Contarato se aproxima de Casagrande. Estarão juntos em 2022?

O governador Renato Casagrande (PSB) esteve no sábado (16) em Alegre para anunciar a oferta de procedimentos oftalmológicos na região Sul do Estado. O evento contou com a presença de diversas lideranças políticas locais, deputados, e seria só mais uma agenda do governo se algo não tivesse chamado tanto a atenção: a presença do senador Fabiano Contarato (Rede) no evento.

E não só a presença. Contarato chegou junto com o governador, de helicóptero, teve espaço de fala no palanque e fez elogios à gestão de Casagrande – recebendo, em troca, também elogios do governador ao seu mandato no Congresso.

A aproximação entre os dois e a troca de afagos chamou a atenção de aliados do governador, que disseram à coluna nunca terem visto postura parecida entre eles – embora, um dia antes, no 5º Encontro Folha Business, essa proximidade já fosse notada: Contarato chegou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e participou de uma reunião privada com o presidente do Senado e o governador.

O estranhamento dos aliados é motivado por episódios do passado. Em 2014, Contarato era candidato ao Senado pelo PR (hoje PL) na chapa de apoio à reeleição de Casagrande. Porém, em julho daquele ano, ele desistiu da candidatura, se desfiliou do partido, fez críticas ao governo do Estado e declarou apoio ao ex-governador Paulo Hartung – que foi eleito e lhe retribuiu o apoio em 2018, quando Contarato foi eleito senador pela Rede.

Agora, porém, os sinais dão conta de que 2014 são águas passadas e que os dois podem caminhar juntos na eleição do ano que vem. Ao menos é essa a aposta do PSB. Até porque há uma leitura no mercado político de que a candidatura do senador ao governo tira votos de Casagrande à reeleição e divide o campo progressista.

“Esse episódio (2014) já está superado, principalmente com a postura dele (Contarato) com relação a Bolsonaro. Só com isso já superou tudo. O PSB admira muito o trabalho do senador, a forma como ele se coloca no mercado nacional e, claro, tem interesse em que ele se filie ao partido e esteja junto com Casagrande”, disse o presidente do PSB capixaba, Alberto Gavini.

Segundo ele, Contarato já recebeu diversos convites para fazer parte dos quadros do PSB. “Eu já conversei com ele, o governador também e o presidente nacional, o Siqueira, também o convidou para se filiar ao partido. O PSB não tem senador. Mas mesmo que ele vá para outra legenda, queremos essa aproximação”, disse Gavini.

Não é só o PSB que quer Contarato. PT e PDT também estão em busca de filiar o senador, que é a figura política do momento. Durante o Folha Business, Contarato perdeu as contas de quantas vezes parou para tirar fotos e abraçar pessoas da plateia. Foi elogiado publicamente por Pacheco, que citou sua atuação no Senado. Recentemente, na CPI da Covid, um discurso que fez de combate à homofobia – citando um ataque que ele mesmo recebeu de um empresário – teve repercussão internacional.

Contarato sabe o tamanho que tem, inclusive no cenário político nacional. Questionado sobre a aproximação com o governador, desconversou com uma risada. Mas disse que nos próximos dias define para qual partido irá e que isso dependeria de alguns encontros políticos marcados. Coincidência ou não, no próximo dia 25, o PSB fará uma noite de filiação. “Se ele vier será um evento nacional”, disse, otimista, Gavini.

De cima pra baixo

Embora muitas lideranças estaduais prometam mundos e fundos, a eleição de 2022 é nacional e serão os arranjos nacionais que terão prioridade na composição das chapas e na definição de candidaturas majoritárias nos estados. Portanto, o que é prometido hoje, pode não vingar amanhã!

A política como ela é…

Em 2014, quando ensaiou a candidatura ao Senado pelo PR, o senador Fabiano Contarato teve como padrinho o então senador Magno Malta (PL), a quem viria derrotar em 2018.

A política como ela é… II

Se apoiar o governador Casagrande à reeleição ou mesmo lançar seu nome ao governo do Estado, Contarato deve ter como adversário o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede), que também foi seu padrinho mas na campanha de 2018, quando foi eleito. Audifax é cotado para a disputa ao Palácio Anchieta também.