“Eu preferia estar morto”: conheça frases que representam um alertar ao suicídio

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Dra. Alice Sarcinelli

Suicídio é um problema de saúde pública mundial. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, no ano de 2020, o estado registrou 2.377 casos de lesões autoprovocadas. Em 2021, de janeiro a agosto, foram 1.752 notificações pela mesma causa. De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), ocorreram 231 óbitos por suicídio no Estado em 2020. Isso representa uma taxa de 5,63 óbitos por 100 mil habitantes. Já de janeiro a agosto deste ano, foram 71 óbitos. A taxa de janeiro a julho é de 2,42 por 100 mil habitantes.

Suicídio tem prevenção, e o conhecimento tanto da população quanto dos profissionais de saúde é fundamental. O Ministério da Saúde publicou em 2006 as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio e lançou um Manual Estratégico Nacional de Prevenção do Suicídio dirigido a profissionais das equipes de saúde mental, fonte das informações trazidas na coluna de hoje.

Em 2011 foi instituída a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo ofertado o cuidado em saúde mental por todos os pontos da RAPS, que prevê a articulação desde Atenção Básica: Equipe de Saúde da família (ESF), Unidade Básicas de Saúde (UBS), Centro de Convivência, Consultório na Rua, Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) até a Atenção Hospitalar e serviços de urgência e emergência (UPA 24h, SAMU 192), sob a coordenação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo®. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.

De acordo com o Manual do Ministério da Saúde, os principais fatores de risco para o suicídio são história de tentativa de suicídio e transtorno mental. Algumas frases representam um alerta: “Eu preferia estar morto”. “Eu não posso fazer nada”. “Eu não aguento mais”. “Eu sou um perdedor e um peso pros outros”. “Os outros vão ser mais felizes sem mim”. E algumas Ideias sobre suicídio podem levar o profissional e demais pessoas ao erro: “Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir o
paciente a isso.” – Questionar sobre ideias de suicídio, fazendo-o de modo sensato e franco, aumenta o vínculo com o paciente. Este se sente acolhido por um profissional cuidadoso, que se interessa pela extensão de seu sofrimento. “Ele está ameaçando suicídio apenas para manipular.” – A ameaça de suicídio sempre deve ser levada a sério. Chegar a esse tipo de recurso indica que a pessoa está sofrendo e necessita de ajuda.

Onde buscar ajuda para prevenir o suicídio? Nos CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde); nas UPAs 24H, SAMU 192, Proto Socorro; nos Hospitais e nos Centros de Valorização da Vida CVV – 188. O realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e VoIP 24 horas todos os dias. As ligações para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, são gratuitas a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype e e-mail.

Você também pode ajudar se tornando um voluntário do CVV, doando seu tempo e sua atenção para quem deseja conversar com outra pessoa de forma anônima, sigilosa e sem julgamentos ou críticas. Se você tem mais de 18 anos de idade, pelo menos quatro horas disponíveis por semana e vontade de ajudar pessoas, você pode ser um plantonista do Programa de Apoio Emocional do CVV. Para isto, você precisa participar de um curso gratuito de preparação de voluntários, em uma de nossas sedes ou no ambiente virtual. As principais frentes de atuação do plantonista são o atendimento por telefone, voip e chat. Para se cadastrar e participar gratuitamente do curso presencial ou virtualmente.

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Dra. Alice Sarcinelli

Cirurgiã Dentista. Odontopediatra. Mestre em Saúde Pública. Doutora em Odontologia/Odontopediatria. Professora da Universidade Federal do Espírito Santo e Gestora do Centro Médico Shopping Vitória. @draalicesarcinelli