Felicidade e prazer. Você sabe a diferença?

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Amanda de Andrade Zanotto

Felicidade e prazer são constantemente confundidos. E é justamente essa confusão que muitas vezes nos leva a manter práticas que sabemos não serem benéficas a longo prazo, mas que esperamos que elas nos façam felizes. Assim, agimos como se a busca constante por prazer pudesse ser o caminho da felicidade.

Mas por qual razão isso acontece?

Nosso cérebro tem uma característica específica chamada habituação que faz com que a resposta a qualquer estímulo diminua à medida em que o repetimos, até que essa resposta se torne inócua, ou seja, praticamente zero.

Todas as vezes que experimentamos pela primeira vez alguma sensação de prazer ocorre uma descarga de neurotransmissores que gera em nosso corpo um êxtase intenso e assim, naturalmente, sentimos cada vez mais necessidade de repetir esse processo buscando incansavelmente a sensação inicial.

Porém, o prazer que sentimos inicialmente jamais será o mesmo se tornando, pela habituação do cérebro, menor a cada nova tentativa.

Sendo assim, podemos concluir que o prazer está neurofisiologicamente fadado a ser LIMITADO. Ao contrário da felicidade que , muito embora não tenha uma definição objetiva, é entendida de forma geral como sendo um estado duradouro de plenitude e equilíbrio do ser.

Quanto mais sustentamos a ideia de que prazer é sinônimo de felicidade, mais estaremos perto da frustração e do vazio da alma. Se analisarmos a fundo nossos comportamentos compulsivos veremos que os mesmos, na maioria das vezes, são reflexos de emoções que não foram devidamente gerenciadas ao longo de nossas vidas…

● Quantas vezes você exagerou na comida ou na bebida na busca por aliviar alguma sensação ruim?

● Quantas vezes você deixou de praticar exercícios físicos, mesmo tendo uma meta clara para perder peso, porque dormir era mais satisfatório?

● Quantas vezes compramos algum ítem que não precisamos ou que irá comprometer drasticamente nossas finanças apenas para curar momentaneamente alguma dor que nos recusamos a enfrentar?

Ao deixar que essas situações aconteçam, estamos reféns do ciclo prazer e recompensa, agindo como marionetes dos nossos impulsos e nos afastando cada vez mais da verdadeira felicidade. O prazer é visceral e momentâneo, a felicidade é etérea. O prazer está em receber, a felicidade no dar.

O prazer é individual, a felicidade se compartilha. O prazer pode estar, inclusive, na dor e no sofrimento alheio para alguns. A felicidade não carrega, sob nenhuma hipótese, essa triste característica. Percebeu a diferença?

Mas de forma alguma estamos dizendo que ter prazer é sempre ruim ou condenável. Nem pensar! Permitir-se desfrutar de prazeres ao longo da vida é fundamental e maravilhoso! Um carro novo, um jantar sofisticado, uma casa dos sonhos…

Todos nós queremos e devemos traçar metas para alcançar alguns prazeres. Isso faz parte da existência humana. O problema aqui reside exclusivamente no desequilíbrio. Temos que ter a clareza de que ações desenfreadas na busca por prazeres momentâneos não nos levam à verdadeira felicidade, pelo contrário, nos afastam dela, apesar da nossa sociedade querer a todo tempo nos vender uma ideia completamente oposta.

Precisamos ter consciência sobre nossas escolhas e suas consequências, sabermos discernir o que exatamente estamos buscando e aonde queremos chegar com nossas ações constitui um passo importante em direção a um estado real de plenitude e senso de realização , sensações estas cada vez mais raras no mundo moderno.

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Amanda de Andrade Zanotto

Advogada. Sócia fundadora da 4U - Startup de bem-estar físico e mental. Mestre e facilitadora dos cursos Avatar de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal no Brasil e nos EUA desde 2010. Pós graduanda em Neurociência e comportamento pela PUC/RS. @4useumelhorpresente