Viaduto de Carapina, Aquaviário e Terceira Ponte: o capital político por trás das obras de mobilidade

Terceira Ponte / crédito: Secom/ES

O governador Renato Casagrande (PSB) entrega neste domingo (27) a ampliação da Terceira Ponte e a Ciclovia da Vida num grande evento que contará com pedalaço, show musical e de luzes, ato religioso e o tradicional discurso das autoridades.

Inaugurada há exatos 34 anos (em 23 de agosto de 1989) a Terceira Ponte vai contar com mais duas pistas – de quatro vai passar para seis – e uma ciclovia que tem como objetivo, além de ser mais uma alternativa para o trajeto entre Vitória e Vila Velha, evitar ou ao menos diminuir os casos de suicídio no local.

Recentemente, a Rodosol divulgou que o número de suicídios zerou de outubro do ano passado para cá, desde que foram colocadas grades de proteção que cercam a ciclovia. Era um pleito antigo, de grupos da sociedade civil organizada e de parte da classe política, a instalação de uma proteção para que um dos principais cartões postais do Estado não fosse usado como trampolim para a morte.

Embora já exista um debate colocado e uma preocupação por conta do afunilamento das pistas, a expectativa do governo é aumentar o fluxo de veículos em 40%, tornar o trajeto mais seguro com redução de acidentes e diminuir o gargalo na Terceira Ponte, principalmente nos horários de pico.

Trata-se de uma obra grandiosa, com investimentos na ordem dos R$ 180 milhões. Mas ela não é a única. A nova Terceira Ponte, que será entregue hoje, completa um pacote de grandes obras e intervenções do Estado na mobilidade da Região Metropolitana.

Aquaviário e Complexo de Carapina

Inauguração do Aquaviário / crédito: Helio Filho/Secom

No domingo passado (20), o governo inaugurou o novo Aquaviário. Desativado há mais de duas décadas e com o início do funcionamento adiado por oito vezes por diversos motivos – até políticos –, o novo modal transportou oito mil pessoas na primeira semana e, até o momento, tem repercutido positivamente entre a população.

É claro que ainda precisa de alguns ajustes, como por exemplo, o horário de funcionamento. Se o novo modal vem para desafogar o trânsito, não tem muita lógica parar de funcionar às 18h, justamente quando a maior parte dos trabalhadores está voltando para casa.

Outro ponto a ser discutido é a possibilidade de mais estações de embarque e desembarque, como uma no Centro de Vitória. Mas, é consenso que a volta do Aquaviário veio para somar.

Outra obra de impacto foi entregue no dia 22 de julho: o Complexo Viário de Carapina, que consistiu na construção de um viaduto, de ciclovia, praça, playground, academia, campo de futebol, calçadas, além da ampliação das faixas da Rodovia das Paneleiras. O governo espera que o trânsito ali melhore em 50%, desatando o nó que se forma na principal via de ligação entre a Serra e a capital do Estado.

Assim como nas outras obras, ajustes também precisam ser feitos, principalmente após um carro despencar do novo viaduto e cair em cima do campo de futebol recém-inaugurado – por sorte ou por Deus, ninguém estava no campo no momento do acidente. Não se pode negar, porém, que se tratam de três obras de peso e priorizadas pela população.

Em setembro do ano passado (durante o período eleitoral), uma pesquisa da Futura Inteligência, realizada a pedido da Rede Vitória, mostrou quais eram as áreas que os eleitores gostariam que fossem priorizadas pelo governo. A mobilidade urbana apareceu entre as cinco principais.

Impacto na eleição?

Inauguração do Complexo de Carapina / crédito: Hélio Filho/Secom

Por mais que tais obras já fizessem parte do planejamento estratégico do governo do Estado – uma espécie de cronograma para a execução dos investimentos –, não se pode ignorar que elas têm potencial para angariar capital político, principalmente às vésperas de uma eleição.

Não à toa que diversas figuras políticas, que já manifestaram interesse em participar do pleito municipal de 2024, afinadas ou não com o governo do Estado, se acotovelam em cima do palanque para aparecer na foto de inauguração. Hoje não deve ser diferente. Quando o filho é bonito, todo mundo quer aparecer no álbum de família como pai.

É claro que para que “a foto” se transforme em votos, as obras lançadas precisam dar certo. Precisam realmente gerar mobilidade, resolver o caos que hoje é se locomover na Grande Vitória. Precisam reduzir o tempo que o cidadão perde dentro de um transporte público, no trajeto entre a casa e o trabalho, por exemplo.

E aí, não precisa ter bola de cristal para saber que quem conseguir colar sua imagem e pegar carona na resolução dos problemas de mobilidade enfrentados hoje pela população, já sai com um passo à frente na disputa eleitoral. O que já é uma vantagem para quem vai disputar eleições que prometem ser bem acirradas, como a da Serra e a de Vitória.

Quanto a Casagrande, ele tem tudo para herdar os bons frutos dos investimentos e consolidar aquilo que pregou durante toda a campanha: de ter um mandato realizador, com novas ideias e entregas. Nos primeiros oito meses do segundo mandato, num intervalo de um mês, o governador conseguiu cumprir as principais promessas de seu programa de governo, na área da mobilidade urbana.

A questão é que Casagrande não é mais candidato ao governo e em 2026 vai precisar passar o bastão. Outra questão é que por terem sido lançadas no primeiro ano do mandato, ainda bastante distante da eleição estadual, é grande a chance das obras caírem no esquecimento, já que o senso comum diz que o eleitor tem memória curta, para o bem e para o mal.

O desafio do governo e da equipe que vai atuar na sucessão do governador será a de transferir esse capital político e adotar estratégias para que os anúncios de hoje se transformem em apoio político daqui a três anos. Se bem explorados, o Complexo de Carapina, o Aquaviário e a Terceira Ponte têm potencial de se tornarem eficientes cabos eleitorais. A conferir.

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