Hartung e Casagrande seguem na disputa pela paternidade do equilíbrio financeiro do Espírito Santo

Por Weverton Campos ([email protected])

Mais de dois anos se passaram desde o fim das eleições de 2014, quando os capixabas decidiram – de 53% a 39% dos votos válidos – não dar mais um mandato ao então governador Renato Casagrande (PSB) e devolver a Paulo Hartung (PMDB) o Palácio Anchieta. Mas nem o tempo, que dizem curar tudo, foi suficiente para dissipar as trocas de farpas entre os antigos aliados. Hoje adversários, governador e ex disputam a responsabilidade pelo equilíbrio das contas do Espírito Santo, que difere de outros Estados que se encontram praticamente falidos, sendo Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul alguns exemplos. Na manhã desta terça-feira (27), quando Hartung concedeu coletiva de imprensa para divulgar um balanço de sua gestão neste ano, aconteceu apenas mais um ‘round’ dessa ininterrupta disputa, que tem vistas a 2018. Tanto na coletiva como na publicação que divulgou com dados do balanço, Hartung frisou bastante que ao final de 2014, segundo ele, o Espírito Santo marchava firme e rapidamente para a desorganização das contas públicas, com déficits crescentes. Segundo a equipe econômica montada pelo peemedebista, um dos fatores que mais contribuiu para esse déficit foi o grande crescimento das despesas correntes, que se encontrava acima do índice de ampliação das receitas. A folha de pessoal, por exemplo, teria saltado de R$ 260 milhões em 2010 para R$ 430 milhões na época do período eleitoral. “Tenho que alertar que quando tomei posse estávamos indo em direção ao precipício. Conseguimos distanciar um pouco, mas nossa margem é pequenina”, declarou Hartung a fim de justificar sua política de austeridade, que fez questão de pregar a todos os prefeitos eleitos e reeleitos do Espírito Santo, e reafirmá-la.

Versão socialista

Como Casagrande não quer ficar a ver navios, tendo em vista a pretensão de retornar ao Palácio em 2018, correu logo para, mais uma vez, dar sua versão dos fatos. Em nota enviada à imprensa, o também presidente da Fundação Mangabeira criticou Paulo Hartung, que teria atacado sua gestão durante o balanço. Segundo Casagrande, o Espírito Santo está em situação confortável não porque se operou um milagre em um ano de gestão, mas porque criou uma cultura de responsabilidade fiscal, responsável por mantê-lo equilibrado. “A herança deixada pela administração que liderei até 2014 foi extremamente responsável e permitiu que o Estado estivesse em melhor situação que a maioria dos estados e municípios brasileiros. O déficit registrado em 2013 e 2014 não significou doença fiscal, porque acumulamos recursos suficientes e liquidamos todas as despesas no exercício, mesma prática adotada por ele [Paulo Hartung] nos exercícios de 2009 e 2010, cujo déficit acumulado somou mais de R$ 1 bilhão”, diz parte do texto divulgado pelo socialista.

Mapa

O Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) divulgou nesta semana um mapeamento da agenda política de Hartung e Casagrande, embasado com dados coletados do Facebook entre janeiro e julho deste ano. O resultado da pesquisa foi a construção de um dicionário de termos que, segundo o laboratório, ajuda a rotular temas (atividade política, avaliação de governo, demandas sociais, infraestrutura, interação com o leitor, meio ambiente…) e subtemas (governo Dilma, crise econômica, direitos humanos, obras públicas…) da política institucional das duas lideranças. A pesquisa completa pode ser conferida aqui.

De mudança

Josias da Vitória (PDT) está de malas prontas para o PRB. O deputado estadual estaria, inclusive, conversando com lideranças políticas no Estado, a fim de fortalecer a sigla para 2018. Da Vitória, que mais cedo ou mais tarde deve oficializar a mudança, mira a Câmara dos Deputados na sigla de Devanir Ferreira (PRB), já que teria pouco espaço no PDT de Sergio Vidigal.

Rejeitado

A Câmara Municipal de Viana não aprovou todas as propostas enviadas pelo prefeito Gilson Daniel (PV) no plano da reforma administrativa. Não foram admitidos os artigos 17 e 18, que pretendiam preencher, com cargos comissionados, a diretoria executiva do Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Viana (Iprevi) e criar o cargo público de assessor técnico previdenciário, que também seria destinado a comissionados.

Faltou discussão

Segundo fontes ouvidas pela coluna, o motivo da rejeição aos artigos foi a mobilização dos servidores do Iprevi junto à Câmara. Eles alegam que não foi feita uma prévia e ampla discussão das modificações apresentadas pelo Executivo.

Novo prefeito

Com a anulação do diploma do segundo colocado, Adriano Ramos (PMN), e a espera do julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do deferimento ou indeferimento do registro de candidatura de Anderson Pedroni (PSD), a Prefeitura Municipal de Fundão pode ter no comando o vereador Eleazar Lopes (PCdoB). Isso porque são grandes as chances do comunista ser eleito o presidente da Câmara Municipal, em chapa formada com Angela (PV) e o Professor Flávio (PRP). Eles trabalham para ser chapa única, com o apoio de três vereadores da oposição.