Está sendo veiculada a informação de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estaria estudando uma alteração na regulamentação sobre day trade, que consiste na compra e venda de ativos em bolsa em um mesmo dia. A instituição reguladora estaria preocupada com a especulação e os potenciais prejuízos da prática.
Não foram fornecidos detalhes claros sobre qual seria a alteração, mas podemos considerar algumas hipóteses. Se a ideia de uma nova regulamentação envolvesse proibir compras e vendas no mesmo dia, poderia haver um problema no sentido de um controle muito forte da estratégia de investimento de cada indivíduo.
Ou talvez a opção fosse por aumentar a tributação dos day traders, a chamada tributação extrafiscal, que buscaria desincentivar a prática. Neste caso, se hoje o Imposto de Renda sobre day trade é de 20% do lucro auferido, ou seja, a diferença entre o preço médio de venda e de compra, este percentual poderia ser aumentado.
Vale ressaltar que a tributação das operações day trade hoje já é superior à das operações swing trade — compra e venda de ativos em dias diferentes —, que são tributadas em 15%, além de isenção em caso de vendas inferiores a R$ 20 mil.
Apesar de não ser a atitude mais adequada porque controla as operações dos investidores, o day trade apresenta alguns riscos, que podem ou não se sobressair às vantagens a depender de seu perfil. Os day traders pretendem vender o ativo por um preço médio maior do que o preço médio de compra. Mas nem sempre é isso que acontece.
Levantamento encomendado pela CVM e publicado por pesquisadores da FGV mostrou que, entre os 98.378 indivíduos que começaram a fazer day trade entre 2013 e 2016, somente 554 permaneceram por mais de 300 pregões. Isto é, 99,43% não persistem. Além disso, entre os 554 que persistiram, houve prejuízo bruto diário médio, de R$ 49, e apenas 127 lucraram mais de R$ 100.
Mas este cenário tende a se intensificar. Afinal, o número de investidores em bolsa no período que o estudo compreende era mais de cinco vezes menor do que o atual. Com a maior visibilidade do investimento em bolsa e a propagação de informações (muitas vezes equivocadas) sobre day trade cada vez mais intensa, o número de pessoas que realizou ao menos uma operação em 2020 é de 486.676, ou 19,4% do total. Em 2015, por exemplo, este número era de 9,1%.
Por fim, é preciso considerar os custos da atividade, a exemplo de taxa de corretagem, emolumentos da B3 e impostos mais altos, que podem reduzir ainda mais os ganhos.
Essa coluna tem como único propósito fornecer informações e não constitui ou deve ser interpretada como uma oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócio específica. Possui finalidade meramente informativa, não configurando análise de valores mobiliários nos termos da Instrução CVM Nº 598, e não tendo como objetivo a consultoria, oferta, solicitação de oferta e/ou recomendação para a compra ou venda de qualquer investimento e/ou produto específico.
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