As dificuldades na aprendizagem pós-pandemia

por Cláudia Rodrigues dos Reis

A escola é o primeiro lugar onde toda criança frequenta ou deveria estar fora de seu círculo familiar e a maneira como ela é tratada nesse ambiente, pode marcar toda a sua vida. Por isso, é preocupante quando esse direito é cerceado.

Em 2020, o mundo todo foi assolado por uma pandemia mortal chamada covid-19, um tipo de arma biológica covarde, sem direito a defesa.

Todos foram separados pelos distanciamentos social, pelo isolamento e grande cerceamento emocional.

A escola foi uma dessas grandes perdas, o convívio social, emocional e acadêmico que a escola proporciona para qualquer ser humano, seja ele, criança, jovem ou adulto, foi irreparável, principalmente para as crianças em idade de alfabetização. Faltou para os gestores políticos, se conscientizarem de quê, independente de qualquer conflito, guerra ou pandemia, as escolas nunca devem fechar as suas portas.

Hoje, as crianças estão enfrentando grandes dificuldades do aprendizado, e você se pergunta:
Esses dois anos fora das salas de aulas se recuperam?

Não recuperam mesmo. O atraso está percentualmente em quatro anos. Essa nota em dizer que não haverá impedimento para as crianças que não têm “comorbidades ou deficiências” como os autistas, síndrome de Downs, crianças com transtornos globais etc… afirmar que as mesmas não sofrerão com esse abandono intelectual, previsto no código penal artigo 246, é uma grande falta de empatia, além do mais, houve uma violação dos direitos humanos e constitucional, infringimento a liberdade e as leis da inclusão, que está prevista na LDB no artigo 58, onde a segregação das crianças, dos pais, com praticamente todos os professores vacinados foi extremamente desumano o não retorno integral… não, as aulas não retornaram de forma integral e sim, de forma híbrida, insuficiente para sanar os danos causados pela falta de uma gestão eficiente do secretário de educação, faltou diálogo com a sociedade antes de qualquer tomada de decisão, pois assim vive uma sociedade democrática.

Não é honesto culpar apenas os professores, muitos tentaram assistir seus alunos, o que lhes faltaram foi um plano de ação tecnológico, uma tecnologia assistiva, para que o ensino “EAD” tivesse êxito. Não houve equidade, a desigualdade social foi visível, ensino remoto não aderido por 80% das famílias, falta de Internet e aparelhos eletrônicos para as aulas na modalidade.

RESULTADO

Crianças com sérias dificuldades de leitura, escrita e cálculos, estão tendo esses eixos ainda mais agravados pela falta de um bom planejamento escolar, para que a aprendizagem seja realmente uma realidade.

Além da dificuldade na aprendizagem, muitas das crianças viveram com outros problemas como a fome, violência domesticas, abusos sexuais e psicológicos e maus tratos. A escola tem um papel fundamental, o de alimentar seus alunos, a merenda escolar realiza uma assistência social e humano importantíssimo, pois uma criança bem alimentada ajuda efetivamente no processo de ensino e aprendizagem e cognitivos desses alunos.

FOI SIMPLESMENTE DEVASTADOR

A luta por uma causa, vale muito, incansavelmente lutamos por equidade e democracia…
Com a vacinação dos professores, uma esperança surgiu para os que acreditavam que agora, nossas crianças estariam no seu lugar de direito e social: A Escola.

Pois a educação é um serviço essencial…

Agora estamos lutando com outro problema, a evasão escolar, o objetivo hoje é solucionar os
60% dos adolescentes em idade escolar de 12 a 17 que estão regredindo no convívio social, além da dificuldade na aprendizagem, estão em depressão com medo do futuro.

Visando a Educação como serviço essencial e fundamental pela nossa Constituição Federal, artigos 205 e 206, com a finalidade de chamar a atenção dos nossos governantes para essa demanda grandiosa da sociedade, estamos alertando às nossas autoridades que é preciso investir na educação de base e dar apoio psicológico tanto ao corpo docente quanto ao discente.

É preciso mostrar que a educação é uma força poderosa para o bem da sociedade e mundo, quando utilizada de forma imparcial e isenta,  pois se potencializarmos a educação da forma como ela merece, conseguiremos reverter o retrocesso causado pela ausência da mesma nesses dois anos de escolas fechadas.

Segundo dados científico da OMS, OPAS e UNESCO,  o lockdown não  deu certo, e as escolas nunca devem fechar as suas portas. A escola sempre foi um lugar seguro e ciente em manter a necessidade de seguir os protocolos de segurança sanitários, uso de máscaras, lavar as mãos, usar álcool… por isso não devemos falhar, a educação é a alavanca de uma sociedade livre, onde o processo de aprendizagem precisa-se de professores sãos, cuidados pelo sistema de educação e saúde, professores que defendam seus alunos e sua profissão, e que sejam defendidos pela sociedade. Pois só existimos porque outros existem também.

SOLUÇÕES

Toda criança tem o seu direito assegurado por lei em ser alfabetizada, precisamos incluir, inserir e introduzir, ‘remar contra a maré’ do analfabetismo funcional, criar estratégias pedagógicas, habilitar os professores, investir em formações continuadas e ferramentas para os mesmos tenham a possibilidades em ajudar seus alunos, para que o atendimento das comunidades ao redor das escolas, seja efetivo.

Projetar políticas de inclusão, plano de ação, gerando boas expectativas nos pais, nos alunos, transmitindo confiança no próprio corpo docente, que haja nas salas de aulas, materiais, espaços, amor e empatia, onde os professores sintam-se preparados tanto tecnicamente, psicologicamente e fisicamente amparados, para que possam produzir um ensino dinâmico, um resultado satisfatório e eficaz para todos.

Pois cada escola tem o papel socializador e o corpo docente um papel de se preparar pedagogicamente para que a magia do aprendizado aconteça e que todos os representantes políticos assumam o seu dever de preparar estruturalmente e adequadamente, tanto o físico quanto o orgânico.

O principal organismo de qualquer sociedade inteligente, produtiva, consciente e livre é a escola. Pois não há outro local mais plural e inclusivo que ensine o ser humano a ter a sua particularidade e subjetividade respeitadas, liberdade de expressão, criando meios e formas de aprendizagens, sempre com equidade e sem escolhas a quem ensinar, mas com justiça continuamente.

Cláudia Rodrigues dos Reis é Pedagoga/ Neuropsicopedagoga

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