O método DEMING e as novas crises no país – 7o. Petroufes

O momento atual do país nos leva a um processo de permanente reflexão e análise crítica de todos os fatores que impactam negativamente o desempenho das organizações, e em especial das empresas.

Durante o 7º. Petroufes ocorrido em São Mateus nas dependências do CEUNES, nos foi dada a oportunidade para falar para os alunos da engenharia sobre os caminhos e alternativas que temos para enfrentar e vencer as crises que estamos presenciando, particularmente a partir de 2008.

Escolhemos uma velha fórmula aplicada com muito sucesso no Japão e copiada no mundo inteiro. A pergunta que fica é a seguinte: será que as nossas empresas poderiam seguir esta mesma fórmula? Vamos conferir a seguir.

GAF_2016.04.15_23h41m02s_005_O Autor dos 14 pontos para a melhoria da produtividade e lucratividade,  Dr. W. Edwards  Deming teve como principal reconhecimento a medalha do mérito japonês no inicio dos anos 50 por ter tido a felicidade de ser compreendido e aceito em seus argumentos pelos empresários nipônicos logo após a segunda guerra mundial. Essa “compreensão” pode ter sido estimulada pela perda da guerra pelos japoneses e totalmente ávidos pela reconstrução do seu país de suas empresas e por conseguinte da economia, emprego e renda.

Deming, autor do livro “Out of The Crisis” não foi bem compreendido em seu país, mas muito bem aceito no Japão que fez questão de colocar os seus ensinamentos na prática. (Veja o livro A NOVA ECONOMIA – W.E.Deming, Qualitymark Editora).

Ele sempre fez questão de tratar os assuntos da gestão e estratégias com os donos, ou presidentes e ou diretores das organizações, pois ele com toda razão dizia: “A responsabilidade pela qualidade, produtividade e lucratividade é da alta administração. Se eles não se comprometerem não adiantarão muito o esforço dos operários”

E o Brasil, o que tem a ver com tais estratégias? Tudo, diria sem medo de errar. Temos uma classe empresarial e acadêmica evoluída e também evoluindo, mas temos ainda muito chão para caminhar. Nossas perdas ainda são enormes e desafiadoras. Nossos indicadores estratégicos estão em má colocação no ranking mundial.

Minhas experiências até o ano de 2010 no Nordeste Brasileiro, em especial no Rio Grande do Norte, demonstraram que temos um terreno ainda inexplorado no campo da Gestão focada em resultados, portanto, carecemos de metodologia, aplicação de estudos técnicos e científicos, maior participação e sobretudo de educação e treinamento. O tempo todo, se possível. De volta ao Espírito Santo deu para perceber que o cenário não é tão diferente, onde destacamos:

. Diagnósticos (empresas e instituições públicas) mostram dificuldades na formatação de planos e projetos para o futuro.

. Excessiva visão defensiva e pouco investimento na visão ofensiva com investimentos em inovação de produtos e serviços pelas empresas.

. Queda nos índices de valor agregado em produtos e serviços com ênfase muito forte nas commodities (café, aço, celulose, etc).

. Pouca sinergia no ambiente interno das empresas caracterizada por erros na gestão estratégica e funcional.

. Carga tributária elevada sem correspondente imediato de melhoria da produtividade e problemas sérios de lucratividade, por consequência.

. Planos de investimentos adiados ou cancelados em função dos recentes casos de corrupção afetando todo o país.

. O caso da Samarco com o grave acidente de Mariana MG a paralização das suas atividades desde 05 de Novembro 2015 trazendo consequências sérias para a economia do ES e MG particularmente.

A ideia da palestra do CEUNES e do presente artigo é repensar e agir nos sentido de reação, estabilidade e um novo momento de crescimento das empresas. A pergunta continua, será que pode da certo? Vamos convocar aqui os 14 pontos de Deming.

Sugiro que o prezado leitor, empreendedor, especialista, estudioso, faça um pequeno exame do ponto estudado com a realidade da sua empresa ou organização. Vamos lá:

14 pontos de Deming com foco no tema: VENCER A CRISE BRASIL a partir de organizações competentes e inovadoras.

