“Se houver um grupo político, por que não?”, diz secretário da Segurança sobre disputar prefeitura

Coronel Ramalho / Crédito: Hélio Filho

Não é de hoje que o secretário de Estado da Segurança Pública (Sesp), coronel Alexandre Ramalho (Podemos), é cotado para disputar as eleições do ano que vem. A coluna mesmo já registrou esse burburinho nos bastidores que vem desde o primeiro semestre, sendo citado até nos discursos de vereadores da capital.

Ramalho, por sua vez, vinha se mantendo calado, até para não antecipar o debate eleitoral e queimar a largada. Mas o silêncio agora precisou ser quebrado, justamente porque a presidente nacional do seu próprio partido, Renata Abreu, o colocou no centro do debate, “lançando” sua pré-candidatura a prefeito de Vitória, na última quarta-feira (27).

“Podemos lança pré-candidatura de Coronel Ramalho à Prefeitura de Vitória”, dizia o título do comunicado que o partido encaminhou à imprensa. No texto, a informação de que Ramalho ainda assumiria a presidência do Podemos na capital para organizar o grupo político. “Coronel Ramalho tem um trabalho sério e de resultado. Seu projeto será prioridade para o Podemos no próximo ano”, dizia a nota.

Nessa entrevista para a coluna De Olho no Poder, Ramalho não descarta ter a foto na urna da eleição de 2024. Pelo contrário, diz que se tiver um grupo e apoio político topa disputar o cargo de prefeito, que pode ser em Vitória ou Vila Velha. “Se houver um grupo político, por que não? Sou nascido em Vitória, moro em Vila Velha”, diz o secretário.

Muito ressentido ainda pelo resultado das eleições do ano passado – que o deixaram como 1º suplente de deputado federal –, Ramalho citou por várias vezes que caminhou sozinho durante a campanha. Dessa vez, ele diz que, se tiver um caminho pavimentado para disputar a Prefeitura de Vila Velha, pode até deixar o Podemos, já que o seu partido dará legenda para a disputa à reeleição do prefeito Arnaldinho Borgo.

Ramalho e Renata Abreu

Além do projeto eleitoral, Ramalho também fala sobre as negociações do governo com as forças de segurança sobre um reajuste diferenciado. Veja a seguir a entrevista na íntegra:

Coluna De Olho no Poder – A presidente do Podemos lançou sua pré-candidatura a prefeito de Vitória, o senhor vai aceitar o desafio?

Coronel Alexandre Ramalho – Foi uma iniciativa dela. Não fui para Brasília pra isso. Fui dar palestra no Ministério da Justiça sobre a segurança pública do Estado. Fui ao Congresso cumprimentar o Gilson Daniel (deputado), a presidente do partido e outros capixabas, aí ela tirou a foto e falou daquele jeito, mas é uma iniciativa do partido. Para entrar nesse jogo, aprendi com o jogo passado, que só se tiver apoio político, se for uma chamada, e se o nome crescer numa pesquisa.

Então, hoje você me pergunta: tem alguma coisa? Não. Falam Vitória, falam Vila Velha, porque a visibilidade da secretaria nos conduz a isso, mas eu só entraria nisso no momento que eu sair da secretaria e se houver um grupo político que acredite nisso, o que eu não tive na eleição passada. Qual apoio político que eu tive? Nenhum. Hoje, tenho grupo político? Não. Tenho apoio político? Não. Isso resume tudo.

Mas aí você me pergunta: Tem interesse? Se houver um grupo político, por que não? Sou nascido em Vitória, moro em Vila Velha, discutir os problemas da cidade numa outra perspectiva, contribuir para a cidade no campo da segurança pública sobre outras ações que saiam do calcanhar da polícia, e aí eu falo de ações sociais, de comunidade, de emprego e renda… Isso seria fantástico, mas é uma questão de se construir, hoje eu não tenho nada disso consolidado.

Mas, se você tiver apoio político, seu desejo seria disputar Vitória ou Vila Velha?

Depende, teria que ter pesquisa. Desejo é uma coisa, na verdade meu desejo é ir pra Brasília, sou primeiro suplente, não posso esquecer disso, tem pautas em Brasília que me interessam. Agora se nada disso acontecer, eu tenho que conversar, eu tenho que ver, discutir apoio político e onde seria melhor entrar.

Percebo que está no seu radar disputar o pleito…

Coloco no radar porque existem manifestações nas ruas sobre isso, porque continuo no jogo político e também pensando numa possibilidade futura. Várias pessoas chamam pra conversar, em Vitória, Vila Velha, a gente vai conversando e ver até onde realiza. O que não dá pra ser é entrar num projeto como entrei na vez passada. Aí não dá.

Você está se referindo à disputa para deputado federal ou ao ensaio para o Senado?

Depois que o partido não homologou minha candidatura para o Senado e que eu resolvi contribuir com a chapa, eu sabia que seria difícil, estava a 45 dias das eleições, mas aí eu vim sozinho. Não tive um síndico de condomínio do meu lado, as amarrações políticas já estavam todas concluídas, foi uma campanha solitária, em cima de um carrinho o dia inteiro, falando, falando…

Ramalho durante a campanha

Ainda assim, graças a Deus, pelo trabalho que a gente sempre fez na segurança pública, rendeu os 33.840 votos que ajudaram a eleger os dois deputados do partido. Dei a minha contribuição para o partido porque se naquele momento a gente sai, poderia sair com uma rejeição muito grande de toda a chapa do partido. Mas apoio para a candidatura a deputado federal, eu não tive. Nem tive grupo político como outros tiveram.

Qual seu domicílio eleitoral?

É Vila Velha.

Se decidir disputar em Vila Velha, o senhor deixaria o Podemos?

Teria que deixar o partido.

É uma possibilidade?

É uma possibilidade. Se tiver uma boa proposta, se houver uma conversa, um caminho, é uma possibilidade.

E o comando do partido na capital citado pela presidente? O senhor vai assumir o Podemos em Vitória?

Hoje eu não tenho como tocar isso, teria que sair da secretaria pra entrar de cabeça, se fosse o caso.

Mas vai indicar alguém da sua confiança?

É uma conversa que eu tenho que estreitar mais com o presidente. A gente não conversou sobre isso, tenho que ver como seria isso, se realmente vai ter total liberdade para caminhar da forma que eu entendo que tenha que caminhar, se tem alguma restrição… Tenho que entender melhor essa proposta.

Não tem data para isso acontecer, então?

Não. Não combinou nada comigo.

O governo apresentou a proposta de reajuste para as forças de segurança, mas não foi bem aceita pelas categorias. Isso te preocupa, fazendo um paralelo com os eventos de 2017 (greve da PM)?

Não vejo clima pra isso, não sinto. Mas que existe expectativa de um reajuste que faça jus ao que os operadores de segurança merecem, existe. Mas eu não estou participando diretamente das negociações até porque eu não domino números, nessa linha financeira e orçamentária do Estado, para atender o pleito das categorias.

O que eu posso dizer é que os nossos profissionais trabalham muito, se dedicam muito, é uma atividade extremamente difícil, extremamente perigosa, mas que também tem um reconhecimento do governador Renato Casagrande, que puxa a pauta de segurança para o seu gabinete. Tem uma sensibilidade do governador e as negociações estão abertas, podem chegar a um bom termo. Tenho certeza que tem a sensibilidade e o reconhecimento do governador do quanto as forças de segurança pública têm se esforçado no Espírito Santo para reverter e dar importantes resultados nos índices indicadores de violência.

Mas o senhor vai intermediar a negociação?
Não.

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