Segundo filho chegando, como proceder?

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Psi. Renata Bedran

A chegada de um irmão muda toda a estrutura e rotina de uma família. Os pais muitas vezes, não querem admitir isso, e acabam falando para o filho mais velho, que tudo esta igual, como sempre foi. Mas a criança está vendo que não está. A mãe e o pai que antes eram exclusivos dessa criança, agora estão tendo que cuidar do irmão que chegou e que o filho mais velho mal conhece.

Seja honesta com seu filho(a), nomeando e validando seus sentimentos. Você pode dizer: “As coisas mudaram por aqui né! Agora eu estou com menos tempo para você. Seu irmão chora toda hora e alto, faz muito barulho né! Papai e mamãe não conseguem mais brincar ao mesmo tempo com você, porque agora um dos dois tem que ficar com o bebê.”

A criança não tem ideia de como é ter um irmão. Mesmo que ela tenha se acostumado com a ideia durante a gravidez, ele só sabe como é ter um irmão, quando ela vivencia a situação. A criança vive no presente e tem o pensamento concreto. Para o filho mais velho é devastador ver o irmão (outra criança que ela mal conhece) tendo a atenção da mãe, no peito da mãe. Para deixar a situação menos impactante, você pode nomear os sentimentos, dizendo algo como: “poxa filho, a sua irmãzinha passa o tempo inteiro no peito da mamãe né! E você queria ficar mais com a mamãe. Eu te entendo.” Assim você vai deixando mais claro para a criança o que ela está sentindo. Quando você nomeia, você mostra para criança que enxerga a necessidade dela, mesmo que ela não pode ser atendida naquele momento. Mas ela se sente escutada e validada. Os pais devem estar atentos e detectar com sabedoria o que o filho mais velho pode estar querendo dizer com os comportamentos que apresentar. As crianças, principalmente as pequenas, não conseguem expressar com palavras o que estão sentindo. Então elas começam com comportamentos desafiadores ou choram mais do que de costume.

A nossa tarefa é acolher e nomear os sentimentos, nos conectar para entender e auxiliar os filhos no processo da falta da mãe, já que agora existem duas crianças e um só colo.

É importante que a mãe separe um tempo para estar a sós com o filho mais velho. E que seja um momento de muita conexão, disponibilidade para que esse filho perceba que ele tem um tempo a sós com a mãe dele, um tempo que é só para os dois. Assim, a criança sabe que a relação que ela tem com a mãe é única e especial.

É mais interessante que a criança saiba que é especial e que tem um lugar único na vida dessa mãe do que saber se a mãe ama mais ou menos um irmão do que o outro. Os filhos precisam se sentir amados e especiais e perceber que a chegada do irmão não acabou isso.

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran