BLOQUEIOS À CRIATIVIDADE

Do nosso colaborador, Professor Horácio Soares.

Antigamente criatividade era considerada um dom de Deus, limitada a uns poucos escolhidos. Nos anos 60, os artistas eram considerados criativos, enquanto as outras profissões sofriam com bloqueios. Na década de 70, acreditava-se que, com estímulos, algumas outras profissões poderiam ser criativas. Hoje em dia, já se sabe que todos podem ser criativos.

Segundo Roberto Mena Barreto, publicitário e escritor do livro – Criatividade no trabalho e na vida – criatividade é: “uma função psicobiológica. Tem apenas que ser reativada, reanimada, treinada.”

Para Abraham Maslow, um dos psicólogos mais proeminentes do século vinte, “O homem criativo não é um homem comum ao qual se acrescentou algo. Criativo é o homem comum do qual nada se tirou”. Ele chama a atenção para a influência poderosa das forças adversas presentes na nossa cultura e criação que nos impendem de desenvolver e realizar o nosso potencial criativo.

Assim, para reanimar e reativar a criatividade neutralizada pelas forças adversas presentes em nossa criação e cultura, é fundamental que eliminemos frases, expressões, paradigmas, conceitos e preconceitos tão presentes em nosso dia-a-dia, e que limitam e bloqueiam a criatividade.

Vejamos alguns dos clássicos bloqueadores da criatividade:

– Não vai dar certo!

Quando surge uma idéia nova, logo aparecem “colegas” dizendo que “não vai dar certo”, “é muito caro”, “nós nunca fizemos isto”, “para que mexer no que está funcionando”, etc. Poucos sabem dar oportunidade a uma nova idéia, principalmente se, à primeira vista, ela tiver um formato diferente dos padrões.

“ Esqueça, Louis; nenhum filme sobre a Guerra Civil jamais rendeu um níquel. (Irving Thalberg, diretor de produções da MGM, para Louis B. Mayer sobre a compra dos direitos do romance… E o Vento Levou).”

– Isso não tem a menor lógica.

“A mente enfrenta uma nova idéia da mesma forma que o organismo enfrenta um elemento estranho, resistindo com similar energia”. William Beveridge

– Siga sempre as normas.

O BigMac,o mais popular sanduíche do mundo, responsável pelo estouro de vendas do McDonald´s a partir de 1967, foi criado quando um operador da lanchonete Pittsburg, Jim Delligatti, violando uma regra de ouro da cadeia de lanchonetes, e agindo à revelia da direção da McDonald´s, partiu para oferecer um sanduíche maior! (Veja de junho de 1978).

“A desobediência é uma virtude necessária à criatividade.”
Raul Seixas

– Cuidado para não pagar um mico.

Um ambiente de medo e críticas não é compatível com um criativo. Para criar, é fundamental que se tenha liberdade para perguntar, duvidar, errar, fazer e expor idéias sem constrangimento, mesmo que algumas pareçam sem sentido.

– É proibido errar.

Só erra quem faz! Jack Welch, ex-presidente da GE, conta em seu livro “Jack Definitivo” que durante o seu segundo ano de trabalho foi responsável pela explosão de um laboratório, não houve vitimas. Ao contrário do que pensava, não foi penalizado, foi promovido. Oito anos depois, era escolhido presidente GE. Jack foi presidente durante 10 anos e eleito por diversas entidades como o empresário do século 20.

– Brincar é falta de seriedade

O bom humor é um dos principais ingredientes da criatividade. Em uma brincadeira dos engenheiros da WV, surgiu o projeto do novo fusca. Na sede da Microsoft em Seatle, os funcionários podem trabalhar de bermuda, camiseta, enfim, como quiserem. Em dias ensolarados – que naquela região são raros – podem-se ver grupos jogando basquete ou fazendo churrasco, em pleno horário comercial.

– Isto não é da minha área, cada macaco no seu galho

Pequenas ilhas dividem a empresa. Imaginem um barco a remo, onde cada um dos remadores rema em uma direção diferente. Para onde vai este barco?

É preciso aproveitar as oportunidades, e muitas vezes ela mora na baia ao lado.

– Eu não quero mudar! Time que está ganhando não se mexe.

Quanto maior a vantagem e liderança de uma empresa, maior é a importância de inovar e mudar. Temos que administrar, e se possível, ampliar a vantagem sobre a concorrência.

“O grande paradoxo da inovação é que o maior de todos os riscos é não inovar, nunca fazer alguma coisa nova.” Nolan, 1989.

– Eu não sou criativo

“Idéias todo mundo tem. Como é que entram na cabeça da gente? Entram porque a gente lê, observa, conversa, vê espetáculos.”
(Ruth Rocha)

– É impossível. Não dá para fazer!

Antes de abrir a Amazon.com, Jeff Bezos passou um mês pesquisando novos produtos e mercados, para uma importante empresa do mercado financeiro em Nova York. Após intensa pesquisa, propôs que deveriam abrir em Seatle uma livraria virtual para vender livros via Internet. Como seu chefe não achou um bom negócio, Bezos pediu demissão e abriu a Amazon.com utilizando suas economias e de alguns familiares. A Amazon é hoje o maior caso de sucesso de comércio eletrônico, e Bezos, um dos homens mais ricos dos Estados Unidos.

“É totalmente impossível que os nobres órgãos da fala humana sejam substituídos por um insensível e ignóbil metal.” (Jean Boillaud, da Academia Francesa de Ciências, a respeito do fonógrafo de Thomas Edison, 1878)

– Isto não serve para nada!

Um cientista ao tentar criar uma super cola, acabou inventando uma muito fraca e que aparentemente não servia para nada. Conversando com um amigo, descobriu que ele tinha um problema que talvez sua fraca cola pudesse ajudar. Eles acabaram criando o Post-It.

“Não existe nenhuma razão para alguém querer um computador em sua casa.”
-Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp., 1977

– Santo de casa não faz milagre

Procure identificar e incentivar os talentos de sua empresa, você ficará surpreso com o resultado.

– Não vamos inventar a roda

“Depois que nomearmos nossos gerentes, deixemos que eles reinventem a roda. O mundo está mudando tão depressa que sempre iremos precisar de rodas diferentes para terrenos que mudam.” Paul Van Vlissingen *

– Vai custar muito caro

Quando a cadeia de fast-food Habib´s tinha apenas 11 lojas, o Sr. Saraiva, criador da rede, detectou um problema que comprometia todo seu empreendimento. Mesmo com investimento em treinamento e padronização das suas receitas, cada uma das lojas tinha sabores diferentes. Para solucionar o problema, tomou uma medida radical: em apenas três meses, criou uma central de produção que passou a produzir e distribuir seus lanches. Perdeu um sócio nesse processo, em compensação, resolveu o problema da padronização e ainda cortou custos fixos com a diminuição das cozinhas. Hoje são mais de 260 lojas Habib´s no Brasil e México.

– Seria uma mudança muito radical.

Há alguns anos, a empresa que conhecemos hoje pela sua excelência na produção de aparelhos celulares, a Nokia, fabricava papel higiênico. Foi necessária muita coragem, força de vontade e competência para promover uma mudança tão radical.

Estes são alguns dos bloqueadores da criatividade, mas cuidado, existem muitos outros. Precisamos estar sempre atentos, um bloqueador pode vir camuflado de boas intenções. Manter a cabeça aberta a novas idéias, não se deixar influenciar pelo pessimismo alheio, os preconceitos e paradigmas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *