Ufes vai às urnas nesta quarta para eleger nova reitoria

Chapa 10 e Chapa 20 disputam o comando da Ufes

Professores, servidores e estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) vão às urnas nesta quarta-feira (08) para eleger o próximo reitor ou reitora, que estará à frente da instituição nos próximos quatro anos (2024-2027).

Duas chapas disputam a reitoria: a chapa 10, que tem como candidato a reitor o professor do Departamento de Química e vice-diretor do Centro de Ciências Exatas, Eustáquio Vinicius Ribeiro de Castro; e a chapa 20, que tem como candidata a reitora a professora do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento e diretora do Centro de Ciências Humanas e Naturais, Edinete Maria Rosa.

A campanha – que foi frenética e contou com muitos momentos acirrados, como o último debate que ocorreu na noite de segunda-feira (06) – terminou ontem. Os candidatos com suas vices – na chapa 10, a candidata a vice-reitora é a professora do Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais Sonia Lopes Victor e a candidata a vice-reitora da chapa 20 é a professora do Departamento de Serviço Social Maria Lúcia Teixeira Garcia – percorreram os campi pedindo voto e angariando apoios.

A votação, hoje, vai das 7h às 21 horas nos campi da Ufes em Goiabeiras, Maruípe, Alegre e São Mateus; e das 7h às 18 horas na unidade de Jerônimo Monteiro. Serão 57 urnas eletrônicas ao todo e estão aptos a votar 29.554 pessoas, entre professores, servidores técnico-administrativos e estudantes – todos com vínculo ativo com a Ufes, mesmo que estejam licenciados. Será permitido o voto em trânsito e a apuração deve começar logo após o fim da votação. A apuração Do pleito da Ufes é, porém, um pouco diferente.

Apuração

O artigo 27 da Resolução Conjunta nº 02, de 11 de setembro de 2023, da Ufes, diz que “na apuração do resultado será seguida a ponderação de 1/3 (um terço) para a categoria dos(as) docentes, 1/3 (um terço) para a categoria do corpo discente e 1/3 (um terço) para a categoria dos(as) técnicos(as) administrativos(as)”.

Ou seja, todos os votos somados dos professores têm peso de um terço. Todos os votos somados dos técnicos-administrativos também têm peso de um terço e assim é com todos os votos somados dos estudantes.

“Temos urnas separadas apenas para o voto dos estudantes, outras apenas para professores e outras para os técnicos. É uma estratégia para que se obtenha um voto paritário e para que todos os segmentos tenham voz. Na somatória dos votos, faz o fracionamento e se aplica uma média ponderada”, explicou a 1ª secretária da Comissão Eleitoral, Ana Paula Bittencourt.

O mais votado da consulta pública deve ser conhecido na quinta-feira (09), uma vez que as urnas precisam ser transportadas do interior para a capital e porque também há o voto em trânsito que será feito por meio de cédulas. Ser o mais votado, porém, não significa que o candidato se tornará automaticamente reitor.

Lista tríplice

Ana Paula explicou que quem obtiver mais votos deve encabeçar a lista tríplice que será formada no Colégio Eleitoral. “Essa eleição é uma pesquisa eleitoral para que a comunidade universitária manifeste o desejo de quem ela quer que seja o novo reitor ou reitora. O vencedor dessa eleição majoritária encabeça a lista tríplice, essa sim é votada pelo Colégio Eleitoral”.

No Colégio Eleitoral – que é composto pelos três conselhos superiores da universidade: o Conselho Universitário; o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, e o Conselho de Curadores – é aberto o prazo para que outros professores, até mesmo quem não participou da eleição da comunidade acadêmica, possam se candidatar à lista.

Uma nova votação acontece no Colégio Eleitoral que, segundo Ana Paula, costuma respeitar o resultado da consulta acadêmica. Sendo assim, a votação preenche as duas outras vagas da lista tríplice, que é encaminhada para o presidente da República, que escolhe e nomeia o reitor. A tradição, segundo Ana Paula, é que também nessa instância se respeite a escolha da comunidade acadêmica, mas isso não é regra.

