Síndrome da ardência bucal: o que é, quais os sintomas e como tratar

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Dra. Martha Salim

A Síndrome da ardência bucal ou “Boca Ardente” é uma condição caracterizada por uma sensação de queimação, formigamento ou dor na boca, afetando geralmente a língua, lábios, gengivas, céu da boca e áreas circundantes.

Os sintomas são bem característicos, com quadro de dor e desconforto do tipo queimação na mucosa oral e principalmente da língua, como se a pessoa tivesse comido pimenta. Alguns pacientes também alegam alteração do paladar, gosto mais amargo e metálico na boca e sensação de boca seca. Essa sensação costuma ser variável ao longo do dia e tende a piorar com alimentações quentes ou condimentadas. Pode também variar de intensidade, ser contínua ou intermitente e perdurar por meses ou anos.

A prevalência da síndrome da boca ardente na população varia de 3% a 7%, geralmente, atinge mulheres na faixa etária entre 40 a 60 anos. Alguns estudos mostram uma proporção é de 7 pessoas do sexo feminino para 1 do sexo masculino.

Apesar de ter sido descrita pela primeira vez no século XIX, os profissionais de saúde até hoje têm dificuldade no diagnóstico e identificação. Quem sofre com essa condição comumente relata ter procurado inúmeros profissionais sem descobrir a causa e tratamento

Não há exames ou testes específicos para determinar a sua existência, como acontece com outras doenças conhecidas, portanto, sempre precisamos fazer um diagnóstico de exclusão para se estabelecer as condições que podem estar associados.

O diagnóstico da Síndrome da ardência bucal é baseado nos sintomas relatados pelo paciente, além de um exame físico e histórico médico detalhado.

As causas da síndrome da boca ardente não estão muito bem estabelecidas, podendo ser classificadas em dois tipos principais: a síndrome da boca ardente primária (com sintomas, mas sem causa desencadeante identificada) e a secundária (quando é possível determinar a causa dos sintomas, isto é, outra doença associada).

As condições de saúde que podem estar a doença secundária são: diabetes, hipotireoidismo, doenças autoimunes como a síndrome de Sjögren, Parkinson, deficiência nutricional muito associada a deficiência de vitamina B12, desequilíbrios hormonais, reações alérgicas, estresse emocional e alterações nos nervos sensoriais da boca.

Não há exames específicos que confirmem o diagnóstico, pois geralmente é baseada nos sintomas relatados pelo paciente e na exclusão de outras condições.

O tratamento é identificar as possíveis doenças associadas e as tratar, e para os casos aonde não foram identificadas doenças associadas o tratamento é apenas sintomático.

– Beber água com frequência para estimular a saliva e a manter a boca úmida;
– Uso de saliva artificial;
– Evitar alimentos ácidos e apimentadas;
– Uso de medicações paliativas específicas podem ajudar a manter os sintomas controlados e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Se você sofre dessa condição, deve receber uma avaliação detalhada do médico ou dentista especialista (estomatologista), para condução adequada do seu caso.

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Dra. Martha Salim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP); Mestrado em Patologia Bucodental (UFF); Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ); Capacitação em Odontologia Do Sono; Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso; Graduação em Odontologia (UFES); Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS). Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim