Maio 2021
17
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

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porLuan Sperandio

"Estamos seguros", afirma Casagrande.

“A receita cresceu bem nos quatro primeiros meses do ano. Não vemos ainda nenhuma ameaça à receita do estado em 2021. A princípio estamos seguros”, disse à coluna Renato Casagrande. Ele explica que no ano passado, quando houve uma redução de R$ 1 bilhão nas receitas, em virtude da pandemia, houve compensação a partir de recursos do governo federal. “Tivemos muita ajuda do governo federal no ano passado, mas este ano os gastos com saúde podem ser o ponto frágil porque credenciamos muitos leitos, sem que houvesse repasse correspondente”, explica.

Apesar disso, ele e o Secretário de Inovação e Desenvolvimento Econômico, Tyago Hoffmann manifestam otimismo.

“A atividade econômica não será menor este ano do que no ano passado e não há nada diferente do que está aí para termos queda de receita. Além da arrecadação do ICMS ter aumentado, o aumento do preço do barril do petróleo também ajuda as contas públicas do Estado do ES”, afirma Hoffmann. “Além disso, com o crescimento da vacinação, vemos ânimo no mercado, com o aumento da confiança do empresariado e dos consumidores”, finaliza.

Números fiscais do ES

O aumento da atividade econômica registrado em 2019 contribuiu para um aumento de 14,6% nas receitas. Enquanto isso, o endividamento do ES se manteve em R$ 7 bilhões. É o equivalente a 44% da Receita Corrente Líquida (um patamar que representa quase metade do apresentado pela União). Em um universo em que nove estados ultrapassaram o limite posto pela Lei de Responsabilidade Fiscal e 11 entes federativos que aderiram à renegociação de dívidas não respeitaram o teto de gastos, a situação capixaba é bem distinta: a folha de pagamento do estado compromete 46% das receitas correntes, 14 pontos percentuais abaixo do limite determinado pela LRF. Vale lembrar que o gasto com pessoal cresceu 3,6%.

Ainda, enquanto a média de investimentos dos entes federativos registrou uma queda de 18,6% em 2019, o ES aumentou a alocação de investimentos em 15%. Além do ES, apenas seis estados conseguiram cumprir todas as metas de ajuste fiscal presentes no Programa de Reestruturação e de Ajuste Fiscal (PAF).

Vale ressaltar que o rombo da previdência do ES registrou aumento de 7%, chegando ao montante de R$ 2,4 bilhões. Entretanto, foi aprovada a reforma da previdência estadual em 2019, mitigando a questão ao desacelerar o crescimento da despesa previdenciária. Por outro lado, em 2019, o estado também terminou o ano com superávit primário recorde de R$ 1,6 bilhão. Vale lembrar, contudo, que 80% desse valor se deu em virtude de receitas extraordinárias provenientes de petróleo.

Outro fator relevante é que ao longo do ano passado, o ES cairia no conceito A para C no Tesouro Nacional, após anúncio da suspensão de quitação de dívidas junto à União, devido às dificuldades financeiras impostas pela pandemia. Contudo, em decisão judicial, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o rebaixamento do selo fosse invalidado. Após três meses de revisão, foi determinado que o Estado retomaria a nota máxima, ingressando novamente na categoria de bons pagadores em 2020.

Responsabilidade fiscal do ES ajudou no combate à Covid-19

Pesquisa do Instituto Mercado Popular apontou que o ES era menos vulnerável à Covid-19. O resultado se deu em virtude das condições que possibilitaram a nota A do Tesouro Nacional, indicadores sociais e econômicos positivos, além da infraestrutura hospitalar. Como o estado tinha dinheiro em caixa, pôde investir mais rapidamente na aquisição, por exemplo, de respiradores e leitos.

Também contribuiu, nesse sentido, decisão liminar do início de abril do Supremo Tribunal Federal, que possibilitou a suspensão do pagamento de parcela de dívida do ES com a União no valor de R$ 10,9 milhões. Outros 11 entes federativos também conseguiram o benefício para enfrentar o cenário de crise sanitária provocado pela pandemia.

Além disso, com o recrudescimento da pandemia nos primeiros meses deste ano, o governo do ES arquitetou o maior fundo de combate a pandemia e distribuição de crédito para empresas de todos os portes. O próprio governador Renato Casagrande destacou que o equilíbrio das contas públicas foi fundamental para que tais medidas fossem viabilizadas.

Responsabilidade fiscal ajuda na retomada econômica 

Em situações em que o orçamento está comprometido com o pagamento de salários e aposentadorias, os entes federativos possuem menos possibilidades para realizar investimentos que permitam maior desenvolvimento econômico. Mas mais do que isso, o equilíbrio fiscal é essencial para a atratividade de investimentos privados. O motivo é que o Selo de Bom Pagador estadual também influencia na avaliação das empresas estabelecidas naquela região. Não é coincidência, portanto, o movimento de migração de empresas de outros estados para o Espírito Santo que vem se verificando em especial desde 2017.

É mais um fator para o ES manter as contas públicas equilibradas, buscando a melhoria da qualidade do gasto público e priorizando áreas essenciais como estratégia institucional de atração de investimentos.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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