“Normalmente, é respeitado o resultado da votação da comunidade, o primeiro colocado da lista é nomeado novo reitor. Isso não aconteceu nas últimas eleições, quando foi eleita uma professora, mas o Presidente da República à época nomeou outro professor para o cargo de reitor. A eleição é uma consulta, por isso é colocada como informativa e não vinculante, porque ela não definirá os nomes da lista, mas definirá o primeiro colocado da lista tríplice”, afirmou Ana Paula.

A 1ª secretária se referiu à eleição de 2019, quando a professora Ethel Maciel foi eleita pela comunidade acadêmica e ficou em 1º lugar na lista tríplice do Colégio Eleitoral, mas o então presidente Jair Bolsonaro nomeou o candidato que ficou em segundo lugar, que é o atual reitor Paulo Sérgio de Paula Vargas.

Nesse ano, Ethel, que é secretária de Vigilância em Saúde no Ministério da Saúde, entrou na disputa, mas como cabo eleitoral da chapa 20. Nos bastidores, as duas chapas teriam entrosamento com o governo federal.

“A lista tríplice será encaminhada para a União até o final do ano. A nomeação ocorre em março do ano que vem. Esperamos que seja respeitado o desejo da comunidade acadêmica”, disse Ana Paula.

O novo reitor ou reitora terá o comando de uma instituição que conta com um Orçamento superior a muitas prefeituras no Estado. Nesse ano, o Orçamento consignado da Ufes foi de R$ 1,01 bilhão, sendo R$ 22,9 milhões para investimentos. O orçamento do ano que vem ainda passará por votação no Congresso.

 

Quem disputa a reitoria da Ufes?

A coluna encaminhou para as duas chapas cinco perguntas, a serem respondidas pelos candidatos que vão disputar o voto da comunidade acadêmica hoje. Veja abaixo como pensam e o que defendem os dois pleiteantes:

  • 1) Por que quer ser reitor (a)?

Eustáquio de Castro – Chapa 10: “Por uma necessidade institucional, uma motivação

Eustáquio de Castro

institucional. Nós temos um compromisso com a Universidade, e essa é uma missão que nos é posta. Já tenho 31 anos de trabalho como docente na Ufes, atuando no ensino, pesquisa e extensão, e acredito que posso contribuir ainda mais nesse atual estágio da minha carreira, a partir de um projeto coletivo. Tenho ampla experiência em gestão, uma boa relação com todos os segmentos da Ufes e com as comunidades, e acredito que são aspectos que contribuíram para eu tomar esta decisão. A articulação com diferentes grupos dentro da Universidade e a parceria com a candidata a vice-reitora, professora Sonia Lopes, também foi essencial para construirmos essa candidatura”.

Edinete Rosa – Chapa 20: “Não é um projeto pessoal, mas sim coletivo de um movimento

Edinete Rosa

chamado ‘Ufes +’, que congrega professores, técnicos-administrativos e estudantes da Universidade. Nós queremos representar esse projeto que é o de uma universidade pública, gratuita, laica, socialmente referenciada e que tenha como princípios a autonomia universitária, a inclusão e o respeito à diversidade”.

 

  • 2) Quais suas principais propostas?

Eustáquio de Castro – Chapa 10: “Temos como eixos estruturantes a inclusão, a assistência estudantil, a acessibilidade, a permanência e o desenvolvimento sustentável, priorizando sempre a ciência em prol das demandas de nossa sociedade; fortalecer o tripé ensino-pesquisa-extensão, associado a uma gestão democrática, participativa, transparente e comprometida com o interesse público; defender uma instituição mais solidária, inclusiva, plural, comprometida com ações inovadoras, com a produção científica de qualidade e com a formação de profissionais, cientistas e cidadãs/ãos em sintonia com as demandas da sociedade; ampliar canais mais amplos de articulação com os mais diversos setores da sociedade e, principalmente, de escuta sensível aos setores sociais mais vulneráveis”.

