Bancadas do Cidadania aprovam entrada do Podemos na federação. Qual o impacto no ES?

Filiados do Cidadania

As bancadas federal e estaduais do Cidadania aprovaram, na quarta-feira (22), a entrada do Podemos na federação que já conta com o PSDB. A deliberação foi unânime entre os cinco deputados federais e 17 estaduais – entre eles, o presidente do Cidadania no Estado, deputado estadual Fabrício Gandini.

O martelo ainda não está batido. O debate ainda precisa acontecer nos diretórios estaduais e nacional do partido e nas outras duas legendas. A decisão final caberá à instância nacional. Mas, se depender do Espírito Santo, a decisão já está tomada. Os partidos Cidadania, PSDB e Podemos capixabas caminham a passos largos para aprovar a federação que, ao que parece, será vantajosa para os três partidos.

Na Câmara Federal, a federação do PSDB/Cidadania é hoje a 8ª maior bancada com 18 deputados eleitos. O Podemos ocupa a 12ª posição, com 12 eleitos. Se a federação vingar, o novo grupo vai continuar na oitava posição, mas com 30 deputados federais. Se o TSE aprovar a incorporação do PSC ao Podemos, ganha mais seis, o que vai fazer uma diferença e tanto nas próximas eleições, com a divisão dos recursos do Fundo Partidário e do tempo de TV.

Para o Estado, a diferença também é significativa. Na Assembleia, por exemplo, uma eventual federação entre as  legendas poderia criar a maior bancada da Casa com sete deputados – Vandinho Leite (PSDB), Mazinho dos Anjos (PSDB), Alexandre Xambinho (PSC), Fabrício Gandini (Cidadania), Allan Ferreira (Podemos), Lucas Scaramussa (Podemos) e Marcelo Santos (Podemos), que preside a Casa. Eles superariam a bancada do PL, que hoje conta com cinco parlamentares.

Na bancada federal capixaba também há ganhos. Na última eleição, a federação PSDB/Cidadania não conseguiu fazer nenhuma cadeira, mas se o Podemos entrasse, já viria na bagagem dois deputados federais – Gilson Daniel e Victor Linhalis.

Na Grande Vitória, a federação também ganharia duas prefeituras – a de Vila Velha, com Arnaldinho Borgo (Podemos), e a de Viana, com Wanderson Bueno (Podemos). “O Cidadania local votou pela federação. Vê com bons olhos, pois enxerga que há possibilidade de crescimento”, disse o tesoureiro estadual do partido, Deyvid Hehr, que acompanhou a votação e disse que há resistência em apenas três estados para fechar a nova federação.

Gandini está confiante: “Ainda vai ter uma discussão maior, mas Freire (presidente do Cidadania) acredita que essa decisão da bancada é fundamental. Nosso voto no Espírito Santo foi pela aprovação”. Ele disse acreditar que o PSDB também irá aprovar a entrada do Podemos.

Segundo o deputado federal Gilson Daniel, que preside o Podemos no Estado, a discussão está bem avançada, mas ele lembrou que a decisão será nacional.

As implicações para 2024

Mas, além das vantagens no âmbito nacional, de poder aumentar a bancada e dar um fôlego para as próximas eleições, há as implicações regionais que vão precisar de ajustes para as eleições municipais.

Se o Podemos entrar mesmo na federação, que hoje abriga o PSDB e o Cidadania, pode ser o empurrãozinho que estava faltando para que o ex-prefeito Max Filho saia do ninho tucano de uma vez.

Em entrevista à coluna, Max falou de suas insatisfações com o PSDB e sinalizou que poderia deixar a legenda. Ele também admitiu que pode disputar novamente a Prefeitura de Vila Velha no ano que vem – ele foi prefeito do município até 2020.

Uma vez federados, a prioridade na eleição municipal deverá ser pelo apoio à reeleição do atual prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, que é do Podemos. Ou seja, a entrada do Podemos na federação fecharia qualquer porta de possibilidade para Max Filho disputar a Prefeitura de Vila Velha pelo PSDB.

Se bem que mesmo sem o Podemos no grupo, hoje não há nenhuma garantia que o PSDB possa dar legenda para Max disputar. Após o desabafo de Max Filho à coluna, o deputado Mazinho dos Anjos (PSDB) o rebateu da tribuna da Assembleia, deu “tchau” ao correligionário e ainda anunciou apoio a Arnaldinho.

O presidente tucano Vandinho Leite ouviu o discurso e, ao menos publicamente, não retirou nenhuma palavra dita por Mazinho, o que significa…

As implicações para 2026

Outro ponto a ser colocado na mesa é a sucessão do governador Renato Casagrande (PSB) em 2026. Sim, parece longe, mas os observadores políticos já estão atentos aos movimentos de algumas lideranças e, no mercado, a aposta é que tanto o PSDB quanto o Podemos devem apresentar nomes para disputar o governo do Estado.

E, sendo os dois partidos da base aliada – melhor dizendo, da cúpula do governo –, PSDB e Podemos devem disputar também a bênção do Palácio Anchieta.

Nos bastidores, já ventilam os nomes de Gilson Daniel, que foi secretário estadual, e de Arnaldinho Borgo como possíveis cotados do Podemos na disputa ao governo. Pelo PSDB, a aposta é no nome do atual vice-governador e secretário de Desenvolvimento, Ricardo Ferraço.

Uma vez federados, o “casamento” é de no mínimo quatro anos, o que significa que abarca a eleição geral de 2026. E aí surge o questionamento: qual dos dois partidos vai indicar o candidato ao governo? Quem será escolhido por Casagrande?

O governador, obviamente, não vai antecipar essa escolha. Já perguntado sobre as eleições, se Ricardo poderia ser seu sucessor, ele desconversou e disse que não havia nenhum compromisso firmado para 2026. Até porque antecipar essa decisão agora pode até mesmo colocar em risco sua governabilidade.

Fato é que as decisões partidárias nacionais tomadas hoje, muitas por sobrevivência política, vão repercutir lá na frente e podem mudar o rumo de alguns projetos locais. Como já disse o presidente do PSB capixaba, Alberto Gavini, à coluna, sobre a possibilidade também do partido do governador federar com o PDT e o SD, resta aos dirigentes estaduais gerir os impactos. Sejam eles positivos ou negativos.

 

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