Binder divulga vídeo em solidariedade às famílias das mais de 100 mil vítimas da Covid-19 

Binder divulga vídeo em solidariedade às famílias das mais de 100 mil vítimas da Covid-19  No momento em que o Brasil ultrapassa a chocante marca de 100 mil pessoas mortas por COVID-19, a Binder divulgou em suas redes sociais Instagram( @ binder ) e Facebook ( @ agenciabinder ) um vídeo em solidariedade às famílias das vítimas. A Ação inclui ainda um manifesto cem que a agência chama a atenção para a banalização dos números e a necessidade de mudanças urgentes. O vídeo de 1’40″, produzido em parceria com a Nova Onda e a Tecnopop, ressalta que os 100 mil mortos não são apenas números, mas filhas, netos, pais, mães e amigos que deixaram seus entes queridos. E que a perda de cada vida tem enorme relevância: “Mesmo que me contem como um apenas, em volta de mim, orbitam 2, 3, 4… multiplique por dor, saudade, sonho, desejo, amor, geração e meu número será mais que um“. No trecho seguinte, o vídeo alerta: “Mas ainda que sendo um, eu não sou apenas menos um aqui. Sou uma história menos. Um filho a menos para uma mãe. Uma mãe ou um pai a menos para uma filha. Um amor a menos para um amor que seria mais. Uma possibilidade a menos para uma país menos desigual”.

 

Ação inclui ainda um manifesto em que a agência chama a atenção para a banalização dos números e a necessidade de mudanças urgentes

Já o manifesto, divulgado no blog da Binder, descreve a sequência histórica dos fatos até o vírus chegar ao Brasil e lembra que “houve o choque da primeira morte, a perplexidade dos mil mortos, o estrago se impondo pelo crescimento exponencial dos óbitos, números impensáveis, como rotina“. O manifesto chama atenção também para o sofrimento de parentes e amigos das mais de 100 mil vítimas, e destaca que “na impossibilidade de dizermos a cada uma dessas 100 mil famílias o quanto essas mortes nos afetaram, podemos olhar para os que amamos e entender o sofrimento delas“. Por fim, alerta: “se ainda formos capazes de chorar por cada um dos 100 mil mortos, seremos capazes de mudar. Tente“.

Link do vídeo 

 

 

Leia a íntegra do manifesto

100 mil

Não faz tanto tempo assim. Ainda vagueiam incômodos por nossa memória os primeiros rumores sobre uma estranha doença que forçou o isolamento radical de uma grande cidade chinesa. Um novo vírus, com alto grau de contaminação e avassalador em seus efeitos sobre nós, humanos. As imagens de uma cidade abandonada se prestaram a cenário aterrorizante de especulações sobre hospitais lotados, número de mortos se multiplicando sob a perplexidade dos cientistas. Nada confortava, tudo emanava gravidade, pavor.

Demorou para que a China alertasse a OMS sobre a descoberta do vírus, mas demorou menos para que a OMS reconhecesse a já nomeada Covid-19 como uma pandemia. Jamais nossas manhãs seriam as mesmas, tomadas agora de espanto e insegurança. Em pouco tempo o vírus se espalhou pela Europa, acumulando mortos em números cada vez mais impressionantes. E foi ganhando mundo, transformando tudo. Era questão de tempo – pouco – para que chegasse aqui entre nós. Um planeta interconectado tem sua ecologia própria, todos se interdependem, o outro é uma extensão viva de cada um. Ouve-se pela primeira vez falar-se em isolamento e quarentena como impositivo de sobrevivência. A pandemia ensinava: salvar o outro é salvar a si próprio. Poderia ter sido assim. Simples. Mas não foi. E os números da tragédia foram se encorpando.

Houve o choque do primeiro morto, a perplexidade dos mil mortos, o estrago se impondo pelo crescimento exponencial dos óbitos, números impensáveis, como rotina. Como se medem mortes para que as mortes passem a não nos desconfortar? Quantos 11 de setembro? Quantos terremotos? Quantos aviões por dia? Quantas guerras? Exaustos pelo isolamento ou ameaçados pelas sequelas do desemprego, entregues ao acaso por um desencontro entre as orientações dos diferentes governos, o brasileiro voltou às ruas e, com sua volta, realimentou a proliferação do vírus e os números trágicos de seu rastro de morte. Será possível naturalizarmos números tão aterradores? Esquecermos que a doença é devastadora? Que sequer os órgãos podem ser doados? Que é mortalmente intransitiva, que fecha um ciclo em que vida nenhuma pode ser gerada a partir da destruição que provoca, nem mesmo a vida lembrada pelo ato de despedida de quem se ama?

Há mais vida perdida quanto mais valorizamos o que a vida tem de arrebatadoramente simples. Um afeto, um estar à disposição dos amigos, uma palavra de conforto, um carinho espontâneo. Quanto há de vida perdida em cada morte? O quanto se perde por não poder mais contar com quem nos dá sentido ou rumo? Quantos afetos roubados, quantos possibilidades extraídas dos que viviam no entorno dos 100 mil?

Na escalada chocante das mortes contadas em milhares, muito já se comparou com tragédias conhecidas, tragédias que nos fizeram chorar nossa dor mais sofrida. Mas toda morte para quem perdeu tem um sentido devastador de 100 mil mortes. Na impossibilidade de dizermos a cada uma dessas 100 mil famílias o quanto essas mortes nos afetaram, podemos olhar para os que amamos e entender o sofrimento delas.

James Baldwin, um dos líderes intelectuais da luta pelos direitos civis das minorias raciais nos EUA, aprendeu, no calor da luta, que é mais fácil chorar que mudar.

Se ainda formos capazes de chorar por cada um dos 100 mil mortos, seremos capazes de mudar.

Tente”.

Beto Sales, diretor de planejamento estratégico da Binder

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *