LIDERANDO A INOVAÇÃO – da criatividade aos resultados de competitividade

CRIAR E INOVAR

Pontos importantes na condução de programas e projetos de inovação na empresa como diferencial competitivo. As reflexões abaixo tem como fonte, o livro LIDERANÇA PARA A INOVAÇÃO de John Adair, Laselva Negócios, além de outras fontes relevantes como o Manual dos Círculos de Controle da Qualidade, Getulio A. Ferreira, CST 1988, e a revista Época Negócios, Editora Globo.

. A inovação é mais do que ter idéias novas: ela inclui o processo de apresentá-las satisfatoriamente ou fazer as coisas acontecerem de uma maneira nova. Ela transforma as idéias em produtos ou serviços úteis, praticáveis e comerciais. Podemos também considerar que a inovação é o passo adiante da criatividade, e nesta definição a criatividade é somente uma parte do elo inovador, ou seja, sem aplicação prática a criatividade se perde.

Kotler e De Bes, alertam para os cuidados com a ideia de que a inovação está presente somente em casos radicais de deslumbrantes produtos ou serviços. As conseqüências deste foco podem ser desastrosas, pois a pressão sobre os funcionários os paralisa completamente, e em muitos casos poderão não se arriscar e, em vez de prejudicar a carreira, as pessoas, irão preferir ocultar suas ideias.

. Como é ilustrado pela própria natureza, a maioria das mudanças acontece gradualmente. A inovação  abrange esse aprimoramento gradual das idéias e formas existentes, assim como produtos e serviços e também a comercialização de novas invenções ou criações. A exemplo de uma bola de neve, essas mudanças logo se somam a um programa de inovação contínua. Portanto, no conceito das mudanças e melhorias contínuas surge o KAIZEN ao estilo japonês, onde processos e produtos são continuamente melhorados até atingir o seu limite máximo. Atingindo o ponto máximo do Kaizen, entram investimentos em novos processos (ruptura) e ou novos produtos inovadores.  Nossa experiência com o Total Quality Control-TQC, da então CST (1980 a 1994), hoje Arcelor Mittal, confirma a prática de que as inovações ocorrem devido a necessidade das mudanças. Ou seja, algo que incomoda, desafia, instiga…

. Os programas de mudanças positivas exigem líderes administrativos. A mudança cria a necessidade de lideres; os líderes tendem a produzir mudanças. Embora a inovação seja um processo natural, ela será muito mais eficaz se for conduzida adequadamente. Isso significa que deve ser bem recebida, planejada, controlada, monitorada e, acima de tudo, direcionada para os fins da organização. O Dr. Deming é claro nos seus 14 pontos ou fundamentos da busca da excelência nas organizações, sendo o primeiro deles direcionado a postura de comprometimento da alta administração. Sem comprometimento e liderança, nada e nenhum projeto corporativo irá funcionar, e aí está o processo da inovação por toda a empresa.

. Evite mudar só por mudar, pois isso raramente compensa. Alterações ou modificações impensadas podem levar a uma perda da qualidade básica de um produto ou serviço. “Tentando melhorar” escreveu Shakespeare, “muitas vezes estragamos o que é bom.” Neste ponto, é importante considerar o desempenho histórico e estatístico do processo ou produto em questão. Nossa experiência mostra que a “cautela científica” é importante, mas não pode nos condicionar ao imobilismo.

. Poucos de nós podem ou devem se tornar pensadores criativos profissionais, como inventores, artistas, compositores ou escritores, mas podemos todos participar da criatividade da inovação em equipe. Toda participação ou papel na história de transformar idéias em uma realidade útil requer criatividade, imaginação, experiência e inventividade. “ A inovação tem muito que ver com a capacidade de reconhecer fenômenos surpreendentes e incomuns” Herbert Simon, Prêmio Nobel de Economia. Nossas reuniões com Fumio Mashiyama, engenheiro e supervisor do Total Quality Control e Thinking Groups da Kawasaki Steel Corporation – KSC Japan, nos levaram a criar um slogan que seria mais tarde, norteador de todas as ações na empresa, “todos pensam, todos participam”, ou seja, a capacidade de criar e inovar independe da formação acadêmica ou posição hierárquica – todos tem este direito.

“A criatividade é responsável pelo crescimento econômico sustentável. Isso é o que traz riquezas no longo prazo” Jonah Leherer, autor de Imagine – how criative works.

. Para criar e inovar é preciso pensar em:

  • O BOM HUMOR AJUDA – um ambiente descontraído produz mais do que um ambiente carrancudo. Descobertas recentes levam a crer que sim.  Quando o cérebro está se divertindo, diz Leherer, abre-se a porta para abordagens inusitadas dos problemas.
  • O MAU HOMOR É ESSENCIAL – O mau humor compra a passagem para a viagem criativa. A criatividade só faz sentido se for para mudar algo que estejamos insatisfeitos. A frustração pode ser o início do processo criativo.

  • O PODER DA MISTURA – Melhorias são obtidas a partir da ação de um time de funcionários que encontram soluções para problemas da rotina. Aqui está a oportunidade de atuação de grupos de melhorias, CCQs e outras modalidades de participação no modo KAIZEN.
  • O VALOR DO VAZIO – O domínio dos hábitos nos tornam mais eficientes, mas tolhem nossa percepção. A eficiência na tarefa nos torna mais eficientes enquanto executores, mas ao mesmo tempo inibe o que não conhecemos – e aí é que está a inovação.
  • ESTAR PREPARADO – “não basta que a bola chegue livre na boca do gol: é preciso estar lá.” É preciso estar de plantão permanente para não perder uma única boa ideia.
  • ESTAR NO AMBIENTE CERTO – Pessoas que estão em grande metrópoles tem acesso a uma atmosfera rica em experiências e conexões, portanto muito propícia ao auto-desenvolvimento. O mesmo pode ocorrer em empresas visionárias e empreendedoras na formação deste clima positivo e inspirador.
  • ENCONTRAR OS LIMITES – nas empresas os projetos precisam de parâmetros. Sem eles, como saber por onde começar?
  • NEGAR OS LIMITES – Mirar num limite ou objetivo muito além das próprias capacidades é um meio de acionar recursos e repertório que sabemos que possuímos. Na verdade, somos muito mais eficientes do que imaginamos.
  • REPETIR E REPETIR – A ideia da Disney é baseada na melhor performance da repetição. Todos tem um “script” que deve ser seguido, entretanto a cada ano a repetição se torna incrivelmente nova para aqueles que vão ao parque uma, duas , três … várias vezes.

Concluindo, e sabendo o que significa a INOVAÇÃO, percebemos que a liderança, o ambiente, a devida capacitação metodológica e o desafio (superação dos limites), podem nos levar a condição de inovadores, ou quem sabe, de inventores de uma nova ordem, processo ou produto. Vamos à luta – se todos pensam, todos podem inovar.

Fontes:

Adair, John – Liderança para a Inovação

Época Negócios – no. 63 – Maio 2012

Ferreira, Getulio A. – Ferramentas de Qualidade e Criatividade e o Manual dos Círculos de Controle da Qualidade  – Leoprint Editora – CST

Kotler, Philip e De Bes, Fernando Trías – A Bíblia da Inovação – Lua de Papel Editora

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