GIRO POLÍTICO: Câmara com dois presidentes, de aliado a opositor em uma semana e Cadeeso define apoio ao governo

Armando Fontoura e Davi Esmael / crédito: Câmara de Vitória

Câmara de Vitória tem dois presidentes?

O vereador de Vitória Armando Fontoura (Podemos), que foi eleito presidente da Câmara de Vitória mas só toma posse no ano que vem, já está “assinando” como presidente do Legislativo. Ao entregar homenagens de honra ao mérito para o deputado estadual Hudson Leal, Armandinho assinou como presidente da Câmara de Vitória.

Armandinho foi eleito presidente, no último dia 1º de agosto numa eleição com chapa única, para presidir a Câmara de Vitória no biênio 2023-2024. Mas, ele já tem participado de algumas decisões da Casa.

Foi ele, por exemplo, quem enviou para a Prefeitura uma proposta de orçamento da Câmara para o próximo ano no valor de R$ 76 milhões (aumento de R$ 44 milhões com relação a esse ano), que foi reduzido para R$ 40 milhões após um princípio de confusão com agentes de endemias e com o prefeito, que condicionou o aumento salarial para os servidores se a Câmara reduzisse o valor do orçamento.

 

Homenagem concedida por Armandinho a Hudson

Em postagens de redes sociais, ele também já se apresenta como presidente. O ministro da Justiça, Anderson Torres, escreveu no Twitter que colocou as forças federais à disposição do governo do Estado com relação aos ataques a ônibus ocorridos na terça-feira (11). Armandinho comentou: “Ministro, como presidente da Câmara da Capital protocolei hoje em seu ministério um pedido de intervenção federal no ES e que seja enviada a Força Nacional para garantia da lei e da ordem”.

Num vídeo gravado em frente a um ônibus ainda em chamas, Armandinho novamente se identificou como presidente da Casa, para dizer que pediu intervenção federal no Estado. “Eu como vereador e presidente da Câmara de Vitória…”.

A coluna questionou a Câmara de Vitória se a posse de Armandinho tinha sido antecipada e se o vereador já respondia pela presidência, ou se a Casa estava com dois presidentes atuando, uma vez que o vereador Davi Esmael (PSD) responde pela presidência do Legislativo até 31 de dezembro.

Davi Esmael disse não ver “nenhum problema” em Armandinho assinar como presidente da Câmara também. “Não há crise nisso, estamos na transição. Temos dois presidentes, um eleito e outro em exercício. Isso é uma característica da antecipação da eleição da Mesa Diretora, que ocorreu em 1º de agosto. Mas ele toma posse em 1º de janeiro (2023)”.

Comentário do vereador à postagem do ministro da Justiça

Davi, que além de ser o presidente atual da Câmara também é advogado, disse que Armandinho está começando a falar pela Câmara em atos políticos. Mas que não assina nenhum ato administrativo. Questionado se os certificados de “honra ao mérito” têm validade, disse que “na opinião” dele, têm.

Dois advogados que já foram procuradores de casas legislativas foram ouvidos pela coluna e afirmaram, categoricamente, que presidente eleito só se torna presidente de fato após a posse. Até lá, não pode responder pela Câmara. Armandinho foi procurado por meio de sua assessoria, mas não quis se manifestar.

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De aliado a opositor em uma semana

O agora ex-subsecretário de Gestão de Programas e Projetos, da Secretaria de Estado de Trabalho (Setades), Vitor Otoni gravou um vídeo, no dia da eleição, pedindo votos para Neucimar Fraga (deputado federal), para Casagrande (governador) e para Bolsonaro (presidente). “Esses candidatos eu confio, eu acredito. Todos eles têm capacidade de trabalho, capacidade de resultado e de gestão”, disse ele no vídeo que foi postado em suas redes sociais.

Porém, na sexta-feira após o 1º turno, Neucimar – seu padrinho político – deixou o apoio a Casagrande e declarou voto em Manato para o segundo turno. No mesmo dia, mesmo ocupando o cargo de subsecretário – que é um cargo de confiança com salário de R$ 10.537,80 –, Vitor também publicou em suas redes sociais apoio a Manato. “Hoje meu líder político Neucimar Fraga tomou uma decisão, iremos de Manato para governador no Espírito Santo”.

Postagem de Vitor Otoni foi compartilhada por antigos aliados como fake news

Como consequência, o Diário Oficial da última segunda-feira (10) trouxe as exonerações de cargos comissionados indicados por Neucimar no governo, incluindo o subsecretário Vitor Otoni, conforme noticiou a coluna.

No dia seguinte (11), quando Vitória foi cenário de ataques a ônibus e de uma guerra de narrativas políticas, Vitor publicou uma mensagem, também nas redes sociais, culpando o governador. “Governador, essa baderna de hoje foi permitida por você”, escreveu na postagem.

Antigos colegas de Vitor Otoni no governo estranharam a mudança de postura abrupta e chegaram a postar em grupos de conversas um print da postagem de Vitor, afirmando ser fake news.

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Maior convenção da Assembleia de Deus declara apoio a Casagrande

O governador Renato Casagrande (PSB) recebeu, na manhã da última terça-feira (11), apoio da Cadeeso – a maior convenção das igrejas evangélicas Assembleia de Deus do Estado, que reúne cerca de 5 mil ministros, 380 igrejas e 800 congregações.

O apoio veio após uma reunião na sede da Cadeeso, em Vila Velha, com o presidente da convenção, pastor Arnaldo Candeias, e outros sete membros da liderança. A assessoria do governador confirmou o apoio e a Cadeeso também. “Avaliamos a gestão do governador Renato Casagrande e entendemos que tem feito bem ao nosso Estado”, disse o pastor Rafael Ferreira, presidente da Comissão Política da Cadeeso.

Ele disse que o apoio no segundo turno eleitoral reafirma o apoio dado no primeiro turno e que a instituição vai, em breve, se pronunciar oficialmente. Para presidente, a Cadeeso apoia Bolsonaro.

O voto evangélico é um dos mais disputados nessa eleição e pode fazer a diferença, tanto na disputa para o governo do Estado quanto para a disputa presidencial.

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Religião e Política em debate

O programa De Olho no Poder, que vai ao ar às 16h de hoje (13) na rádio Jovem Pan News Vitória, vai abordar a fé e a política em tempos de eleições, o voto religioso, a pauta de costumes, os rachas e brigas nas igrejas por causa de política, a instrumentalização da fé e o que as pesquisas têm mostrado sobre a preferência do eleitor religioso.

Para o bate-papo estarão presentes o pastor e cientista da religião Kenner Terra e o professor e doutor em Sociologia João Gualberto, que vão compartilhar estudos e pesquisas recentes sobre o tema. Para ouvir, basta sintonizar na 90.5 MHz, baixar o aplicativo da JP News Vitória nas lojas virtuais ou clicar aqui.