O tratamento ortodôntico e o conforto do paciente idoso

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Dra. Daniela Feu

Embora os aparelhos fixos atuais sejam confortáveis e estéticos, existe ainda um preconceito por parte dos pacientes adultos e idosos em receber um tratamento comumente utilizado por indivíduos mais jovens. Contudo, com o surgimento dos alinhadores estéticos, essa limitação tem sido superada, pois a maior discrição, a possibilidade de remoção durante a alimentação e eventos sociais e excelente estética, aumentaram o grau de aceitação de idosos e da sociedade, trazendo para os consultórios ortodônticos esses pacientes que eram resistentes ao tratamento.

Apesar dos alinhadores serem removíveis, diversos autores demonstraram que os pacientes idosos são extremamente colaboradores, com excelente uso dos alinhadores ortodônticos, pontualidade nas consultas e ótima higiene bucal, quando bem orientados. Eu mesma vejo isso em minha prática clínica diária! E os tratamentos evoluem muito bem. Por isso, há muitas vantagens no uso de alinhadores por pacientes idosos.

Em todos os casos, a atenção do profissional que é dedicada ao paciente idoso é de extrema importância, pois este requer um atendimento diferenciado, com informações detalhadas sobre cada fase do tratamento, colaborando para o seu sucesso. Por isso, devemos sempre realizar consultas mais longas para esses pacientes, com mais tempo para repassar instruções e orientações sempre que necessário. Além disso, como esses pacientes podem modificar suas condições de saúde e os medicamentos que eles usam (o que pode alterar os cuidados necessários ao longo do tratamento) nós refazemos o exame inicial algumas vezes ao longo do tratamento e sempre recomendamos que qualquer mudança seja informada durante as consultas. Isso aumenta a segurança e a previsibilidade na condução do tratamento.

No idoso, não há contra-indicações para o tratamento ortodôntico se as condições gerais de saúde do paciente permitirem, pois, a resposta do tecido aos movimentos dentários é boa. A resposta à força ortodôntica pode ser um pouco mais lenta se comparada à de crianças e adultos jovens, mas ocorre de forma semelhante em todas as idades. O tratamento restaurador (com próteses, lentes e resinas) não pode ser considerado como substituto do ortodôntico quando a má oclusão dentária impede a reabilitação funcional e uma grande destruição de tecido dentário teria que ser realizada para fazer o “tratamento”. O tratamento ortodôntico prévio sempre será uma opção melhor, menos invasiva e que vai preservar a estrutura e a longevidade dos dentes.

Mas e se o paciente possui algum problema de saúde? Ele pode tratar? Quando a saúde física geral do paciente está debilitada, deve-se reavaliar a necessidade do tratamento, independentemente da idade do paciente. Entretanto, quando as enfermidades presentes estão bem controladas, sob acompanhamento médico adequado, elas não representam um obstáculo para a movimentação ortodôntica. Obviamente, cada caso deve ser avaliado individualmente, mas a parceria entre médicos e dentistas e a colaboração dos pacientes fazem o que poderia ser uma limitação se tornar parte da solução, visando sempre a melhora da qualidade de vida do idoso.

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Dra. Daniela Feu

Cirurgiã Dentista Graduada em Odontologia pela UFES. Especialista em Ortodontia pela UERJ. Mestre e Doutora em Ortodontista (UERJ). Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia (BBO). Diretora do Colégio de Diplomados do BBO. Editora associada da Revista Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO) e editora da Revista Clinical Orthodontics. @dani_feu