Você sabe como tratar as deformidades dos ossos da face?

Foto de Dra. Martha Salim
Dra. Martha Salim

De acordo com pesquisa, 60% da população do país necessita de algum tipo de tratamento ortodôntico, mas uma parcela desses casos só resolveria o problema se passasse pela intervenção cirúrgica dos ossos da face. Além das deformidades da face deixarem o rosto assimétrico e esteticamente comprometido – fator que na maioria das vezes provoca o isolamento social dos pacientes, pois precisam conviver com as “brincadeiras” maldosas das pessoas –, ter o queixo para frente ou para trás causa problemas funcionais graves, como apneia obstrutiva do sono, dores na musculatura do rosto, dores na ATM (articulação temporomandibular), enxaquecas e até disfunções estomacais (devido à mastigação incorreta).
O procedimento ainda não é amplamente conhecido e o nome pode até soar estranho, mas cerca de 10 milhões de brasileiros precisariam se submeter a uma cirurgia ortognática para a correção de problemas na maxila ou na mandíbula. Essa estimativa é feita pelo presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.

A cirurgia ortognática é uma técnica utilizada para corrigir alterações de crescimento dos maxilares, conhecidas como anomalias dentofaciais, as quais podem originar distúrbios da mordida, nas articulações, na respiração, e também repercutir na estética facial. Esse procedimento faz parte de uma especialidade, a cirurgia bucomaxilofacial, e que trata de pacientes portadores de deformidades que envolvam os maxilares.

Alguns tipos de má oclusão (mal encaixe dos dentes) podem ser corrigidos exclusivamente pelo uso de aparelhos ortodônticos, porém aquelas que envolvam também alteração do posicionamento dos ossos dos maxilares necessitam de tratamento em conjunto de cirurgia e ortodontia.

O uso de aparelhos dentais se tornou aliado inseparável desse procedimento cirúrgico, sendo indicado preparo ortodôntico prévio antes da realização da cirurgia, tornando assim muito mais estável os resultados obtidos nesse tratamento.

Entretanto, esse preparo inicial com aparelho é diferente do tratamento ortodôntico tradicional, pois visa alinhar e nivelar os dentes de acordo com melhor posição dos dentes dentro dos ossos maxilares. Nessa fase do tratamento a mordida pode ficar ainda mais alterada para que no momento em que o paciente faça a cirurgia através das osteotomias ou cortes ósseos, os maxilares fiquem posicionados em uma melhor condição.

E se engana quem pensa que essa cirurgia é realizada apenas para melhorar o encaixe dos dentes. A cirurgia ortgnática visa também a melhora da função mastigatória, fonação, respiração e a estética facial. Além disso, muitos estudos mostram que a melhora da qualidade de vida e auto estima tem sido pontos muito importantes na procura a esse tipo de tratamento.

A cirurgia ortognática se aprimorou muito nos últimos anos com novas tecnologias de planejamento, exames tomográficos modernos além de novos equipamentos e técnicas cirúrgicas, que quando aliados tem trazido resultados ainda melhores e pós operatórios e muito mais previsíveis e estáveis ao longo dos anos. Alguns mitos do passado como ficar sem mastigar ou com os dentes “amarrados” são condições que não acontecem na atualidade.

Mas para que essa cirurgia seja segura é importante que seja realizado por especialistas treinados e capacitados.

Foto de Dra. Martha Salim

Dra. Martha Salim

Doutorado em Cirurgia Bucomaxilofacial (UNESP); Mestrado em Patologia Bucodental (UFF); Especialização em Cirurgia Bucomaxilofacial (UERJ); Capacitação em Odontologia Do Sono; Capacitação em Sedação com ÓXido Nitroso; Graduação em Odontologia (UFES); Atua como professora de Cirurgia Bucomaxilofacial da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Revisora Científica das Revistas: Journal of the Brazilian College of Oral and Maxillofacial Surgery (JBCOMS) e Brazilian Dental Science (BDS). Autora dos livros "Cirurgia Bucomaxilofacial: diagnóstico e tratamento" (1 e 2 edições), Anestesia Local e Geral na Prática Odontológica, além de colaborar com 38 capítulos de livros e artigos científicos publicados. @dramarthasalim