Perda auditiva pode causar demência? Entenda a relação, como prevenir e tratar a doença

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Dr. Giulliano Luchi

A perda auditiva é uma condição comum entre os idosos, afetando significativamente a qualidade de vida. Com o avanço da idade, as células auditivas podem sofrer danos irreversíveis, levando à perda auditiva. Nos últimos 3 anos as pesquisas científicas em todo o mundo tem dado muita importância entre a perda auditiva não tratada e o desenvolvimento de demência senil.

A demência senil, que pode ocorrer com o avanço da idade, é um conjunto de sintomas que afeta a memória, o raciocínio e as habilidades sociais a ponto de interferir nas atividades diárias, comprometendo a independência do idoso.

Uma das condições que frequentemente está ligada à demência é a perda auditiva do idoso, quando não reabilitada. Muitas pesquisas estão sendo realizadas, para melhor entendimento das estratégias de prevenção da demência senil e os tratamentos para a perda auditiva, que são fundamentais para promover a saúde cognitiva e melhorar a qualidade de vida na terceira idade.

São medidas de prevenção de Demência Senil:

* Estimulação mental: atividades que desafiam o cérebro, como leitura, palavras-cruzadas, quebra-cabeças e aprendizado de novas habilidades, são cruciais para a prevenção da demência senil. Essas atividades estimulam as conexões cerebrais e promovem a neuroplasticidade, ajudando a preservar as funções cognitivas. Boa função auditiva é o fator modificável mais importante para manter essas conexões cerebrais ativas;

* Exercício físico regular: a prática regular de exercícios físicos não só beneficia o corpo, mas também o cérebro. A atividade física promove a circulação sanguínea adequada, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares que estão associadas a um maior risco de demência. Exercícios aeróbicos e atividades que envolvem coordenação motora são particularmente benéficos;

* Dieta balanceada: uma dieta rica em nutrientes essenciais, como antioxidantes, ácidos graxos ômega-3 e vitaminas, desempenha um papel vital na prevenção da demência. Alimentos como peixes, nozes, frutas e vegetais são conhecidos por promover a saúde cerebral. A moderação no consumo de gorduras saturadas e açúcares também é crucial;

* Controle da pressão arterial e diabetes: doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes estão associadas a um maior risco de demência. Manter a pressão arterial e os níveis de glicose sob controle por meio de hábitos saudáveis, medicação quando necessário e acompanhamento médico regular são medidas importantes na prevenção;

* Sono adequado: o sono desempenha um papel crucial na consolidação da memória e na saúde cerebral. Distúrbios do sono, como insônia e apneia do sono, têm sido associados a um aumento do risco de demência. Manter uma rotina de sono adequada e tratar problemas relacionados ao sono são passos essenciais na prevenção;

* Controle do estresse: o estresse crônico pode ter efeitos negativos na saúde cerebral. Práticas de gerenciamento de estresse, como meditação, ioga e atividades relaxantes, são importantes para reduzir os níveis de estresse e promover o bem-estar mental.
* Vida Social Ativa: Manter conexões sociais é benéfico para a saúde mental e pode ajudar na prevenção da demência. Participar de atividades sociais, manter relacionamentos significativos e cultivar amizades são fatores positivos para o cérebro. Para se ter uma vida social ativa, é imprescindível escutar bem.

* Evitar Tabagismo e Consumo Excessivo de Álcool: Tanto o tabagismo quanto o consumo excessivo de álcool estão associados a um aumento do risco de demência. Parar de fumar e limitar o consumo de álcool são medidas preventivas importantes.

Atualmente, as opções de tratamento da Perda Auditiva, mais aplicadas à reabilitação do idoso, são:

* Aparelhos auditivos: para muitos idosos, a perda auditiva é uma parte natural do envelhecimento. O uso de aparelhos auditivos é uma opção eficaz para melhorar a capacidade auditiva. Esses dispositivos são projetados para amplificar os sons e facilitar a comunicação, melhorando a qualidade de vida. Podem ser testados e programados de várias maneiras diferentes, de acordo com as características da perda auditiva e os tipos de atividades da rotina do indivíduo.

