Idosos devem fazer tratamento ortodôntico?

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Dra. Daniela Feu

O atendimento odontológico geriátrico é um processo multidisciplinar que deve atender o idoso nos aspectos médico, odontológico, psicológico, social e funcional, em buscar de mantê-lo em sua plena capacidade e autonomia pelo maior período de tempo possível. No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, os cuidados específicos da população idosa ainda são deficientes. O ideal na terceira idade é manter o maior número possível de dentes sadios e íntegros nas arcadas dentárias, em equilíbrio oclusal, funcional e estético.

As especialidades odontológicas que podem frequentemente ajudar os idosos a envelhecer da forma mais saudável e com melhor qualidade de vida estão a Ortodontia, a Periodontia, a Prótese e a Implantodontia. A qualidade de vida é um conceito multidimensional amplo e um dos parâmetros mais importantes para avaliar terapias porque analisa os diversos impactos das doenças e de seus tratamentos na saúde sob a ótica mais importante: a do próprio paciente. Logo, é considerada um componente essencial para avaliar os resultados dos cuidados em saúde, inclusive em programas de saúde pública. A saúde bucal e as principais demandas de tratamento também vêm se modificando em função do aumento da expectativa de vida, do crescimento da população e do acesso à informação e a tratamentos odontológicos.

O edentulismo (perda de dentes) parcial ou total (perda de todos os dentes da boca) possui elevada prevalência na população idosa mundial. Exerce impactos muito negativos na estética dentofacial, na autoimagem (forma que o indivíduo se vê), e principalmente, nas funções orais de fala e mastigação. Portanto, é preciso levar em consideração os fatores psicológicos que envolvem os indivíduos que perderam seus dentes, dando atenção aos danos psíquicos e sociais que envolvem esta situação e que nem sempre são verbalizados claramente aos profissionais de saúde.

Devido aos muitos impactos negativos e desvantagens sociais, os idosos têm cada vez optado por outras soluções para a correção do edentulismo, principalmente a reabilitação com implantes, mas, para que isso possa acontecer, cada vez mais tem sido necessária a realização de tratamentos ortodônticos prévios em indivíduos idosos com edentulismo parcial, para ajustar espaços, corrigir inclinações dos outros dentes remanescentes ou ainda melhorar a qualidade do osso e assim adequar os dentes remanescentes e distribuir espaços para a reabilitação oral. Desse modo, os idosos estão se beneficiando dos avanços na educação e tecnologia odontológica que os tornam mais conscientes de como a qualidade de vida de sua saúde bucal afeta o desejo de manter a eficiência funcional e a estética até o final da vida. Para muitos, perda dentária não é mais considerada uma consequência aceitável do envelhecimento e a Ortodontia é uma grande aliada nesse sentido!

Os motivos que levam os pacientes idosos a procurarem o tratamento ortodôntico são diferentes dos de pacientes jovens e/ou adultos. A maioria procura tratamento primário porque quer melhorar a aparência, outros porque querem melhorar a eficiência mastigatória, preparar espaços para a instalação de implantes osseointegrados para reabilitações e corrigir o edentulismo sem o uso de proteses removíveis, auxiliar na resolução de dores ou disfunções temporomandibulares, ou ainda para auxiliar no tratamento de problemas psicológicos. Aqueles que têm dor/disfunção miofascial podem se beneficiar da melhora das relações interoclusais, embora as evidências sejam limitadas. O fato conclusivo é que o tratamento de pacientes idosos geralmente é multidisciplinar, e hoje em dia já se sabe que, se as condições gerais de saúde forem boas, não existe contra-indicação para fazer um tratamento ortodôntico. Ou seja, se o idoso deseja ter um sorriso mais harmônico, melhorar sua estética ou a função mastigatória, não tem mais porque adiar. Até porque as opções estão se tornando cada dia mais estéticas, confortáveis e indicadas para eles!

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Dra. Daniela Feu

Cirurgiã Dentista Graduada em Odontologia pela UFES. Especialista em Ortodontia pela UERJ. Mestre e Doutora em Ortodontista (UERJ). Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia (BBO). Diretora do Colégio de Diplomados do BBO. Editora associada da Revista Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO) e editora da Revista Clinical Orthodontics. @dani_feu