Mudanças climáticas e doenças transmitidas por mosquitos; entenda a relação

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Dr. Antonio Carlos Pacheco Filho

Ultimamente, vivenciamos e sentimos “na pele” temperaturas muito elevadas e o alto volume de chuvas. A discussão sobre o aumento da temperatura em decorrência de várias iatrogenias ecológicas e ambientais não é novidade, os debates “acalorados” já fazem parte do cenário mundial. Em Vitória, no Espírito Santo, as temperaturas bateram a casa dos 40 graus Celsius nas últimas semanas, gerando desconfortos e desequilíbrios no ambiente.

Períodos de temperaturas exorbitantes, chuvas volumosas, despejos sem precedentes de resíduos nas ruas- sem bios(segurança)- e meios naturais invadidos com intensidade voraz, descaso e descuido são fatores perigosos e tornam-se potencialmente agressivos, desencadeando rapidamente as condições necessárias para a replicação dos insetos vetores-transmissores- e dos agentes patogênicos (causadores de doenças). Animais sinantrópicos adaptam-se muito bem ao nosso estilo de vida, com abrigo, água e alimentos e já relatamos e discutimos sobre as arboviroses (arbovírus), isto é, vírus transmitidos por artrópodes.

Neste início de março de 2024, algumas notícias me deixaram mais preocupado, como se não tivéssemos preocupações com doenças, desastres e vetores. Não são as notícias sobre as recorrentes e destrutivas virais como dengue, zika, chikungunya ou febre amarela, mas sim sobre a febre Oropouche, endêmica de algumas regiões tropicais da América Central e do Sul. Um morador do RJ foi diagnosticado com a doença, mas se suspeita de que tenha trazido da viagem ao Amazonas.

O vírus Oropouche (OROV) é transmitido por um inseto vetor (mosquito), o Culicoides paraenses, popularmente conhecido como maruim ou borrachudo, causando sintomas como febre aguda e, eventualmente, quadros de meningite. E quando falamos em mosquito, países tropicais-como o Brasil- oferecem condições especiais para a reprodução desses animais alados, gerando problemas sérios de saúde pública.

Os padrões de temperatura e clima estão mudando. Os gases poluentes do efeito estufa estão retendo cada vez mais calor, deixando o planeta, consequentemente, mais aquecido. Essa situação ou esse contexto nos traz impactos significativos nos ecossistemas e, principalmente, nas relações entre os seres vivos e entre os seres vivos e os recursos naturais. Os mosquitos necessitam de água para a reprodução, para o fechamento de seu ciclo de vida. Temperaturas elevadas propiciam o trabalho metabólico deles.

O que devemos fazer ou continuar fazendo diante dessa realidade?

Diminuir de alguma forma ou até mesmo controlar a emissão excessiva de gases do efeito estufa, reduzindo a queima de combustíveis fósseis, queimadas, desmatamentos e outras atividades poluidoras.

Reforçar as práticas em educação e saúde urgentemente. Fechar recipientes, caixas, potes etc para não acumularem água, jogar os resíduos corretamente acondicionados, trabalhar solidariamente aos profissionais da Vigilância entre outras são medidas de saúde com abrangência coletiva.

Proteger as residências em áreas com infestação de mosquitos ou outros insetos voadores com redes de malha fina nas portas e janelas.
Aumentar o reforço preventivo com o uso das vacinas. Quando não vacinada, além das medidas de educação em saúde, a população deve recorrer ao uso de repelentes de mosquitos em geral aprovados pelos órgãos competentes de saúde.

Os avisos estão sendo colocados como “gritos de alerta”, mais angustiantes, tristes e em até certo ponto, mais agressivos e devastadores. Os vetores já estão muito bem adaptados e alimentados voando pelos cantos do mundo. Teremos mais novidades por aí?

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Dr. Antonio Carlos Pacheco Filho

Biólogo, Bacharel em Direito e Doutor em Odontologia Preventiva e Social. @dr_antonio_pacheco