Saúde bucal: será que você tem bruxismo?

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Dra. Daniela Feu

O nome é estranho, mas o problema é comum. Estudos realizados antes da pandemia mostraram que, esse problema atinge cerca de 22 a 30% dos adultos, e 4,9 a 49,6% das crianças, porém, estudos preliminares mais recentes indicam que o percentual de afetados pode ter crescido muito após a pandemia do Covid-19, afetando 7 entre cada 10 brasileiros durante esse período. A palavra “bruxismo” vem do grego e significa “ranger os dentes”, mas essa condição não se resume ao que o nome sugere: o bruxismo é uma ativação do nosso Sistema Nervoso Central, ou seja, nosso cérebro, que ativa os músculos mastigatórios para realizar atividades de contração. Por isso bruxismo não é só o ranger de dentes, mas também o apertamento prolongado ou até mesmo a contração desses músculos sem que os dentes se encostem. É isso mesmo: o bruxismo tem muito mais a ver com nosso cérebro do que com nossos dentes!

Em pessoas saudáveis, o bruxismo não é considerado distúrbio ou doença, mas sim o sinal de um hábito ou comportamento. Esse é o bruxismo primário, e ele vem de uma “ordem cerebral”. Muitas vezes ele é idiopático, sem causa detectável. Entretanto, pode ter causas genéticas e hereditárias. Além disso, por se tratar de um comportamento, ele não tem tratamento, mas controle após sua detecção.

Por outro lado, existe o bruxismo secundário, que ocorre secundariamente a um problema, e é regulado por fatores externos. Você imagina quais são? Vou enumerar aqui os mais importantes:

1) Síndromes genéticas, como Síndrome de Down, Doença de Hutchinson, entre outras.

2) Obstrução de vias aéreas – dificuldades respiratórias aumentam a atividade muscular e as contrações são uma tentativa do organismo de melhorar a passagem de ar, o que de fato ocorre.

3) Distúrbios do sono como a apneia obstrutiva do sono.

4) Refluxo gastroesofágico.

5) Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

6) Uso de drogas e medicamentos antidepressivos, anticonvulsivantes e estimulantes.

7) Consumo de álcool, café e fumo.

8) Estresse e fatores psicológicos.

9) Alterações neurológicas como Alzheimer e doença de Parkinson, devido às alterações dopaminérgicas que causam.

O bruxismo secundário então pode ser um sinal ou sintoma de uma doença e o tratamento dessa condição tem que envolver a pesquisa e controle do fator ou dos fatores causais. Desse modo, como você pode perceber o tratamento do bruxismo deve ser integral: precisamos cuidar dos dentes, para evitar que eles sofram com desgastes, fraturas e trincas; precisamos controlar a dor, se ela existir e precisamos pesquisar e controlar possíveis causas. Na nossa próxima coluna vamos explicar um pouco mais sobre o tratamento do bruxismo.

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Dra. Daniela Feu

Cirurgiã Dentista Graduada em Odontologia pela UFES. Especialista em Ortodontia pela UERJ. Mestre e Doutora em Ortodontista (UERJ). Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia (BBO). Diretora do Colégio de Diplomados do BBO. Editora associada da Revista Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO) e editora da Revista Clinical Orthodontics. @dani_feu