Quem você seria se pudesse ser diferente?

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Angela Camargo

É curioso pensarmos que é muito difícil mudar quem somos, que somos de um jeito e que uma outra pessoa seja daquele outro jeito, não é mesmo? Às vezes estamos tanto tempo com uma pessoa que enchemos a boca para falar: “Ah, mas ele (a) é deste jeito mesmo, não muda não, vai morrer assim!”.

Nosso cérebro é o responsável pelos comportamentos que temos e isso está em constante mudança. Então, corrigindo a frase acima: não somos de determinada forma e sim estamos assim. Fulano não é, ele está se comportando de determinada maneira. As pessoas podem sim mudar, constantemente! Nós temos essa capacidade de mudança.

As mudanças em nossas vidas ocorrem em todos os segundos. A neurociência avançou muito nos últimos vinte anos e nos ensinou exatamente o contrário da fixação de comportamentos, eles não só são flexíveis como altamente suscetíveis a mudanças. Assim, qualquer comportamento pode ser mudado, basta você direcionar ações neste sentido.

Seu cérebro pode fazer novas conexões, e isso se dará quando existir mudanças em seus pensamentos e comportamentos, é isso que se chama a neuroplasticidade neural. Quando este fenômeno diz respeito a algum hábito ou comportamento talvez seja mais fácil pensarmos em mudança, como a prática um determinado esporte, nova rotina ou dieta, mas e quando a mudança se refere aos pensamentos?

Será que podemos mudar a forma como pensamos e julgamos o mundo ao nosso redor? Hoje a neurociência comprova a plasticidade cerebral, ou seja, a possibilidade do cérebro humano ser transformado mediante estímulos, hábitos e interferências externas.

Carla Tieppo, um dos maiores nomes brasileiros em neurociência aplicada à educação, explica que tudo o que representa a nossa forma de pensar está diretamente associado a células neuronais. Assim, se mudamos nossos pensamentos acontece a mudança em nossos comportamentos, comprovando que as conexões neurais são capazes de moldar e transformar quem somos.

Então, se experiências moldam o nosso cérebro e essas experiências podem causar mudança no nosso comportamento, podemos realmente mudar quem somos e como “pensamos a vida”. Atualmente está muito em alta pelo autoconhecimento e neste caminho as pessoas começam a questionar a sua forma de ver o mundo, de pensar e enxergar o outro e essa é uma forma de acontecer a neuroplasticidade no cérebro.

Vou contar uma história para perceber um pouco mais sobre o efeito da flexibilidade de nossos pontos de vistas, e como a eleição de uma diferente impressão já reflete em mudança nos pensamentos: Certa vez, um senhor de cerca de 47 anos, depois de um dia cheio de trabalho teria que buscar seus filhos na escola. Percebeu que tinha um tempo livre até a hora de busca-los e resolveu se sentar num banco da praça, que era perto da escola.

Uma mulher de 30 e poucos anos que o conhecia de vista estava passando por ali, viu aquela cena e falou para a amiga que estava com ela: – “Nossa, aquele ali é o João, está quase na hora de buscar os filhos e olha ele ali sentado, como se não tivesse nenhum compromisso. Coitada dessas crianças, são sempre as últimas a serem pegas”.

Uma jovem que estava em um processo de seleção de emprego e precisava chegar a tempo na reunião passou correndo, viu a cena e pensou: “Coitado, em plena quarta feira às 4h da tarde esse homem sentado no meio da praça, deve estar desempregado, deve estar passando dificuldades e precisa parar para respirar longe das pessoas de tão triste que ele deve estar sem emprego”. Finalmente passou uma senhora de idade, a viu e pensou sorridente: “Esse homem deve ser feliz, entre seus afazeres diários criou um tempo para se conectar com o que mais importa nesta vida – ele mesmo! Que bom que no mundo algumas pessoas conseguem parar para apreciar o momento presente e se encontrar”.

E você? O que pensou dessa cena? Você conseguiu ver alguma relação entre o que cada personagem da história estava vivendo em sua própria vida e o ponto de vista que teve? Você percebe que tem a ver muito mais com nós mesmos do que com o outro?

Agora, sabendo disso você consegue mudar seu ponto de vista ao perceber que aquilo está dentro de você? Quando você reconhece que o seu modo de pensar nada mais é do que uma impressão pessoal, e não uma verdade única, você consegue desenvolver a habilidade de ver as coisas simplesmente como elas são?

Com essa habilidade, você conseguirá fazer novas conexões neurais e investirá na sua mente como a prática de instrumentos musicais, aprender novas línguas, ou algo que seja diferente para você. Aproveite o ano novo que se inicia para refletir o que em você poderia ser diferente e mude para o que fizer sentido para você!

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Angela Camargo

Sócia fundadora da 4U – Startup de bem-estar físico e mental. Pós-Graduada em Neurociências e Comportamento pela PUC-RS. Doutoranda pela PUC SP. Master e Licenciada pela StarEdge dos cursos Avatar de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal no Brasil e nos EUA. Advogada Tributarista e Mestre em Garantias e Direitos Fundamentais. Prof. de cursos profissionalizantes sobre comportamento, empreendedorismo jurídico e inteligência emocional. @4uinteligenciaemocional