Saúde mental no trabalho: como cuidar do bem-estar dos colaboradores?

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Amanda de Andrade Zanotto

A OMS define saúde mental como sendo “o estado de bem-estar no qual o indivíduo consegue usar de suas as próprias habilidades, lidar com o estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a comunidade”.

Percebam o quão interessante é este conceito. Muitas vezes podemos sustentar a falsa ideia de que alguém está saudável mentalmente pelo simples fato de não apresentar o diagnóstico de algum transtorno mental, o que é um equívoco, se considerarmos a definição acima. Hoje, já sabemos que saúde mental não é simplesmente a ausência de doenças, é, sim, um estado global de bem-estar que envolve níveis elevados de satisfação com a vida.

Entendi, mas o que isso tudo tem a ver com o trabalho?

Se considerarmos que a maioria das pessoas passa mais tempo em ambientes corporativos do que nas suas próprias casas, é fundamental que esse tema seja olhado com atenção pelos empregadores e empresas.

Estima-se que, o Brasil que sempre figurou no ranking de países com maior índice de depressão e ansiedade do mundo tenha piorado sua posição após a pandemia. As mudanças drásticas impostas pelo período pandêmico nas dinâmicas laborais como o trabalho remoto, isolamento social, carga horária excessiva e indefinida, instabilidade financeira, entre tantos outros, contribuíram muito para que os afastamentos por doenças mentais aumentassem drasticamente.

Não é à toa que diversos pesquisadores já estejam definindo esta triste realidade como uma nova pandemia.

Ansiedade, síndrome do pânico, depressão e burnout são diagnósticos recorrentes que podem ser agravados ou até mesmo causados pelo ambiente corporativo. Episódios adversos nesses espaços possuem grande potencial de disparar gatilhos mentais negativos.

Os cenários podem envolver, por exemplo, sobrecarga de trabalho, atividades extremamente estressantes, autocobranças excessivas (busca por metas e resultados), ambientes com alto grau de competitividade e baixa segurança psicológica. Todas essas características contribuem para um clima organizacional não saudável diminuindo consideravelmente os níveis de bem-estar dos colaboradores.

Mas como seria possível melhorar esse quadro? Sabemos que hoje muitas empresas já investem em ferramentas que promovam employee experience, ou experiência do colaborador nos ambientes corporativos. Isso nada mais é do que buscar formas de melhorar o clima organizacional e aumentar os níveis de bem-estar do time tornando-o por consequência, mais engajado e produtivo.

Essas ferramentas auxiliam o desenvolvimento de características necessárias para uma mudança de estilo vida que inclui hábitos mais saudáveis e o desenvolvimento da inteligência emocional.

Porém, é importante ressaltar que, de nada adianta o investimento das empresas nesta área se o colaborador não estiver comprometido com este propósito. Aumentar os níveis de bem-estar muitas vezes requer renúncias, disciplina e empenho, portanto é imprescindível ter em mente que o protagonista desta busca sempre será o indivíduo.

Existem muitas formas de ampliarmos nosso estado de bem-estar, mas eu arriscaria dizer que duas delas são as grandes protagonistas deste processo: atividade física e gerenciamento de emoções! Comece investindo nestas duas áreas e perceba rapidamente mudanças significativas.

A liberação de serotonina, dopamina e endorfina, neurotransmissores ligados ao humor, prazer e recompensa é apenas um dos inúmeros benefícios mentais que a atividade física pode nos proporcionar. Um corpo saudável também melhora nossa autoestima e disposição contribuindo para o aumento do nosso bem-estar. Outra ação importante nesse caminho é o gerenciamento de emoções. Precisamos aprender que emoções não podem ser suprimidas.

Emoções precisam ser gerenciadas. Desenvolver inteligência emocional é para todos, sem exceção! Práticas de autoconhecimento como a meditação em modalidades como Mindfulness, tão acessíveis e populares atualmente também podem ser incluídas no “pacote” de ações que melhoram nossos níveis de satisfação com a vida. Empregadores e colaboradores devem caminhar juntos nessa proposta.

Ter a consciência de que investir em ferramentas que melhorem o autocuidado e bem-estar dos colaboradores é garantia de prevenção de passivo de adoecimento e formação de um time com indivíduos produtivos e muito mais engajados.

Em contrapartida, é importante que cada colaborador valorize esse tipo de investimento se comprometendo a olhar para a sua saúde mental com a atenção que ela merece. Através dessa dinâmica podemos, sim, melhorar os números tão desafiadores que atualmente assolam o universo corporativo.

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Amanda de Andrade Zanotto

Advogada. Sócia fundadora da 4U - Startup de bem-estar físico e mental. Mestre e facilitadora dos cursos Avatar de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal no Brasil e nos EUA desde 2010. Pós graduanda em Neurociência e comportamento pela PUC/RS. @4useumelhorpresente