Federação PSDB/Cidadania define oposição ao PT e candidatura própria em Vitória, mas não descarta apoio a Pazolini

Mazinho, Vandinho e Gandini: candidatura própria em Vitória / crédito: divulgação

A cúpula da federação formada pelos partidos PSDB e Cidadania se reuniu na terça-feira (07), de forma extraordinária, para tratar sobre a eleição municipal do ano que vem. Embora falte mais de um ano e meio para o pleito, todos os olhos já estão voltados para as articulações e possíveis candidaturas. Principalmente em Vitória.

Três pontos foram definidos na reunião, que contou com a presença dos três deputados estaduais – Vandinho Leite (PSDB), Fabrício Gandini (Cidadania) e Mazinho dos Anjos (PSDB), além do tesoureiro da federação, Oziel Andrade (PSDB), e do secretário da federação, Deyvid Alberto (Cidadania):

1- A Federação seguirá unida e mantendo diálogo contínuo de forma programática, objetivando lançar candidatos na maioria dos municípios da Grande Vitoria;

2- A Federação se posicionará de forma antagônica às candidaturas do PT, lançando candidaturas ou participando de palanques de oposição aos candidatos desse partido/federação;

3- Será montado um grupo de trabalho para organizar e dialogar junto aos diretórios do PSDB e Cidadania nos municípios, visando ao pleito eleitoral de 2024.

Também ficou definido que a federação vai continuar no blocão dos aliados, mesmo tendo Gandini anunciado que não é mais da base aliada e Vandinho estando ainda insatisfeito com o governo.

Não chega a ser uma novidade o anúncio de que a federação ficará do lado oposto ao do PT. Os três deputados – principalmente Gandini – já vinham dando sinais de desconforto com o protagonismo e o espaço do PT no governo do Estado e na Assembleia. E também seguem um posicionamento já tomado em 2020, de não apoio aos petistas.

Porém, agora é oficial. Ou seja, o PSDB e o Cidadania não estarão no mesmo palanque que o PT no ano que vem. E isso levanta uma outra questão: como a federação vai se posicionar com relação ao governo do Estado, uma vez que é forte a possibilidade do PSB, partido do governador, apoiar a candidatura do PT a prefeito de Vitória por conta da aliança nacional? A federação vai romper com o governo?

PSB não deve ter candidato próprio

Em entrevista para a coluna, o presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, disse que “provavelmente” o partido não teria candidato próprio em Vitória. O presidente municipal, Fabrício Pancotto, afirmou que a prioridade é construir um projeto alternativo e competitivo, não necessariamente ter candidatura própria.

Mesmo que não tenha o nome para a cabeça de chapa da disputa, o partido garantiu que vai participar do processo eleitoral, ou seja, deve escolher um aliado para apoiar. O que deve deixar o governador Renato Casagrande (PSB) numa saia-justa daquelas, porque são muitos os aliados que devem disputar prefeituras, principalmente a da capital.

Tendo um nome do PSB no jogo, fica mais fácil se livrar da pressão por apoio dos aliados. Não tendo, a pressão tende a subir. O PT é um parceiro nacional. O deputado João Coser (PT), além de aliado, é amigo do governador. Mas o PSDB é o partido do vice – aliás, o próprio Ricardo Ferraço é ventilado como um dos cotados para disputar a Prefeitura de Vitória. A situação é delicada.

Embora a ansiedade eleitoral tenha antecipado o debate da disputa em Vitória, a decisão do PSB deve ser adiada para o ano que vem. O governo tem ciência que trazer esse debate agora para o Palácio Anchieta pode comprometer, e muito, a governabilidade na Assembleia.

O presidente do PSDB e da federação confirmou que eles continuam na base aliada. “Vamos continuar no blocão, sim. O governador não é do PT. Na campanha (2022), já fomos contra o PT. Participamos de uma aliança ampla e indicamos o vice-governador”, disse Vandinho.

“A gente ser base do governo não significa que vai estar com o governo em cada município. Ser base é para discutir as pautas do governo e não a eleição municipal. Vamos supor que o PSDB lance candidatura em Vitória… Acredito que em alguns lugares, o governador deveria ficar neutro”, disse Mazinho afirmando que é “candidatíssimo” a prefeito de Vitória. Ele também disputou em 2020, mas não obteve êxito.

“Porta está fechada só para o PT”

Tanto Vandinho quanto Mazinho confirmaram que a federação vai ter candidatura própria à Prefeitura de Vitória. Dentro do grupo há o entendimento de que a atual administração estaria mal avaliada e que é preciso uma alternativa.

Porém, numa possibilidade de não chegarem ao segundo turno e o pleito ficar novamente entre Republicanos x PT, não estaria descartado o apoio ao atual prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). Ao menos por parte de Mazinho, que já o apoiou no segundo turno de 2020.

“O que a federação quer é ganhar a eleição. Não concordamos com o retorno do PT e sabemos que a administração atual está deixando a desejar. Mas, num eventual 2º turno sem a federação, a porta está fechada para o PT, para Pazolini, não. Pelo menos, ainda não”, disse Mazinho.

O “ainda” se faz necessário por conta do tempo – falta um ano e 7 meses para o 1º turno das eleições municipais – e também por conta da posição do Cidadania que, pela postura que tem hoje, dificilmente deverá apoiar Pazolini.

Na Câmara de Vitória, um dos principais opositores do prefeito é o vereador Vinícius Simões (Cidadania) e, na Assembleia, Gandini não dá trégua, desde que perdeu a disputa em 2020.

Questionado sobre não ter um consenso interno com relação ao atual prefeito, Mazinho respondeu: “Tem que ter diálogo”. Mas, conforme o segundo ponto definido de forma unânime na reunião, a ideia é ou lançar candidato próprio ou apoiar o candidato que dispute contra o PT. Nesse ponto, Pazolini está incluído.

 

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