Tae Kwon Do: uma arte marcial ideal para crianças que é mais que uma atividade física

Cortesia, integridade, perseverança, autocontrole e espírito indomável, valores ensinados dentro e fora do tatame: esses são os princípios fundamentais do tae kwon do, uma modalidade centenária, cuja procura tem aumentado nas academias de luta por conta não somente da atividade física, mas também por causa dos seus princípios. E uma academia em Jardim da Penha, em Vitória, contabiliza o aumento de praticantes.

Quem conta isso é o Mestre Alexandre Bento que além de faixa preta 4o. dan de tae kwon do é faixa marrom de krav maga, 10º. khan de muay thai e faixa preta 1o. dan Kickboxing.

Mestre Alexandre apresenta a modalidade para quem não conhece: “O tae kwon do significa caminho dos pés e das mãos e é uma arte marcial coreana com mais de 2000 anos de existência. Hoje é um esporte olímpico e pessoas a partir de 4 anos podem praticar. É uma excelente atividade para o desenvolvimento motor, concentração, velocidade e força. Atualmente temos uma turma com crianças a partir de 10 anos, adolescentes e adultos. Para as crianças está sendo muito interessante, pois devido a um seriado sobre karatê na Netflix, este público tem nos procurado. Explicamos sobre o tae kwon do, e eles aceitam e experimentam”.

Mestre Alexandre conta como começou nas artes marciais: “Iniciei aos 8 anos, graças a meu pai. Nesta época eu morava em um bairro muito violento do Rio de Janeiro e brigava muito e apanhava. Foi então que o meu pai me colocou em uma academia de kung fu para eu aprender a me defender. A partir deste momento, nunca mais briguei. E me tornei a pessoa e o profissional que todos conhecem”

Mestre Alexandre tem na sua história de vida, as palavras ´superação´ e ´recomeço´. Em 2015 ele trabalhava como gerente de projetos e com a crise, perdeu o emprego. E foi com a crise que ele deu uma mudança radical em sua vida: deixou o terno e a gravata no armário, colocou a faixa preta e subiu no tatame para ensinar a sua maior paixão: as artes marciais.  E fundou sua própria academia e se redescobriu. Hoje forma não só faixas pretas, mas cidadãos de bem.

Futuros faixas pretas

Com apenas 13 anos de idade, o faixa amarela, André Gonçalves Alcântara, está há um ano praticando a modalidade. Mesmo com pouca idade o jovem já entende a importância dos ensinamentos passados pelo Mestre Alexandre: “Eu estava procurando o karatê para falar a verdade e aí exatamente por causa dessa época do Cobra Kai, minha mãe falou do Centro de Lutas Jardim da Penha. Vi que só tinha o tae kwon do. Aí eu pensei em experimentar e gostei bastante. É uma coisa que eu gostei mesmo. Aqui não se aprende só a parte física mas falamos de amizade, autocontrole, perseverança e nunca desistir”.

E André faz elogios ao seu Mestre: “Eu conheci ele há um ano, mas já percebi que ele é muito gente boa. Sabe ensinar muito bem, tem paciência com todo mundo e não tem preguiça de ensinar da melhor forma”, finalizou.

Aos 31 anos, o veterano Luiz Felipe de Abreu Souza está na faixa vermelha, deu uma pausa por alguns anos e retornou há pouco tempo: “Agora estou retornando com o Mestre Alexandre para pegar a faixa preta. O objetivo sempre é esse. Aqui dentro tem um treinamento é bem árduo”.

E Luiz pontua sobre a disciplina em que a modalidade oferece e a importância de crianças praticarem: “ A modalidade cria disciplina, cria mais juízo também. Você melhora o condicionamento físico, consegue conhecer mais o seu próprio corpo, seus limites e superá-los. Com as crianças, como o aluno mais graduado aqui, tento demonstrar aonde eles podem chegar. Onde eles podem chegar se continuar treinando – e que não é só uma atividade física é muito mais do que isso. É algo que tem toda uma disciplina, regras e que tudo tem que ser seguido com bastante disciplina e orientação”.

Lucas Guzzo Leal, 14 anos, também é um dos alunos do Mestre Alexandre. Ele começou na modalidade há 4 meses. “Eu sempre gostei muito de dessas lutas, tanto que antigamente eu fazia kung fu por causa do Bruce Lee. Parei por um tempo e agora comecei a reviver esse amor pelas artes marciais e acabei me apaixonando pela tae kwon do. Meu objetivo é chegar na faixa preta. As lições que a gente aprende no tae kwon do, não são só aqui na academia, não são só nesse esporte, é para a vida toda, né? A cortesia, a integridade, tudo isso são coisas que a gente tem que levar para a vida”, finalizou.

Saiba mais sobre o tae kwon do

Uma arte marcial milenar, o tae kwon do foi criado na Coreia do Sul. A modalidade surgiu com a preparação de guerreiros com técnicas que utilizavam amplamente os pés e as mãos.

A tradução que se faz do termo tae kwon do é “caminho dos pés, das mãos e do espírito”, significado que revela a proposta de desenvolvimento integral do praticante, típica das artes marciais.

A filosofia é baseada em cinco princípios fundamentais: cortesia, integridade, perseverança, autocontrole e o desenvolvimento de um espírito indomável. Através da mesma, procuramos atingir o nosso objetivo final: construir um mundo melhor e mais pacífico, tornando-nos campeões da justiça e da liberdade. É esporte olímpico desde 2000.

No Brasil, a introdução do Taekwondo aconteceu na década de 70. Desde então, muitos mestres sul-coreanos se estabeleceram no país, ajudando na difusão da arte marcial.

A Confederação Brasileira de Taekwondo foi fundada em fevereiro de 1987 e é filiada ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), à União Panamericana de Taekwondo (PATU) e à Federação Mundial de Taekwondo (WT – World Taekwondo). A CBTKD tem federações filiadas em todos os estados do país, e no Distrito Federal.

 

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