Set 2021
16
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Set 2021
16
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

Nem Deus conseguiu bater a estratégia do preço médio

Este tópico nomeia um artigo que responde muito bem a pergunta: “qual é a melhor estratégia para investir?”. Em Even God Couldn’t Beat Dollar-Cost Averaging, Nick Maggiulli destrincha um levantamento comparando um investidor que realizava aportes todos os meses sem resgatar em crises e sem olhar o preço com um investidor onisciente, que sabia exatamente quando o mercado estava na mínima e comprava as ações apenas nestes pontos, ou seja, um “Deus” do mercado.

No caso da estratégia do preço médio (Dollar-cost averaging “DCA”), o estudo considera um investimento de U$$ 100 (ajustado pela inflação) em todos os meses do período.

Já para a estratégia de comprar no fundo (Buy the Dip), considera-se estar poupando U$S 100,00 (ajustado pela inflação) todos os meses e a realização de compras apenas quando o mercado faz uma correção, chegando ao fundo absoluto entre duas máximas históricas.

Além disso, o estudo considera que você não pode sair ou entrar do mercado, carregando o ativo até o fim do período.

Conclusões do estudo

O gráfico ao lado mostra que comprar no fundo tem um resultado melhor em um intervalo de 40 anos. A linha acima de 0% se aplica aos casos em que comprar no fundo termina com mais dinheiro, e abaixo de 0% significa que está com menos dinheiro. Assim, o preço médio performa melhor do que comprar no fundo por mais de 70% do tempo.

Vale ressaltar que quando a compra no fundo se dá bem no começo do período próximo de 1920, devido ao bear market severo dos anos 1930, chega-se a um valor final 20% acima do que a estratégia do preço médio. Mas isso se reverte logo após os anos 30 e a performance desta estratégia se torna cada vez pior.

Já ao fazer uma análise do período entre 1975 e 2014, é particularmente ruim comprar no fundo porque o fundo de 1974 fica para traz. Ao iniciar em 1975, o próximo topo histórico no mercado não ocorreu até 1985, isto é, não existiu fundo para comprar até depois de 1985. Assim, como mostra o gráfico abaixo, o preço médio (linha azul) performa melhor.

E aí, qual estratégia vale mais a pena?

Com base em tudo que foi mencionado e nas conclusões do artigo, fica claro que comprar no fundo geralmente performa pior que fazer aportes recorrentes. Simplesmente porque enquanto você espera pelo próximo fundo, o mercado tende a continuar subindo e te deixar para trás.

Além disso, vale ressaltar que o estudo foi feito com base nas melhores premissas possíveis para a estratégia do preço médio. Ou seja, não há como assumir que sempre saberíamos quando estaremos em um fundo.

Ao rodar uma variação de comprar no fundo, mas errando o fundo por dois meses, o preço médio performa melhor do que comprar no fundo em 97% das vezes. Assim, mesmo acertando razoavelmente os fundos, ainda se perde dinheiro no longo prazo.

Por isso, ao final a estratégia de comprar todos os meses se mostra muito melhor do que esperar por fundos de mercado e correções que podem demorar muito para acontecer. Nesse tempo, você estará perdendo os juros compostos que o mercado está pagando.

Até porque se “nem Deus consegue vencer a estratégia do preço médio”, quais são as suas chances?

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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