Secretário-geral do PSB diz ser “muito pouco” partido ter só uma pasta no próximo governo

Carlos Rafael, secretário-geral do PSB

O secretário-geral do PSB, Carlos Rafael, em entrevista à coluna De Olho no Poder, disse ser “muito pouco” para o PSB, partido do governador Renato Casagrande, ter apenas uma secretaria na próxima gestão. Ele também reagiu às falas constantes de legendas da base aliada de que o PSB tomaria a maior parte dos espaços no 1º escalão da próxima gestão.

“Até agora, o PSB não tem nenhuma secretaria indicada para o (próximo) governo, a não ser a da Jacqueline (Moraes, atual vice-governadora) que ainda vai ser criada. E isso é muito pouco para um partido que tem tido a responsabilidade de criar as condições de diálogo com a sociedade e com outros partidos para governar o Estado pela terceira vez”, disse Carlos Rafael, ao lembrar que tem 33 anos de militância no ninho socialista.

Segundo ele, a única indicação feita pelo partido e aceita pelo governador, até o momento, foi da atual vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB). Além dela, o PSB também teria indicado os nomes dos deputados estaduais Bruno Lamas e Freitas, que não tiveram êxito na eleição de outubro. O nome de Carlos Rafael também foi sugerido.

Não houve menção ou pedido por nenhuma pasta específica, mas havia um desejo do PSB ocupar mais espaços no 1º escalão. “Embora o mercado político fale que o PSB quer tudo, não é bem o que acontece. Os outros partidos colocaram suas pretensões de forma objetiva e clara”, disse Rafael.

Ele descarta que Nara Borgo, secretária de Direitos Humanos, e Fábio Damasceno, secretário de Transportes, ambos filiados ao PSB e que seguirão no governo, sejam da cota partidária. Assim como também não conta como do PSB a secretária de Trabalho, Cyntia Figueira, que também é socialista e deve ser reconduzida à frente da mesma pasta.

“Nara e Fábio se filiaram depois de irem para o governo, assim como a Cyntia. Nós respeitamos a Cyntia, assim como a possível decisão do governador de mantê-la, mas não é uma indicação do partido. É cota de composição do governo”, argumentou.

Questionado se as lideranças do PSB estariam chateadas ou insatisfeitas com a distribuição de espaços no primeiro escalão, Carlos Rafael respondeu: “Não, estamos confiantes e aguardando a liderança que sempre respeitamos e ajudamos, o nosso líder Casagrande. Não podemos estar insatisfeitos com algo que ainda está acontecendo, estamos aguardando”.

Menos espaço para os de casa?

A preocupação do PSB com os espaços que iria ocupar na nova gestão já foi noticiada pela coluna que apurou com lideranças socialistas que o desejo do partido era manter o mesmo espaço do início da atual gestão: duas cadeiras no primeiro escalão (Agricultura e Setades) e mais o comando de algumas autarquias.

Porém, a pasta de Agricultura não entrou na cota partidária. Ea passou pelo crivo do vice-governador eleito, Ricardo Ferraço (PSDB). Já a Setades (Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social) deve continuar com a atual secretária, Cyntia, que é filiada ao PSB.

No sábado, o governador bateu o martelo com relação ao espaço do PT, que vai comandar a Secretaria de Esporte com o ex-deputado estadual Nunes. A coluna já tinha noticiado que ele era cotado para assumir a pasta, assim como também noticiou que uma subsecretaria na pasta de Agricultura seria criada para também atender o PT. No final, os petistas vão ficar com uma secretaria e três subs.

Um dos motivos do PT não ficar com a Setades, conforme já tinha sido ventilado no mercado político, teria sido o critério de ter uma pessoa “técnica” à frente da pasta, para evitar um possível uso político. Trata-se de uma secretaria com muitas entregas, muita visibilidade e que, nos últimos governos, tinha sido ocupada por lideranças políticas.

A Setades chegou a ser oferecida para o PT, mas houve o pedido para uma indicação de alguém técnico. O critério, criado pelo governador, veio depois de ouvir pedidos de prefeitos e secretários para que a atual secretária permanecesse.

Interlocutores do governo afirmam que com a Setades e a futura Secretaria de Mulheres, o partido do governador já estaria contemplado, o que é contestado por lideranças socialistas, como Carlos Rafael. O governador já disse também, em outras ocasiões, que cada partido aliado só teria uma vaga no 1º escalão.

Apenas 5 cadeiras em jogo

Casagrande, Rodrigo Caldeira e Vidigal no Dia do Serrano / crédito: Hélio Filho

O governador já anunciou a maior parte do seu novo secretariado, faltando apenas a definição de cinco pastas. São elas: Educação (Sedu), Turismo (Setur), Tecnologia e Inovação (Secti), Meio Ambiente (Seama) e a Setades. A definição deve sair nessa semana.

Caso confirme a Setades com o PSB (a atual secretária, Cyntia), o governador vai precisar achar um espaço para acomodar o PDT e um outro para o deputado estadual Renzo Vasconcelos (PSC). Na Sedu, a cotação é para que o atual secretário, Vitor de Ângelo, permaneça. Fabrício Machado (PV) também é cotado para continuar à frente da Seama.

Restariam então a Setur e a Secti para Renzo e o PDT. Nesta segunda-feira (26), o governador esteve na Serra, por conta do Dia do Serrano e de São Benedito, transferindo a capital do Estado para o município. Ficou, o tempo todo, ao lado do prefeito Sergio Vidigal (PDT). A possibilidade é grande de já terem batido o martelo, ou melhor, fincado o mastro sobre o espaço da legenda no governo.

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