CAMINHOS DA COMPETITIVIDADE

COMPETITIVIDADE – Os problemas de sempre

Dando prosseguimento às análises dos resultados do estudo de competitividade IMD, segundo artigo Época Negócios, as principais deficiências em competitividade apresentadas pela economia brasileira apontadas pelo ranking são velhas conhecidas: infraestrutura básica insuficiente (55ª posição), educação de pouca qualidade (56ª) e baixa eficiência do governo (55ª). De todos os 59 países analisados pelo estudo, o Brasil é o que apresenta a maior diferença entre a competitividade do setor público e privado.

“O Brasil está muito mal posicionado quando o assunto é regulamentação. Há excesso de burocracia. É difícil abrir e fechar uma empresa. A legislação, com excesso de agências, é policialesca”, afirma Fabio Pina, assessor econômico da Fecomercio. “Da parte do governo, há ainda desperdício de gasto público. Diminuir esses gastos seria, inclusive, uma maneira de conseguir baixar os juros, o que ajudaria também a controlar a valorização do Real”, completa.

Apesar de bastante conhecidos, a resolução para esses problemas de décadas não vem progredindo, segundo Vitória Saddi, professora do Insper (antigo Ibmec-SP). “O Brasil não tem avançado. Existem problemas institucionais que são resolvidos em outras partes do mundo, mesmo na América Latina, mas, aqui, não evoluem. Temos visto, na realidade, pioras institucionais, uma administração pública ineficiente”.

Um passo à frente

Se ainda há muito a progredir, há também dois pontos a comemorar. O crescimento do mercado de trabalho, que colocou o Brasil na 9ª colocação do ranking, e os investimentos internacionais (19ª) recebidos pelo país, atraente em uma conjuntura em que as nações desenvolvidas ainda patinam. Resta saber se quando o mundo todo tiver voltado a crescer o Brasil continuará a ser uma aposta tão interessante. Por isso, talvez, estar no 44° lugar não passará tão impunemente.

Comentários do blog

Na questão da infraestrutura o Brasil precisa sair do fantasma do custeio reduzindo de forma drástica o desperdício que assola empresas privadas e principalmente o serviço público. Estima-se que estas perdas situam entre 20 a 40% do custeio no setor público e até 20% no setor privado. O “lucro” desta operação seria então destinado aos investimentos.

A baixa produtividade exige uma completa revisão de processos empresariais e também no serviço público. Raras são as organizações que tem um Planejamento Estratégico funcionando na prática. O índice de certificados ISO 9001 é ainda muito baixo. Metodologias do tipo 6sigma (3,4 defeitos por milhão de tentativas) é ainda tema de literatura nas empresas brasileiras. O investimento em ciência e tecnologia fica no patamar de 0,5% do PIB, enquanto os países desenvolvidos estão na faixa de 4% ou mais. O numero de horas de capacitação de qualidade por pessoa por ano é extremamente baixo, ou seja, até 40h por pessoa por ano na iniciativa privada e menos de 10h por funcionário, por ano, no setor público. As empresas consideradas “classe mundial” estão investindo acima de 120h de treinamento por pessoa, por ano.

Enfim é preciso que nossas empresas encontrem “benchmarks” internacionais para estabelecer comparações competitivas e o nosso serviço público deve, por sua vez, ter o mesmo tratamento de uma organização privada. Pode dar certo, mas a luta é grande.

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