Gerenciamento de tempo e qualidade de vida. Qual a relação?

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Amanda de Andrade Zanotto

Provavelmente você já deve ter sentido na pele as dimensões do tempo, seja a sensação de um tempo que nunca passa quando se está diante do tédio ou seja o tempo passando muito rápido quando estamos vivenciando momentos de prazer que não queremos que acabe.

Muito embora exista uma tentativa coletiva em afirmar que o tempo não existe, ele possui marcações tão objetivas e tão importantes que é impossível ignorar a sua presença e imprescindível aprender como administrá-lo. Não é de hoje que o homem tenta “capturar” ou até mesmo definir o tempo, todavia essas tentativas parecem continuar seguindo a lógica das palavras de Santo Agostinho que sabiamente dissertou:

“O que é, portanto, o tempo? Se ninguém me pergunta eu sei, se eu quero explicá-lo a quem me pergunta, já não sei mais…”.

A questão do tempo pode ser abordada por inúmeros aspectos: social, histórico ou filosófico. Nossa proposta aqui é basicamente refletir sobre o processo de administração e gerenciamento do nosso tempo tendo em vista a busca incessante por produtividade, desempenho e performance.

Nesse contexto atual parece urgente e necessário repensar nossos processos de gerenciamento de tempo de forma mais consciente aliando produtividade, desempenho e performance com bem-estar e saúde.

Vivemos um momento de tempo acelerado em que o tempo de lazer se confunde com o tempo de consumo, onde há um mundo de tecnologia que aproxima as pessoas, mas que também as fazem cada vez mais sozinhas. Você já parou para pensar sobre isso? Estamos necessitando de cada vez mais tempo e nunca temos tempo suficiente! Considerando que o tempo não nos pertence e que tampouco podemos controlá-lo, como lidar com essa realidade?

É justamente esse, o ponto da nossa reflexão. Christian Barbosa um dos maiores especialistas brasileiros em produtividade afirma que: “Deveríamos chamar a administração de tempo de administração de vida”.

Isso significa dizer que, como não podemos parar nem controlar o tempo, é uma questão de sanidade e saúde priorizar aquilo que realmente queremos e o que é realmente importante. Se não estabelecermos prioridades alguém fatalmente irá estabelecer para nós, se não escolhermos qual caminho queremos seguir estaremos fadados a viver para atender as expectativas dos outros.

Precisamos nos abrir para essa nova consciência inclusive ressignificando conceitos. O que é ser produtivo para você? O que é desempenho? O que é alta performance? Quantas vezes entramos nesse ritmo frenético de produção absorvendo infinitas demandas das quais sabemos que muito provavelmente não temos condição de dar conta ou nos iludimos achando que sempre podemos conseguir mais uma brecha na agenda lotada apenas para nos validar como profissionais competentes ou pessoas admiráveis?

Ou apenas exclusivamente para atender a expectativa de terceiros não sabendo dizer não? É graças a esse movimento inconsciente que estamos vivenciando uma epidemia cada vez mais crescente de estresse, ansiedade e burnout.

E é a partir da necessidade de reflexão sobre essa realidade que surgem ideias como as do essencialismo. Greg McKeown estrategista de negócios e autor do best seller de mesmo nome afirma que: “Só quando nos permitimos parar de tentar fazer tudo e deixar de dizer sim a todos, é que conseguimos oferecer nossa contribuição máxima aquilo que realmente importa.”

A mentalidade básica do essencialismo é a escolha individual e consciente, o que realmente importa para você? Nos sentimos extremamente livres quando temos a consciência de que é possível eliminar aquilo que não é essencial.

Essa liberdade repercute na nossa carreira, saúde e relações sociais. Muitas vezes o “não” é exatamente o que abre espaço para que eu diga sim àquilo que é realmente importante para mim.

O ritmo frenético em que vivemos faz com que muitas vezes deixemos de lado nossa essência e não demora muito para que os sinais deste “abandono” apareçam no corpo. A produtividade deve sempre estar associada ao equilíbrio, crenças como as de que o ócio é uma coisa negativa ou que tempo é dinheiro devem ser ressignificadas.

Agir sob essa ótica só aumenta nosso sentimento de insuficiência nos privando de desfrutar de momentos de lazer tão essenciais para o bem-estar físico e mental. Precisamos ter em mente que o que garante a produtividade não é somente o trabalho. Somos seres integrais, e para externarmos nosso potencial máximo é preciso haver descanso, sono de qualidade, boa alimentação e atividade física.

Por isso é tão importante gerenciarmos nosso tempo. Sem administração de tempo e escolha de prioridades dificilmente conseguiremos externar nosso melhor, além de, desenvolvermos condições incapacitantes como estresse, ansiedade, depressão, e burnout.

Gerenciar seu tempo com consciência é questão de saúde, é o segredo não só para aumentar a performance mas principalmente para melhorar a sua qualidade de vida, invista nessa habilidade sem perder tempo!

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Amanda de Andrade Zanotto

Advogada. Sócia fundadora da 4U - Startup de bem-estar físico e mental. Mestre e facilitadora dos cursos Avatar de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal no Brasil e nos EUA desde 2010. Pós graduanda em Neurociência e comportamento pela PUC/RS. @4useumelhorpresente