Pros destitui presidente, sai da coligação de Casagrande e fecha com Audifax

Audifax no lançamento da sua candidatura a governador no ano passado – crédito: Victor Mateus

Em mais uma reviravolta no partido que já virou sinônimo de instabilidade, o Pros protocolou na tarde de sábado (13) uma nova ata na Justiça Eleitoral desfazendo as decisões tomadas na convenção do partido que definiu que a legenda iria coligar com o governador Renato Casagrande (PSB), na chapa à reeleição.

Uma Comissão Provisória Estadual assumiu na última quarta-feira (10), após mais uma mudança no comando nacional da legenda, e se reuniu na sexta-feira (12), quando decidiu caminhar com o candidato ao governo pela Rede, Audifax Barcelos.

“Considerando a possibilidade de alteração das coligações majoritárias até o prazo final para requerimento de registros de candidaturas; foi resolvido por unanimidade primeiro tornar sem efeito a formação da coligação majoritária ao governo do Estado com o PSB e PSDB e segundo constituir a coligação majoritária para concorrer ao cargo de governador com a federação dos Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e Rede Sustentabilidade (Rede), sendo pré-candidato ao governo estadual do Espirito Santo o senhor Audifax Barcelos”, diz a ata.

Ontem, o partido protocolou uma petição no TRE pedindo que o Pros fosse excluído da coligação “Juntos por um Espírito Santo mais forte”, que é a coligação de Casagrande, e que isso constasse no portal “Divulgacand”, do TSE. “A agremiação informa que em reunião especial realizada no dia 12/08/2022, a atual Comissão Provisória Estadual decidiu tornar sem efeito a constituição/integração de coligação majoritária para concorrer ao Governo do Estado com o PSB e PSDB, conforme ata anexa”, diz trecho do documento.

Decisão do TSE

Nacionalmente, o partido está mais bagunçado do que um balaio de gato. No último dia 10, o TSE confirmou, por 4 votos a 3, e numa sessão extraordinária, a decisão liminar (provisória) dada pelo ministro Ricardo Lewandowski, no dia 5, que determinou o retorno de Eurípedes Gomes Júnior à presidência nacional do Pros.

Com isso, no mesmo dia, o prefeito Luciano Pingo, que presidia a legenda no Estado, foi destituído e foi formada uma Comissão Provisória Estadual sob o comando de Geraldo Magela Fernandes. Ele, então, convocou uma reunião para a noite de sexta-feira com o novo comando que decidiu por desfazer a coligação firmada com Casagrande para seguir com Audifax.

O ex-prefeito da Serra já tinha alinhavado essa aliança em âmbito nacional e até chegou a anunciá-la, mas à época Luciano Pingo e o agora ex-presidente nacional Marcus Holanda assinaram uma nota desmentindo o prefeito e afirmando que a legenda estaria com o governador. O Pros até marcou sua convenção para o mesmo dia (31 de julho) e local (Álvares Cabral) da convenção do PSB, para confirmar a aliança, mas deixou uma brecha na ata que permitiu a reviravolta de agora.

Na convenção, o partido delegou poderes à Comissão Provisória para tomar novas decisões. “Foi aprovado por aclamação que o Pros-ES participará das eleições 2022 como partido coligado nas eleições majoritárias para o governo e para o Senado Federal sendo aprovado também por unanimidade plenos poderes à Comissão Provisória Estadual do Pros-ES para fazer as coligações majoritárias junto aos partidos que estarão coligados”, diz a ata do dia 31.

Nacionalmente, o ex-presidente Marcus Holanda prometeu ir ao STF para retomar o comando do partido, uma vez que isso implica também na candidatura presidencial. Com Holanda, o Pros tem Pablo Marçal como candidato a presidente da República. Já com Eurípedes, a situação está indefinida. Nos corredores, Eurípedes e seu grupo têm a intenção de apoiar o ex-presidente Lula (PT).

No Estado, a saída do Pros da coligação do governo não muda muita coisa para Casagrande, uma vez que a chapa só pode somar, em seu tempo de TV, o tempo dos seis maiores partidos. Mas, muda muita coisa na chapa de Audifax, que soma cada segundo para tentar fazer uma campanha viável e competitiva.

No sábado, Audifax apresentou sua chapa com a vice Tenente Andresa (SD) e o candidato ao Senado Nelson Júnior (Avante). O Psol, federado à Rede, também terá candidato ao Senado, com Gilbertinho Campos na disputa.

Audifax foi procurado e confirmou que o partido fechou com ele. O advogado do novo comando do Pros, Ludgero Liberato, também confirmou. Pingo e o presidente do PSB capixaba, Alberto Gavini, não retornaram aos contatos da coluna.

No último dia 8, a coluna noticiou as indefinições e interferências nacionais na eleição estadual. Amanhã (15) é o último dia de prazo para mudanças nas atas das convenções partidárias. Em se tratando do Pros, até o último minuto, tudo pode acontecer.