Saúde mental: saiba como criar crianças emocionalmente fortes

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Psi. Renata Bedran

Dados relatam que o Brasil é o país que mais diagnostica ansiedade e mais prescreve medicação para depressão do mundo inteiro. É alarmante.

Nascemos com um cérebro em desenvolvimento, isso significa que muito de como o cérebro estará na vida adulta depende das experiências que temos ao longo da infância. A química do nosso cérebro é composta por neurotransmissores que são moléculas que passam informações entre os neurônios. Neurotransmissores como endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina são produzidos quando nos sentimos bem, felizes e seguros.

Por isso, quanto mais experiências afetivas de segurança experimentarmos na infância mais tudo estará equilibrado na vida adulta.

Já o contrário, quando temos uma infância desestruturada, estressante, permeada de medos e inseguranças nas relações e no ambiente, nosso cérebro produz cortisol (hormônio do estresse) em excesso fazendo a criança ter que estar sempre em estado de alerta. Um cérebro quimicamente desregulado é a porta de entrada para vários adoecimentos emocionais como depressão e ansiedade.

Veja dicas de como dar uma infância afetivamente segura para que os nossos filhos se tornem adultos emocionalmente saudáveis.

1. Se você quiser um filho adulto com um cérebro mais protegido para o estresse, ansiedade e depressão você vai precisar proteger a infância dele. Seu filho precisa de ter um ambiente seguro, relações afetivas estáveis.

2. Para termos adultos emocionalmente fortes, a criança precisa aprender a regular bem suas emoções, e ela só consegue fazer isso sozinha a partir do momento que teve um adulto ajudando-a na corregulação de suas emoções, ou seja, ela precisa ter seus sentimentos validados e ser acolhida nas suas dores e medos.

3. Ela precisa sentir que é única e especial do jeitinho que ela é e que não precisa ser melhor que ninguém. É necessário permitir que a criança erre e aprenda por consequências e não por punição, ameaças, castigos, humilhação e violência física. É preciso não julgar sua capacidade intelectual ou compará-la com outras crianças.

4. Devemos tratar os filhos com o mesmo respeito que gostaríamos que nos tratassem. Não usar punições, nem sermos permissivos, mas sim firmes e gentis. Ser firme e gentil não significa não dar limites (limites são fundamentais), mas fazê-lo com gentileza e respeito mútuo. Pais e professores, são autoridades, mas ser autoridade não significa agir de forma autoritária e desrespeitosa.

5. Mostrar que nós pais somos humanos e temos um leque de emoções e que está tudo bem sentir. Adultos precisam sentir medo, raiva, tristeza, desamparo para ensinar uma criança a lidar com tudo isso. Crianças fortes são aquelas que compreendem seus sentimentos e sabem lidar com eles. E para isso, os adultos precisam ensinar que não existe sentimento que não se sinta.

6. Nossos filhos se tornam resilientes quando damos espaço para que eles expressarem suas emoções, quando nós validamos seus sentimentos.

Quando um bebê ou uma criança choram e são acolhidos, eles aprendem a importância de suas emoções, assim como a importância que tem aos olhos daquele adulto. Note que existe uma grande diferença entre acolher e obedecer a uma criança, da mesma forma que é diferente acolher e passar a mão na cabeça. Precisamos compreender que acolher é mostrar para aquela criança que você a vê. Que você a ouve.

Por fim, é preciso criar crianças emocionalmente fortes, que possam ajudar a fazer desse mundo um lugar melhor. A vida vai ter frustrações de monte: professor chato, não ser convidado para festa de um colega, namoro terminando, chefe autoritário. E advinha quem vai encarar melhor essas frustrações todas?

A criança que teve seus sentimentos acolhidos diante de um não, aquela que aprendeu a lidar com seus sentimentos de uma forma positiva. Essa pessoa pode ligar para um amigo para ganhar colo quando o namoro terminar, pode chorar e lembrar que seus sentimentos são como nuvens e que essa tristeza vai passar, pode ter coragem de denunciar o chefe, enfrentá-lo ou buscar outro emprego, porque aprendeu a não aceitar violência de qualquer natureza.

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran