Freio na língua: quando devemos operar?

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Dra. Martha Salim

Muito tem se falado sobre o freio lingual, em especial em bebês. Entretanto, essa estrutura pode ter sua indicação de cirurgia ao longo da vida, por isso torna-se tão importante avaliar cada paciente em sua fase e diagnosticar se o procedimento será necessário. Ainda existem muitas dúvidas sobre esse tema. Diante disso, torna-se muito importante abordarmos em detalhes.

O que é o freio na língua?

O freio da língua é uma estrutura que conecta a língua ao assoalho da boca e é comum que todas as pessoas o possuam, entretanto quando alterada pode acarretar problemas ao paciente. Nos bebês, a língua deve estar em posição adequada e acoplada ao palato pois além da função de sucção e auxílio à amamentação, ela estimula o crescimento da maxila, amolda a formação do palato e melhora a postura da boca na respiração.

No nascimento muito tem sido visto dos problemas que podem causar durante a amamentação, com fissuras, muita dor, depressão, bebês ansiosos e com crises de choro, mamadas ineficientes, com longa duração, sem ganho de peso adequado e engasgos, que podem indicar a necessidade de intervenção fonoaudiológica e odontológica precoce.

Na fase do desenvolvimento da comunicação oral da criança, por volta dos 2 a 6 anos de idade, a presença de freio lingual alterado pode ser causa de alterações na fala em crianças. Mas além da cirurgia, o acompanhamento fonoaudiológico é fundamental.

O freio lingual mal posicionado pode até mesmo estar relacionado a problemas respiratórios no adulto, como a apneia obstrutiva do sono, sendo uma das possíveis causas que colaboram com a posição alterada da língua durante o sono. Durante a noite de sono a presença de freio com inserção alterada deixa a língua em uma posição mais inferior e posterior da boca, potencializando possíveis obstruções mecânicas da língua na orofaringe.

Muitos estudos científicos mostram que a frenotomia, quando indicada para esses casos, auxilia no tratamento da apneia obstrutiva do sono, seja pelo uso do aparelho intraoral ou o CPAP. O tratamento cirúrgico do freio lingual é coadjuvante ao tratamento da apneia do sono.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico e o tratamento devem ser realizados após avaliação adequada. É necessário o envolvimento de diversos profissionais, como: pediatra, odontopediatra, fonoaudiólogo, osteopata e consultores de amamentação, pois a indicação de tratamento clínico ou cirúrgico (frenotomia) dependerá não apenas da anatomia do freio lingual mas da perda de função e comprometimento do paciente.

Para os casos nos quais a cirurgia está indicada, torna-se importante avaliar cuidadosamente o melhor momento para ser realizado para que esse procedimento aconteça com segurança.

Assim sendo, quando existe a necessidade da cirurgia de frenotomia, existem mais vantagens em que seja usado o laser de alta potência. A cirurgia a laser tem um pós-operatório significativamente menos doloroso comparada a cirurgia convencional, a incisão a laser no tecido mole é mais preciso e apresenta menos riscos de hemorragia, e possibilita reabilitação miofuncional mais precoce.

Além disso, a cirurgia a laser apresenta melhor aceitação por apresentar tempo de cirurgia mais curto, a não necessidade de sutura, uma melhor recuperação no pós-cirúrgico. Se você através do auto exame diagnosticou que possui um freio da língua “ preso” procure um especialista para avaliar se existe indicação cirúrgica.

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Dra. Martha Salim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP); Mestrado em Patologia Bucodental (UFF); Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ); Capacitação em Odontologia Do Sono; Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso; Graduação em Odontologia (UFES); Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS). Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim