Apoio de prefeitos: a carta na manga de Rose de Freitas

Num vídeo gravado no gabinete da senadora Rose de Freitas (MDB), em Brasília, o prefeito de Baixo Guandu, Lastênio Cardoso (SD), após listar os recursos recebidos para o município, fez uma conclamação: “Rose sempre nos apoiou, sempre nos ajudou. Acho que nós agora temos que dar o valor a tudo que ela fez por nós até hoje, o que está fazendo e vai continuar fazendo se Deus quiser”, diz o prefeito.

O prefeito esteve em Brasília em busca de verbas federais para o município. Disse que recebeu recursos para a saúde e para o calçamento de vias e não poupou elogios a Rose.

“É uma grande senadora, de muito trabalho e municipalista. Rose, muito obrigada por tudo, o povo de Guandu vai reconhecer tudo que você fez por nós. E está fazendo ainda”, disse o prefeito. O vídeo foi postado nas redes sociais da senadora.

Ainda nesta terça-feira (10), a senadora também foi anfitriã da visita à capital federal do prefeito de Jerônimo Monteiro (PSD), Sérgio Fonseca. Ele também gravou um vídeo de agradecimento à senadora e listou os recursos que recebeu: uma emenda de R$ 500 mil para uma praça, uma patrol de R$ 1,150 milhão, a aquisição de uma ambulância no valor de R$ 250 mil e R$ 500 mil para o custeio da saúde.

“É muito importante essa parceria com a nossa senadora Rose de Freitas. Muito obrigada, senadora. A senhora sempre nos deu apoio, sempre ajudou, com o maior carinho, o nosso município de Jerônimo Monteiro”, disse ele em vídeo também postado nas redes sociais e compartilhado em grupos de conversas.

As manifestações não são isoladas. Há três semanas, na 23ª Marcha dos Prefeitos, a equipe da senadora produziu um vídeo de mais de nove minutos com depoimentos de prefeitos, secretários, vereadores e equipes técnicas municipais sobre o empenho e as articulações de Rose para destravar recursos nos ministérios.

“Rainha do Espírito Santo”, “madrinha dos prefeitos”, “mulher guerreira” foram alguns dos adjetivos que os representantes de pelo menos 14 municípios usaram para descrever a senadora. Entre os depoimentos, menções de apoio ao desafio que Rose tem em outubro: se reeleger para mais oito anos no Senado Federal. “Que ano que vem nós possamos voltar, com você, de novo no Senado”, disse um dos prefeitos.

A fama de Rose, principalmente no interior, é de ser municipalista. E isso vem desde que ela era deputada federal. Um dos motivos seria por ter o gabinete, em Brasília, e a casa, em Vitória, sempre abertos para receber e atender lideranças municipais. “Os prefeitos sempre ficam muito à vontade”, disse Eleardo Brasil (PSB), prefeito de Divino de São Lourenço num dos depoimentos do vídeo de Rose.

As demandas vão desde maquinário para a agricultura até a instalação de um Ifes que, para saírem do papel, dependem de indicação de emendas por parte da bancada e da boa vontade do governo federal de abrir o cofre. Além da fama de municipalista, Rose também é vista como uma boa articuladora nos ministérios, independente do governo vigente. E ela, como política experiente, sabe vender isso a seu favor.

Em entrevista para o programa “De Olho no Poder”, na rádio Jovem Pan News Vitória, Rose disse que tinha o apoio de mais de 60 prefeitos, num contexto de validação da sua pré-candidatura. Nem de longe Rose cogitou não concorrer ao Senado que, esse ano, promete ter uma disputa acirrada.

Além do MDB, outros partidos como PP, Podemos, Avante e PSDB querem indicar o nome ao Senado na chapa que deve ser encabeçada pelo governador Renato Casagrande, à reeleição – ele ainda não admitiu ser candidato, mas seu partido (PSB) conta com isso.

Rose preside o MDB, um partido grande nacionalmente, com muitos recursos e tempo de TV para a campanha eleitoral, mas que no Estado está bastante esvaziado. Com a saída de nomes de peso da sigla, o MDB vai para a eleição sem chapas competitivas e com parte da militância desmotivada pelo baixo desempenho nas urnas e pelas brigas internas que fragmentaram e fragilizaram a legenda.

Rose tem como trunfo o apoio de boa parte dos prefeitos. A questão é saber, porém, qual o peso desse apoio diante de outros concorrentes. E se isso fará a diferença, por exemplo, na escolha de quem deverá receber a bênção do Palácio Anchieta para disputar na chapa do governo do Estado.