Com avanços tecnológicos, os aparelhos auditivos modernos são discretos e trazem recursos, como cancelamento de ruído e conectividade Bluetooth, proporcionando uma experiência auditiva mais natural e confortável;

* Implantes cocleares: em casos mais graves de perda auditiva, especialmente quando os aparelhos auditivos não fornecem benefícios suficientes, os implantes cocleares podem ser considerados. Esses dispositivos são implantados cirurgicamente e estimulam diretamente o nervo auditivo, restaurando parcial ou totalmente a audição;

* Assistência auditiva de condução óssea: para aqueles com perda auditiva condutiva ou mista, os aparelhos auditivos de condução óssea são uma alternativa. Esses dispositivos transmitem o som através de vibrações ósseas, estimulando diretamente as células sensoriais da orelha interna. Podem ser úteis para idosos com problemas no ouvido médio, como danos no tímpano ou nos ossículos da audição;

* Terapia auditiva: a terapia de reabilitação auditiva é uma abordagem que visa melhorar a capacidade do cérebro de processar os sinais sonoros. Frequentemente é recomendada para complementar o uso de dispositivos auditivos. Ela pode incluir exercícios para melhorar a discriminação de fala, treinamento auditivo e estratégias para lidar com ambientes ruidosos;

* Treinamento auditivo cognitivo: a perda auditiva no idoso muitas vezes está associada a desafios cognitivos. Portanto, estratégias que combinam treinamento auditivo e cognitivo podem ser benéficas. Exercícios que estimulam a atenção, memória auditiva e processamento auditivo central podem ajudar a melhorar a eficiência do sistema auditivo.

* Aconselhamento e suporte psicológico: o impacto psicológico da perda auditiva não deve ser subestimado. Muitos idosos enfrentam isolamento social, ansiedade e depressão devido à dificuldade em se comunicar. O aconselhamento psicológico e o suporte emocional desempenham um papel crucial no tratamento global da perda auditiva, auxiliando os idosos a adaptarem-se à mudança e a lidarem com os aspectos emocionais associados.

* Medicamentos e tratamentos médicos: em alguns casos de perda auditiva, especialmente aqueles relacionados a condições médicas subjacentes, medicamentos podem ser prescritos. No entanto, é importante ressaltar que nem todas as formas de perda auditiva respondem a tratamentos medicamentosos. O diagnóstico preciso e orientação do médico otorrinolaringologista especialista em saúde auditiva é fundamental para determinar a abordagem mais apropriada.

* Proteção auditiva e prevenção: a prevenção da perda auditiva é tão importante quanto o tratamento. Incentivar o uso de protetores auriculares em ambientes ruidosos, adotar práticas seguras de se escutar música e evitar a exposição prolongada a níveis elevados de som são medidas cruciais para preservar a audição.

* Educação e conscientização: educar os idosos e seus familiares sobre a importância do tratamento da perda auditiva, bem como promover a conscientização sobre as opções disponíveis, é fundamental. O acesso a informações e recursos pode incentivar mais indivíduos a buscar ajuda auditiva.

Ao integrar estratégias de prevenção da demência senil com tratamentos eficazes para a perda auditiva, é possível proporcionar uma abordagem abrangente para promover a saúde cognitiva e auditiva em idosos e permitir um envelhecimento saudável, com manutenção da independência do indivíduo e da sua vida social de qualidade.

É fundamental destacar que a escolha da melhor opção de tratamento para a perda auditiva no idoso deve ser baseada em uma avaliação completa realizada por profissionais de saúde auditiva. Cada caso é único, e um plano de tratamento personalizado considerando a gravidade da perda auditiva, as condições médicas subjacentes e as preferências do paciente é essencial para alcançar resultados positivos.

A abordagem holística que combina dispositivos auditivos, terapia, suporte psicológico e medidas preventivas muitas vezes oferece os melhores resultados para os idosos que lidam com a perda auditiva.

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Dr. Giulliano Luchi

Médico. Mestre e Doutor em Otorrinolaringologia. Professor de Otorrinolaringologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Membro internacional da Academia Americana de Otorrinolaringologia. MBA em gestão de negócios em Saúde. Formação em Mentoring, Coaching e Advice. @otoclinica_giulliano_luchi