser feito com acolhimento para que ela não sinta medo e abandono. Assim, seu filho vai respeitar porque entendeu e sabe que aquilo não é bom.

E no seu caso, de quais batalhas você pode abrir mão?

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran