Otites de repetição e natação: descubra se existe relação

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Dr. Giulliano Luchi

Muitas crianças e adultos gostam do hábito de praticar natação. Em piscina ou no mar, essa atividade proporciona uma boa saúde das vias aéreas superiores, dos músculos do tronco, membros e, também, para aliviar o estresse do dia-a-dia. Muitas crianças praticam natação regularmente para diminuir os problemas de hiperreatividade das vias aéreas, que podem causar bronquite e asma.

Porém, a prática de esportes aquáticos pode levar a otites frequentes e incomodar muito o paciente. Nesses casos, ocorre a otite externa, que é a inflamação da pele do conduto auditivo externo. Normalmente, essas infecções são causadas pelas próprias bactérias normais da pele do canal, que se proliferam anormalmente e se tornam patogênicas, com alterações locais provocadas pela entrada de água muito abundante no conduto.

O quadro clínico ocorre com dor no ouvido, sensação de ouvido cheio de água e diminuição da audição. Em alguns casos, pode ocorrer saída de secreção pelo canal auditivo. É muito importante que o tratamento dessa situação seja feito por um médico especialista, pois podem ocorrer complicações graves em função da cronifiação da infecção. Normalmente, o tratamento consiste em limpeza do canal auditivo, curativos locais e medicações, algumas aplicados diretamente no local e outras, tomadas por via oral.

A relação entre a entrada de água abundante no ouvido e otites de repetição é bem demonstrada na literatura médica. Porém, esse fato não proíbe o indivíduo de praticar natação. Acompanhamento médico especializado e medidas de prevenção das otites podem ser adotadas nesses pacientes, para permitir que eles continuem praticando natação sem o inconveniente das otites.

Alguns cuidados que podemos ter na prevenção das otites são:

-Não utilizar cotonetes ou outros instrumentos para limpeza do conduto auditivo;
-Não manipular o conduto auditivo com muita firmeza, para evitar pequenos arranhões na pele do canal;
-Não utilizar tampões de ouvido sem orientação médica, pois alguns modelos podem até prejudicar e favorecer as otites;
-Não utilizar fones de inserção (aquele que se coloca dentro do canal auditivo) por períodos prolongados;
-Ao primeiro sinal de dor ou incômodo no ouvido, interromper a atividade aquática e buscar ajuda médica especializada.

A natação é um esporte muito saudável e benéfico para o organismo e, diante da orientação adequada, permite que os pacientes que tem otites frequentes, pratiquem natação sem prejuízos ao ouvido.

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Dr. Giulliano Luchi

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi