O FUNDAP E A VAQUINHA MIMOSA

A cada dia que passa fica mais difícil a guerra entre o governo do ES e o governo federal na questão do FUNDAP. Só se fala em perdas, demissões de funcionários, queda nos investimentos, arrecadação, etc. e tal. O ambiente é de crise e pessimismo.

Lembrei-me  da história da VAQUINHA MIMOSA que tanto usei no planejamento estratégico das campanhas do então Deputado Federal Iberê Ferreira de Souza, lá nas “lonjuras” do nordeste, especificamente no RN.

Um velho técnico, mestre da sabedoria e do conhecimento das coisas da terra, (acho que era da INCAPER) passeava por uma região pobre e seca das terras capixabas com seu jovem discípulo (estagiário da área dos estudos do agro negócio), quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre, e resolveu fazer uma breve visita.

Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas ao interior do estado, e das oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.

Chegando ao sítio constatou a pobreza do lugar, sem acabamento, casa de taipa, cacimba quase seca, e os moradores, um casal e três filhos, vestidos com roupas sujas e rasgadas. Aproximou-se do matuto, que parecia ser o pai daquela família, e perguntou: “Neste lugar não há sinais de pontos de comércio, programas de governo, nem de trabalho. Como vocês sobrevivem”?

De forma calma e tranqüila o matuto deu a resposta:

“Meu senhor, temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte nós vendemos ou trocamos na cidade mais próxima por outros gêneros de alimentos. Com a outra parte fazemos queijo, coalhada, requeijão, etc., para o nosso consumo… e assim vamos levando nossa vidinha por aqui e acolá”.

O velho técnico agradeceu a informação, contemplou o lugar por uns momentos, despediu-se e foi embora. No meio do caminho, em tom grave, ordenou ao seu fiel discípulo, o novo estagiário da sua empresa:

“Tá vendo aquela montanha depois da porteira? Pegue a vaquinha, leve-a até o precipício e empurre-a lá para baixo”.

Em pânico, o jovem estagiário ponderou ao velho mestre que a vaquinha era o único meio de sobrevivência daquela família. Percebendo o silêncio do mestre, sentiu-se obrigado a cumprir a ordem. Assim, empurrou a vaquinha morro abaixo, vendo-a morrer de forma horrível e ao mesmo tempo espetacular.

Essa cena ficou marcada na memória do jovem durante vários anos. Certo dia, ele decidiu largar tudo o que aprendera e voltar ao mesmo lugar para visitar àquela família, pedir perdão e ajudá-los.

Quando se aproximava, avistou um sítio muito bonito todo murado, com árvores floridas, carro na garagem, motocicleta nova e algumas crianças brincando no jardim. Ficou desesperado imaginando que aquela humilde família tivera que vender o sítio para sobreviver.

Apertou o passo e ao chegar lá foi recebido por um caseiro simpático, a quem perguntou sobre a família que ali morou há alguns anos.

“Continuam morando aqui”, respondeu rapidamente o caseiro.

Surpreso, ele entrou correndo na casa e viu que era efetivamente a mesma família que visitara antes com o velho técnico, seu instrutor e coordenador. Depois de elogiar o local, dirigiu-se ao senhor que era o dono da vaquinha que havia morrido:

– “Como o senhor conseguiu melhorar este sítio e ficar tão bem?

A resposta veio com entusiasmo:

– “Tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu. Choramos uns três meses seguidos e ficamos muito tristes, mas aconteceu algo milagroso. Daí em diante, tendo a Mimosa morrido com o tombo, tivemos que aprender a fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos”. Passamos a plantar mamão, café na encosta, aipim, abóbora entre outras coisas, fizemos reforma nas cercas, criamos uma grande área de capim para fazer ração pros animais, passamos a criar frangos em parceria com uma grande empresa abatedora, entramos no programa de compra direta do governo, enfim, passamos a pensar e agir nas oportunidades que anteriormente a gente não via, pois a vaquinha mimosa era uma espécie de muro aos nossos olhos.

E completou feliz:

– “Assim, conseguimos conquistar o sucesso que seus olhos vêem agora”!

Moral da história:

Todos nós temos uma “vaquinha mimosa”, que nos dá as coisas básicas para sobreviver, mas que nos obriga a conviver com uma cega rotina. Este vaquinha pode ser uma aposentadoria, um benefício de governo, uma herança recebida, enfim, tudo aquilo que pode nos levar ao comodismo, e em especial o nosso famoso e querido FUNDAP que durante tantos anos nos deu um certo nível de competitividade. De repente, quem deu resolveu tirar, e agora? A vaquinha Mimosa do ES morreu?

Neste caso, como fazer?

O nosso querido ES é um estado repleto de oportunidades. Temos grandes empresas de renome internacional como são Vale, Arcelor, Aracruz, Samarco, Coimex, e tantas outras. Temos uma das melhores áreas portuárias do mundo e toda uma logística de integração com o agronegócio na região central do Brasil. Ao mesmo tempo temos um alto volume de commodities que estão esperando investimentos em tecnologia para a necessária agregação de valor, o que vai significar no futuro um grande salto em termos de melhoria do PIB estadual, IDH, competitividade e principalmente na área da Sustentabilidade e Qualidade de Vida. É a nossa chance de mostrar ao país, que a vaquinha do Fundap pode ser trocada pela inteligência, planejamento, execução competente e gestão de alto nível. É o nosso PDCA agindo em direção a melhoria contínua do estado do ES. É isso, trabalho com inteligência e persistência nos objetivos.

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