Qual a relação da diabetes com a saúde bucal? Entenda

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Dra. Martha Salim

No mês nacional de prevenção da diabetes é importante falarmos sobre a sua relação com a saúde bucal. A diabetes, doença caracterizada pelo aumento da glicose no sangue, afeta mais de 17 milhões de adultos, quase 9% da população brasileira, segundo a última pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde. Diante deste cenário, os profissionais da área devem estar cada vez mais em alerta para identificar e tratar pessoas com essa doença.

Os pacientes com diabetes têm alto risco de desenvolver problemas bucais por conta do descontrole da glicemia, interferência na produção salivar. E maior susceptibilidade a infecções em todo corpo.

A gengivite e a periodontite, estágio mais avançado da inflamação na gengiva, inclusive com perdas ósseas, são os problemas mais comuns entre os diabéticos. Distúrbios de cicatrização e alterações fisiológicas, que reduzem a capacidade imunológica, aumentando a probabilidade de infecções, também são observados em pacientes com diabetes.

Essa condição exige que diabéticos sejam tratados de forma interdisciplinar. Portanto, todos os profissionais da saúde envolvidos devem conversar para proporcionar melhor qualidade de vida possível.

Antes de realizar procedimentos odontológicos, em especial os cirúrgicos, é recomendada a solicitação de alguns exames laboratoriais específicos como hemograma, glicemia em jejum e hemoglobina glicada. Esses exames indicarão se o diabético apresenta a doença descompensada, e neste caso, deve ser encaminhado para endocrinologista antes dos tratamentos eletivos. Nos casos de emergências odontológicas, pode ser necessário a realização do tratamento em ambiente hospitalar, nesses casos por profissionais especialistas em Odontologia hospitalar ou Cirurgião bucomaxilofacial.

O Cirurgião-Dentista pode ajudar a identificar um paciente diabético. Para tanto, o profissional deve cruzar os dados coletados na anamnese (entrevista de saúde) com os obtidos pela análise clínica, além de solicitar exames laboratoriais.

Durante a avaliação é importante que o profissional da odontologia leve em consideração alterações da superfície dental, diminuição do fluxo salivar, aumento da acidez e viscosidade salivar e também perdas ósseas e doenças da gengiva. Podem ser relatados pelos pacientes emagrecimento rápido, cansaço excessivo, boca seca, sensação de ardência na língua, presença de aftas, lesões e mau hálito (odor cetônico).

Para manter a saúde em dia e controlar a progressão e agressividade da doença periodontal, comum em diabéticos, a recomendação é redobrar os cuidados com a higiene utilizando a escova, pasta de dente e fio dental. Todo paciente com comprometimento sistêmico, como o diabetes, deve ter uma rotina de visitas preventivas ao consultório odontológico para garantir a saúde integral.

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Dra. Martha Salim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP); Mestrado em Patologia Bucodental (UFF); Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ); Capacitação em Odontologia Do Sono; Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso; Graduação em Odontologia (UFES); Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS). Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim