Lavagem nasal: saiba os riscos, benefícios e como fazer

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Dr. Giulliano Luchi

Há muito tempo, médicos recomendam a instalação de soro fisiológico nas fossas nasais, como medida auxiliar de tratamento dos quadros respiratórios superiores, quando há obstrução nasal, secreção nasal aumentada ou queixas alérgicas nasais, como por exemplo, os espirros em crises.

Várias são as formas de realizarmos a lavagem nasal com soro fisiológico, entre elas, a utilização de conta-gotas, seringas, dispositivos de spray nasal, que podem ter baixa ou alta pressão e pequeno ou grande volume. Podemos também, simplesmente, colocar soro fisiológico na mão em forma de concha e aspirar o mesmo, para dentro das fossas nasais.

Os procedimentos de lavagem das fossas nasais deve ser realizado com solução isotônica, ou seja, a mesma concentração do soro fisiológico. Pode também ser utilizados sachês, com preparados em pó, que podem ser misturados em água, para realizar a lavagem nasal.

Quando utilizamos esses sachês para misturar com água, preferencialmente deve-se utilizar água mineral, pois a água da torneira tem altas concentrações de flúor e cloro, que podem irritar a mucosa nasal. Caso formos utilizar água da torneira, é importante ferver ou filtrá-la.
A lavagem nasal pode ser feita diariamente, independente de estarmos ou não na vigência de um quadro respiratório superior. Ela traz muitos benefícios, como por exemplo, a limpeza mecânica de partículas em suspensão no ar, que podem ficar aderidas na mucosa, a ativação do batimento ciliar da via aérea superior e a hidratação da mucosa nasal.

Pode contribuir também para diminuição do edema da mucosa nasal, durante um quadro inflamatório ou infeccioso e, dessa maneira, aliviar a obstrução nasal.

A maneira correta de fazer a lavagem nasal é utilizarmos a solução na temperatura mais próxima do corpo humano, ou seja entre 36 e 40° e direcionar o seu jato para a parede lateral nasal. A maneira mais fácil de fazermos o direcionamento correto é fazer o jato na direção do olho do mesmo lado que estamos instilando a solução.

Durante a lavagem, podemos ou não fazer movimento de inspiração, de maneira que a solução vá para as camadas mais profundas. Também podemos ou não fazer o movimento com o céu da boca, como se fôssemos falar a letra Q, para bloquear a parte posterior da fossa nasal, de maneira que a solução não vá para a garganta. Devemos, sempre, ter extremo cuidado para não engasgar com a solução que vai da fossa nasal para a garganta.

Medidas corretas para lavagem nasal:
– Utilizar a solução adequada;
– Temperatura correta da solução;
– Dispositivo apropriado;
– Direção correta do jato;
– Posição correta da cabeça;
– Pressão adequada do jato;
– Cuidado para não engasgar.

Alguns problemas podem surgir se fizermos a lavagem nasal de maneira inadequada como, por exemplo, sinusites e otites, além de sangramento nasal, quando utilizamos algum dispositivo que possa fazer pequenos ferimentos próximos a entrada da fossa nasal.

Portanto, devemos utilizar dispositivo adequado, com cuidado para não haver ferimentos no interior da fossa nasal, solução adequada, em temperatura adequada, na direção correta e pressão e volumes adequados. Temos que ter especial atenção nos dispositivos de alto volume, que são as garrafinhas flexíveis com bicos próprios, que se adaptam a fossa nasal.

Nesses dispositivos, não podemos utilizar alta pressão, ou seja, devemos apertar suavemente as paredes da garrafinha, para que a solução entre no nariz devagar e sem pressão. Esses dispositivos tem como objetivo o grande volume e não a alta pressão. Portanto, nesses casos, a solução deve fluir para interior da fossa nasal de maneira suave.

Nas redes sociais é possível vermos inúmeros vídeos que mostram a solução entrando por uma fossa nasal e saindo pela outra, trazendo consigo grandes volumes de secreção catarral ou mucoide. Essa situação não é o objetivo da lavagem nasal, ou seja, não há necessidade de saída da secreção catarral para que a lavagem seja efetiva. Muitas pessoas cometem o erro de, na intenção de retirar grande quantidade de secreção, fazer a lavagem com alta pressão, apertando com força a parede das garrafinhas de alto volume.

A instilação de solução isotônica é uma medida muito importante na manutenção da fisiologia nasal e paranasal e da saúde da via aérea superior e uma ótima medida de tratamento, nos quadros patológicos respiratórios.

A sua realização diária deve ser estimulada, principalmente nas populações urbanas, que respiram diariamente muitas partículas em suspensão no ar. Porém, devemos estar atentos aos cuidados e à maneira correta de realizar a lavagem nasal, para evitar que ela traga algumas situações indesejadas e problemas para nossa via aérea superior.

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Dr. Giulliano Luchi

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi