Carreira em W e as novas trilhas de crescimento nas empresas

É com grande satisfação que estamos iniciando a publicação dos melhores artigos de Victor Mirshawka Jr. Educador, escritor, consultor organizacional baseado na capital São Paulo. Agradecemos ao Victor pela disponibilidade e contribuição ao Gestão & Resultados. Vamos ao artigo de hoje.

“As empresas mudam. As expectativas dos profissionais mudam. E as trilhas de carreira desenhadas pelas organizações também precisam se modificar para atender às novas exigências.

Carreira linear, carreira em Y ou carreira em W? Qual delas se adapta melhor à realidade pela qual sua empresa está passando neste momento?

Carreira linear: para o alto e avante!

Atualmente, quando os conceitos de carreira em Y e carreira em W já são uma realidade, fica difícil DSC05587conceber que o caminho linear tenha sido considerado, durante tanto tempo, como única opção de crescimento nas empresas.

O profissional começava nos cargos de estagiário/aprendiz e ia conquistando novos postos de acordo com suas capacidades e habilidades, passando pelas funções de analista/operador, depois coordenador/supervisor e seguindo em direção à gerência e diretoria.

É fácil perceber que as oportunidades de sucesso eram escassas e iam se afunilando cada vez mais.

Historicamente, foi assim que as empresas se comportaram em décadas, no que diz respeito à ascensão e reconhecimento profissional.

Carreira em Y: para a direita ou para a esquerda?

Mas a inovação chegou, trazendo uma realidade interna diferente para as organizações e exigindo maior especialização de seus profissionais.

E muitos desses profissionais altamente técnicos começaram a esbarrar num dilema ao atingir um determinado ponto de suas trilhas de carreira: subir para um cargo de liderança ou permanecer como especialista em sua área de excelência.

A carreira em Y, precursora da carreira em W, surgiu como solução para esse impasse, criando uma bifurcação.

Ela proporciona a oportunidade de desenvolvimento para técnicos qualificados, mas que não têm o perfil ou interesse em assumir posições de liderança. Podem, assim, ocupar os cargos de especialista, consultor ou conselheiro, ganhando o mesmo status e equiparação salarial em relação àqueles que optaram por seguir o outro braço do Y como gestores e líderes, com funções gerais administrativas e de gestão de pessoas.

Antes da carreira em Y se consolidar nas empresas, muitos especialistas com alto potencial técnico fracassaram ao assumir postos de comando, porque não tinham e não queriam desenvolver habilidades e comportamentos de liderança. Isso significava perda de talentos para as empresas e falta de perspectivas de crescimento para esses profissionais.

Carreira em W: em todas as direções e sentidos

O conceito de carreira em W surgiu na década de 1980, caiu em certo esquecimento nesse meio Imagem 038tempo, mas ressurgiu agora com maior força e já está presente em empresas de renome, que encontraram nesse modelo as soluções para resolver diversos impasses que as organizações vêm enfrentando na gestão de carreiras, sobretudo por causa das inovações tecnológicas e das novas formas de se encarar o mundo do trabalho, com a introdução de metodologias como trabalho colaborativo, gestão do conhecimento, etc.

A carreira em W estreou no mundo corporativo principalmente em empresas de tecnologia, justamente por serem as mais inovadoras nos modelos de gestão de negócios e de pessoas, exigindo, portanto profissionais com um perfil diferenciado, que consigam aplicar ao mesmo tempo as habilidades administrativas, gerenciais e comportamentais de um líder e o conhecimento altamente técnico e específico de um especialista.

À medida que esses novos modelos de gestão estão se expandindo para empresas de outros segmentos, o conceito de carreira em W está seguindo junto e hoje é uma realidade em organizações com diferentes perfis.

Multidisciplinaridade

A carreira em W apoia-se em dois pilares fundamentais: multidisciplinaridade e mobilidade.

A figura do gestor de projetos reflete muito bem o aspecto multidisciplinar da carreira em W.

Para ser um gestor de projetos, o profissional precisa ter alta capacidade técnica naquilo que faz, mas também capacidade de liderança, para integrar, motivar e extrair o melhor resultado da equipe multifuncional que ele tem que gerenciar.

Precisa ainda entender de custos, logística, marketing, etc., de forma a compreender como o projeto a ser desenvolvido se encaixa nas estratégias mais amplas de negócio da empresa.

Esse mesmo profissional que é líder em um determinado projeto, pode em outro momento fazer parte da equipe multidisciplinar liderada por um colega.

Isso atende ao novo conceito de trabalho colaborativo em que, numa mesma empresa, os profissionais se agregam em equipes diversas para atender às necessidades, ocupando diferentes posições em cada uma delas.

Mobilidade

A carreira em W também atende à outra expectativa dos novos profissionais: o de mobilidade interna tanto vertical quanto horizontal dentro da organização.

No modelo da carreira em W, os profissionais são treinados e preparados para ter conhecimento não só no que se refere ao setor em que atuam no momento, mas também em relação a todas as áreas Digitalizar0009com as quais eles se relacionam e interagem em seu dia a dia de trabalho, adquirindo conhecimentos multidisciplinares e sistêmicos.

Isso torna mais fácil migrar de um setor para outro, no mesmo nível de seu cargo atual. É o caso, por exemplo, de um analista de cargos e salários que decida se tornar um analista financeiro.

Pode ser que para um determinado profissional, a satisfação num certo momento de sua carreira esteja em mudar de área e abarcar novas habilidades.

A carreira em W permite a mobilidade não só vertical, mas também horizontal e transversal.

O profissional que é gestor e técnico ao mesmo tempo tem assim a oportunidade de crescer tanto verticalmente, alcançando posições superiores, quanto horizontalmente, mudando de área e adquirindo novos conhecimentos e capacidades.

Transparência e autogestão

Uma vez que as trilhas de carreira, nas várias direções, estejam desenhadas e a capacitação necessária para caminhar em cada uma delas esteja definida, o processo de crescimento na empresa ganha transparência, dando aos profissionais a oportunidade de concorrer às vagas internas em igualdade de condições, autogerenciando sua própria trajetória.

Dessa forma, muitos talentos internos podem ser revelados e revalorizados.

DSC02163O desenho da letra W traduz a complexidade que os planos de carreira e sucessão terão que apresentar daqui em diante para refletir as mudanças nos organogramas das empresas, com trilhas de carreira alternativas e, por vezes, específicas para atender às necessidades de gestão de pessoal próprias de cada organização.

O conceito da carreira em W encaixa-se também perfeitamente nos anseios dos novos profissionais que estão em busca de desenvolvimento contínuo, mobilidade, adesão a projetos em vez de áreas ou departamentos, capacidade de ser multitarefa e de ter visão holística e oportunidades de vivenciar desafios tanto gerenciais quanto técnicos.

De repente, você já está aplicando o conceito de carreira em W, pelo menos em algumas áreas de sua empresa, e só não se deu conta de que esse era o nome.

Fonte: Victor Mirshawka Jr. Professor universitário, autor, palestrante, consultor e gestor educacional.

Ilustrações: Getulio A. Ferreira

Um comentário em “Carreira em W e as novas trilhas de crescimento nas empresas”

  1. Meu nome é Robert Rigaud.
    Sou o idealizador da carreira em W.
    A carreira em W não foi idealizada pensando em gestores ou líderes. A carreira em W foi por mim idelaizada para tornar as trilhas de carreiras exponenciais mais fáceis de serem explicadas e trilhadas.
    A carreira em W permite a qualquer profissional crescimento horizontal e vertical. A carreira em W permite que os profissionais atuem em carreiras genericas, técnicas de nível médio, tecnólogo (nivel superior), e carreira de especialidade.
    Depois que lancei em meus cursos a ideia de uma nova visão de carreira, distribuindo os cargos de forma exponencial em forma de W, muitos outros artigos foram lançados, porém nenhum deles sabem explicar a verdadeira aplicabilidade nas empresas.
    Meu conceito parte da divisão e distribuição dos cargos de acordo com sua importância para o negócio. A letra W tem quatro pernas, poderia também ser uma letra M, mas, o significado do W é a junção de dois Ypslons (YY), partindo do conceito de carreira em Y.
    A letra W tem quatro pernas, onde cada perna comporta um aglomerado de cargos, da seguinte forma:
    1ª perna do W – Cargos genéricos, tais como Auxiliares, Assistentes, Analistas, Supervisores, Coordenadores, Gerentes;
    2ª pena do W – Cargos de nível médio técnico;
    3ª perna do W – Cargos de nível tecnólogo;
    4ª perna do W – Cargos de nível especialista – bacharelado.
    Para empresas que possuem planos de Cargos e Salários, a distribuição desses cargos dentro da matriz salarial torna-se muito mais fácil. Um Tecnólogo Júnior poderá entrar na mesma linha horizontal de salário de um Analista Sênior. Pois entendemos que o Tecnólogo Jr, é mais importante do que um Analista Pleno, mas comparado, em termos de responsabilidade, conhecimentos, entre outas competências, a um Analista Sênior.
    Os cargos do futuro, e o futuro é hoje, precisarão de profissionais qualificados em tecnologia exponencial. Os profissionais do futuro irão trabalhar com aplicativos gestores, para os mais diversos trabalhos a distância, de sua casa, campo, praia, viajando, sem a presença de um gestor.
    Dentro dessa linha de raciocínio, podemos montar excelentes tabelas salarias.

    Robert Rigaud

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