CHEFE BONZINHO OU LÍDER JUSTO?

Nesta ultima quarta feira (22/06/2011) o Santos Futebol Clube, depois de longos anos de espera volta ao pódio da Libertadores de América. Minha proposta não é falar de futebol e sim de gerenciamento, ou seja, do tão falado “coaching”.

Em minhas palestras e cursos pelo Brasil a fora venho falando das habilidades gerenciais, motivação da equipe e conseqüentemente  dos resultados almejados pelas organizações. Tenho dito também sobre a preocupação do chefe bonzinho, daquele tipo que nunca diz não e que está sempre tentando ser uma “Márcia de Windsor”, aquela jurada loira do programa de calouros do Flávio Cavalcanti de décadas atrás que sempre dava nota máxima aos candidatos. Ela era muito boazinha e deve com isto ter atrapalhado a carreira de muita gente.

Em meio a tudo isto vem a figura de Muricy, o técnico campeão pelo Santos – odiado pelos jornalistas “meia bocas”, pelos “puxa-sacos” e outros mais. Figura de aparente antipatia, grosso e extremamente mal educado com as perguntas imbecis que lhe são dirigidas.  Mas tem uma coisa, o que queremos de Muricy?  Que ele seja bonzinho ou que ele seja justo com sua equipe, severo na disciplina (papel de educador) e comprometido com resultados (papel de líder, gerente)?  O que afinal a sociedade (torcedores e clientes) esperam dele? Será que Carlos Goshn presidente da Nissan e Renault teria sucesso passando a mão na cabeça dos funcionários no estilo MW (Márcia de Windsor)?

Veja o que diz a Wikipédia sobre Carlos Goshn e faça você mesmo sua avaliação: “Carlos Ghosn é atualmente um dos 25 executivos mais influentes do mundo. Passou a infância e a juventude no Líbano e depois na França – graduou-se em engenharia e iniciou a carreira na Michelin. Quando exercia o cargo de Presidente da Renault em 1999, recebeu a missão de recuperar a Nissan, que acumulava um prejuízo de US$ 6,5 bilhões e tinha uma estrutura pesada e deficitária. Enfrentou serenamente as diferenças culturais, transferiu-se com a familia para o Japão e, após formar um corpo de diretores de ambas as empresas, construiu um verdadeiro case de sucesso – o lucro operacional de US$ 8 bilhões transformou a Nissan na montadora com maior margem de lucro operacional do mundo (10%) 6 anos depois.

Dentre seus maiores desafios, precisou fechar fábricas e demitir cerca de 20 mil funcionários da Nissan e por isso, ficou conhecido como “cost killer”. Ao final de abril de 2007, Ghosn assumiu a presidência da Renault-Nissan, atualmente o quarto maior conglomerado automotivo do mundo, com vendas de mais de US$ 130 bilhões. Tem como meta tornar esse verdadeiro império tão lucrativo quanto a Nissan.

O estilo Ghosn se caracteriza pela rigorosa disciplina, o foco aos pontos importantes e não aos detalhes (as apresentações do seu corpo diretor nunca duram mais do que 15 minutos), a atitude de delegar, dividir sempre os processos em etapas (dando um passo de cada vez) e estar sempre informado, através do maior número de pessoas possivel.

Fala seis idiomas fluentemente: árabe, francês, japonês, inglês, português e espanhol. Seu lema: “garantir que a estratégia e as prioridades de cada companhia estejam claras. Quando se trabalha em conjunto, o resultado sai melhor”.

Em 24 de outubro de 2006 foi condecorado com o título de Cavaleiro Oficial do Império Britânico (Honorary Knight Commander of the British Empire). Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Fica a pergunta, será que Jack Welch (O Executivo do Século) é diferente?

Você deve estar se perguntando, e o que tem a ver Muricy com Carlos Goshn e até mesmo com Jack Welch. Posso dar uma dica: Liderança, vontade, muito trabalho, competência e JUSTIÇA. Nenhum deles são “chefes bonzinhos”, mas posso garantir que usam o senso de justiça, caso contrário não teriam tantos seguidores (funcionários ou atletas). Todos eles tem uma grande concentração na busca do resultado, sabem o que querem e sabem criar a atmosfera de vencedores. Andam distribuindo sorrisos por aí?  Não sei, talvez não, mas resultados sim.

Concluíndo, veja a carreira de Muricy, sua vida familiar, seus títulos e conquistas e depois faça uma avaliação ou diagnóstico do seu modo de gestão. Pode ser que aquela cara feia seja apenas um acidente da natureza.

Um comentário em “CHEFE BONZINHO OU LÍDER JUSTO?”

  1. Bom dia,
    Depois de 08 anos como vendedor, fui promovido a gerente de filial numa importante concessionária de tratores. Depois que assumi, me vi obrigado a trocar a equipe de vendas, enxugar a equipe de mecânica e delegar funções de confiança a outras pessoas na filial.
    Saímos de um resultado negativo para o positivo em 18 meses.
    O trabalho realizado me deu cartaz e recebi proposta de outra empresa concorrente do mesmo setor.
    Minha fama de “caçador de morcego”, tem atrapalhado estabelecer um ambiente de confiança nos funcionários remanescentes da antiga gerência, e o meu superior imediato não quer que eu troque os funcionários que não querem se enquadrar no pacote de mudanças que implantarmos.
    Me identifiquei muito com o post (em especial com o Muricy), pois não fico dando risada o tempo todo, não sou o chefe”coitadinho”, e sou muito direto e realista quando dou feedback aos colegas subordinados.
    Gostei de saber que esse estilo produziu outros campeões em resultados.
    Grande abraço.
    Ocimar Bispo, gerente comercial da Prodoeste tratores Massey Ferguson de Bom Despacho/MG

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