Meu filho(a) bateu com o queixo: o que pode acontecer?

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Dra. Martha Salim

Crianças adoram piscina, praia, esportes e principalmente muitas brincadeiras… Mas com certeza, a preocupação maior dos pais é que a criança não sofra nenhum tipo de traumatismo. Escorregar e sofrer queda praticando esportes, correndo ao redor da piscina ou brincando é algo muito frequente.

No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, as quedas são a principal causa de internação de crianças até 14 anos. Os traumas na face são com certeza muito frequentes e a região do queixo muitas vezes sobre um impacto direto sem algum tipo de proteção.

Mas o que pode acarretar esses traumatismos no mento ou “queixo”?

Os ossos das crianças são mais “porosos” e absorvem mais o impacto tendo menos chances de fratura quando comparados aos adultos e idosos.

Entretanto os traumas na face em especial no queixo merecem uma atenção especial. O trauma no mento pode ocasionar traumas secundários nos dentes como avulsões, intrusões ou fraturas que mereçam tratamentos imediatos. Muitas vezes estão associados a feridas que precisam ser suturas e merecem todos os cuidados em relação a infecção e tétano.

Mas o traumatismo no queixo pode levar a lesão de uma área mais distante da região do trauma: os côndilos mandibulares. Os côndilos mandibulares formam a articulação temporo-mandibular responsável pela movimentação da mandíbula durante a fala, mastigação e deglutição e nas crianças é um dos principais centros de crescimento.

A força da queda pode se dissipar pela mandíbula e causar uma fratura nos côndilos mandibulares, contusões ou hemorragias na articulação. Esses traumas podem causar problemas no crescimento e desenvolvimento da face.

Por isso se após uma queda seu filho (a) apresentar dificuldade de abrir a boca, desvios da mandíbula durante a abertura, mudança do encaixe normal dos dentes, é importante fazer uma avaliação clínica e realizar exames complementares.

Mesmo nos casos em que uma fratura não é diagnosticada no momento do trauma é importante que a família fique atenta ao crescimento da criança e sinais como assimetrias, desvios do queixo com o crescimento da face ou limitação progressiva da abertura bucal, devem ser sinais de alerta.

O profissional especialista em cirurgia bucomaxilofacial seve ser procurado o quanto antes.

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Dra. Martha Salim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP); Mestrado em Patologia Bucodental (UFF); Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ); Capacitação em Odontologia Do Sono; Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso; Graduação em Odontologia (UFES); Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS). Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim