Loucura tem cura? A saúde mental e a importância do diagnóstico

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Angela Camargo

Você certamente já ouviu o ditado popular: de médico e louco todo mundo tem um pouco! E há alguns que acrescentam “e psicopata também”. Na televisão, jornais e mídia em geral, existem casos “de sucesso” que contam histórias reais de criminosos e logo as pessoas os associam aos psicopatas, devido ao grande interesse pelo assunto.

Mas, saindo das telinhas este assunto deve ser tratado com grande cautela. Estudos de casos surgiram no século XIX dentro da medicina legal com a percepção de pacientes que apresentavam sinais clássicos de irritabilidade, mas sem sintomas de transtornos já conhecidos.

O médico francês Philippe Pinel referia-se a esses pacientes como indivíduos com mania sem delírio. Entenderam agora de onde veio o nome “pinel”? Então a loucura, psicopatia são transtornos que precisam ser diagnosticados.

Mas, como saber quem tem esses sintomas? Qualquer pessoa conseguiria fazer esse diagnóstico? Bom, os registros da medicina afirmam que foi apenas em 1941 o conceito de psicopatia se estabeleceu, primeiramente com uma listagem de sintomas deste transtorno e mais tarde com uma Escala Hare de Robert Hare que é um checklist de verificação para psicopatia com 20 critérios.

E, assim como outros transtornos para ser fechado o diagnóstico é algo que tem como análise diversos aspectos, tanto físicos, comportamentais como psicológicos. O psicólogo britânico, Adrian Raine passou quatro anos em duas prisões de alta segurança na Inglaterra, trabalhando como psicólogo penitenciário e foi o primeiro cientista a usar neuroimagem para estudar o cérebro de assassinos.

Ele aborda formas de mudar o funcionamento neuroquímico e biológico do cérebro para reduzir o crime. Para o médico, poderíamos usar a medicação para reduzir o comportamento antissocial e agressivo não apenas em adultos, mas também em crianças.

E isso já está sendo feito. Existem muitos estudos de comportamento antissocial e agressivo em crianças e o uso de medicação para reduzir a agressividade. Mas, esse assunto deve ser tratado com muita cautela. Hoje já existem estudos na medicina que comprovam que existem fatores genéticos que contribuem para o desenvolvimento do transtorno e muitos outros acontecimentos na vida de uma pessoa para resultar num diagnóstico fechado.

Sendo essa premissa verdadeira, o conhecimento dos aspectos sociais pode gerar em uma diminuição do desenvolvimento ou até impedir de alguém se tornar um psicopata? Bem, se fôssemos considerar o comportamento agressivo e antissocial desses indivíduos existem sim alguns fatores que contribuem para seu desenvolvimento que podemos desde já analisar.

Para o psicólogo Adrian Raine a má educação parental é um fator de risco social importante para crimes e violência posteriores. Isso significa que a infância e adolescência de uma pessoa são fases de fundamental importância e que contribuem para o desenvolvimento ou não dos transtornos psicológicos ao longo da vida.

Ele cita também que a falta de sono também pode estar associada ao comportamento agressivo. Ou seja, muito começa na infância… Verificando através de um diagnóstico clínico a presença deste transtorno devem ser realizadas ações para contribuir com a melhora do quadro geral.

O professor e médico propõe a terapia cognitivo-comportamental por ser uma intervenção psicológica bem documentada em ajudar crianças com comportamento antissocial e agressivo, sendo seu efeito muito bom e significativo. A terapia cognitivo- comportamental, segundo o psicólogo, como um tratamento psicológico, ainda é uma das melhores intervenções para comportamentos delinquentes e antissocial e agressivo.

Outra abordagem que se pode adotar medicamento antipsicótico atípico como sendo também eficaz em reduzir o comportamento agressivo em crianças e adolescentes, além de outros tipos de medicamentos.

Também está sendo estudado a redução da testosterona, pois, o aumento do comportamento agressivo está associado ao aumento da testosterona, também por isso os homens estão mais suscetíveis a desenvolver esse transtorno. Os resultados dos estudos apresentados pelo professor certamente sugerem que, se forem reduzidos os níveis de testosterona, reduzirá a reincidência, repetidamente, por crimes sexuais.

Assim, ele sugere a castração química, que consiste em tomar remédios para reduzir a testosterona, e é uma possibilidade para esse resultado ser detectado, apesar de ainda ser um tema polêmico.

O professor afirma que os genes são responsáveis por cerca de 50% de toda a variação entre nós no quão antissociais somos, assim como os genes interagem com o ambiente na formação do comportamento antissocial, apesar de ainda não se saber quais genes estão envolvidos, estando as essas pesquisas no estágio inicial, chegaremos no dia em que saberemos quais genes específicos predispõem a um comportamento antissocial.

Podemos concluir que como os fatores sociais já foram comprovados como facilitadores deste comportamento podemos evitar que eles aconteçam, seja através de políticas públicas que diminuam seu desenvolvimento ou os evite, seja agindo pontualmente nesses casos, o que põe a intervenção da família como fundamental para detectar e ajudar para que essas pessoas recebam o correto diagnóstico e consequente tratamento.

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Angela Camargo

Sócia fundadora da 4U – Startup de bem-estar físico e mental. Pós-Graduada em Neurociências e Comportamento pela PUC-RS. Doutoranda pela PUC SP. Master e Licenciada pela StarEdge dos cursos Avatar de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal no Brasil e nos EUA. Advogada Tributarista e Mestre em Garantias e Direitos Fundamentais. Prof. de cursos profissionalizantes sobre comportamento, empreendedorismo jurídico e inteligência emocional. @4uinteligenciaemocional