Edinete Rosa – Chapa 20: “Temos quase 400 propostas de ações que foram geradas ao longo de sete meses de escuta da comunidade. Estão em torno, principalmente, de maior e melhor assistência estudantil, com melhorias necessárias para o Restaurante Universitário (RU), ampliando o acesso e melhorando os serviços prestados; tratamento igualitário dos alunos dos diversos campi, hoje não é assim; investimento maior na saúde do trabalhador e da trabalhadora e dos estudantes. Também focamos numa modernização da instituição e desburocratização. Outra questão é a infraestrutura que está muito abandonada: salas de aula, laboratórios… Temos que investir na modernização desses espaços e na preservação. Algumas obras estão paradas, precisamos retomá-las. Buscaremos recursos também externos à Universidade. Essas são as principais metas que teremos nos próximos anos”.

 

  • 3) Como foi a campanha?

Eustáquio de Castro – Chapa 10: “Iniciamos nossa campanha com um grupo amplo que reuniu diferentes movimentos internos da Ufes, que representam múltiplas vertentes políticas e perspectivas. O debate neste grupo apontou a composição da nossa chapa e, a partir disso, iniciamos uma ampla escuta dos três segmentos (estudantes, docentes e técnico-administrativos em Educação) nos quatro campi da Ufes. Também utilizamos um formulário online para coletar propostas e sugestões, que foram sistematizadas para a construção do nosso programa. Dessa forma, fizemos toda a nossa campanha de forma positiva, ética e transparente, apresentando nossas propostas, apoiadores e diferenciais”.

Edinete Rosa – Chapa 20: “A campanha foi muito boa, com muita adesão dos estudantes, técnicos e professores. A proposta da chapa, que tem duas mulheres, foi muito bem aceita pela comunidade. Vamos completar 70 anos no início do ano que vem e nunca tivemos uma reitora empossada. Tivemos uma reitora eleita e não nomeada no governo passado. Estamos muito empolgadas e confiantes na vitória”.

 

  • 4) Tem o apoio de alguém? Quem?

Eustáquio de Castro – Chapa 10: “Somos uma chapa construída de forma coletiva, a partir de

Eustáquio e aliados

diferentes grupos internos da universidade, diretores de centro e representantes estudantis. Temos apoio de docentes de outras universidades que ocupam ou ocuparam cargos de vice-reitoras, como as professoras Diana Azevedo, vice-reitora da Universidade federal do Ceará, e Célia Fagundes, ex-vice-reitora da Universidade Federal de Ouro Preto, além de pesquisadores nacionais e internacionais. Também há representantes de movimentos sociais e de institutos públicos”.

Edinete Rosa – Chapa 20: “Temos o apoio do movimento ‘Ufes +’, que congrega docentes,

Edinete e aliados

discentes e técnico-administrativos dos quatro campi da Ufes, apoio de movimentos sociais, de mulheres, de movimento negro, dos LGBTQIA+, dos Atingidos pelas Barragens, Direitos Humanos, movimentos de cultura… Nossa chapa tem como distintivo a união da Universidade com a sociedade, temos apoio da Findes e de outras iniciativas, de mulheres inovadoras, apoio de vários reitores e reitoras de universidades e de pesquisadores internacionais, que acreditam no nosso potencial”.

  • 5) Com relação à atual administração (reitoria) da Ufes, você é opositor (a) ou aliado (a)?

Eustáquio de Castro – Chapa 10: “As eleições dentro da Universidade funcionam de modo distinto dos pleitos políticos convencionais, de fora, pois há certa mobilidade de docentes e técnico-administrativos em diversas instâncias de poder. No caso da reitoria, o cargo é ocupado por docentes, que exercem a gestão de forma articulada com os três conselhos superiores da Ufes, com representação dos sindicatos, dos centros de ensino e da representação estudantil, o que nos permite dizer que precisamos trabalhar sempre de forma coletiva e crítica tendo como objetivo garantir o bom funcionamento da Universidade com responsabilidade”.

Edinete Rosa – Chapa 20: “Sou oposição, com todas as letras maiúsculas”.

 

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