1º Ponto – Criar constância de propósito para melhorar o produto e o serviço, com o objetivo de tornar-se competitivo, assegurar a continuidade do negócio e criar empregos. Instituir a prática do Planejamento Estratégico, via alta administração, como base para alavancar ações e projetos rumo aos objetivos.

GAF_2016.04.15_23h38m35s_002_2º Ponto – Adotar a nova filosofia. Estamos em uma nova era econômica. A administração no ocidente precisa despertar para o desafio, precisa aprender suas responsabilidades e assumir a liderança da mudança.

Não podemos mais conviver com erros, atrasos, desperdícios e perdas em geral, trabalho imperfeito e tantas outra não conformidades. Enquanto trabalhamos com perdas em percentual (5, 10, 30…40%) muitos países já adotaram o 6sigma que estabelece 3,4 defeitos por um milhão de tentativas.

3º Ponto – Acabar com a dependência da inspeção para conseguir qualidade. Para eliminar a necessidade da inspeção em massa, colocar a produção com qualidade em primeiro lugar. Trabalhar nas evidências estatísticas da Qualidade em todos os processos.

4º Ponto – Cessar a prática de fechar contratos apenas com base no preço de compra do produto ou serviço. Em vez disso, minimizar o custo total incluindo a agregação de valor e qualidade no fornecimento como base para a diferenciação e melhoria da produtividade no processo empresarial.  Procurar fazer parcerias com fornecedores selecionados e certificados (competência em gestão e tecnologia), construindo um relacionamento de longo prazo, lealdade e confiança.

GAF_2016.04.15_23h42m46s_008_5º Ponto – Melhorar continuamente o sistema de produção e serviços, para melhorar a qualidade e produtividade e, dessa forma, reduzir constantemente os custos. Agir na racionalização eliminando cortes lineares dos custos. Estudar e aplicar os conceitos do Kaizen!

6º Ponto – Instituir o treinamento na função. Identificar e implantar métodos eficazes na multiplicação do treinamento no local de trabalho. Empresas bem sucedidas chegam ao indicador de 150 horas de treinamento por pessoa por ano.

7º Ponto – Instituir e promover a verdadeira liderança no ambiente empresarial e organizacional. O objetivo dos gerentes (líderes) deve ser o de ajudar as pessoas, máquinas e sistemas a fazerem um trabalho melhor. As práticas das gerências precisam de renovação, tanto na alta administração como nos níveis de supervisão próximos ao local da execução.

8º Ponto – Expulsar o medo para que todos os funcionários possam trabalhar efetivamente para a organização. Encorajar a INOVAÇÃO e MÉTODOS para a solução dos problemas e melhoria da PRODUTIVIDADE

9º Ponto – Eliminar as barreiras entre os departamentos. As pessoas das áreas de pesquisa, projetos, vendas e produção devem trabalhar como uma só equipe, para prevenir quaisquer problemas da produção, de produtos e serviços. Gerentes, Coordenações e técnicos devem TRABALHAR EM EQUIPE para prevenir os problemas sistêmicos da organização.

10º Ponto – Eliminar slogans, exortações e metas para a força de trabalho, exigências de zero defeitos e novos níveis de produtividade sem que haja efetiva orientação, capacitação e método. Tais exortações só geram relações antagônicas, uma vez que a maioria das causas de baixa qualidade e baixa produtividade são inerentes ao sistema de trabalho, ficando assim fora do controle dos trabalhadores. Portanto, considere eliminar metas numéricas, posters e  GAF_2016.04.15_23h56m52s_012_slogans para os funcionários e não exigir níveis novos de PRODUTIVIDADE sem fornecer métodos efetivos

11º Ponto – a) Eliminar as cotas de trabalho no chão de fábrica. Substituí-las pela liderança focada na qualidade e produtividade da empresa. b) Eliminar o gerenciamento por metas numéricas. Substituí-las pela liderança do processo combinando planejamento de produção, metas, meritocracia, gestão dos indicadores e motivação pelos resultados atingidos.

12º Ponto – Eliminar as barreira que tiram do trabalhador o direito de se orgulhar de seu trabalho. Isto inclui eliminar práticas errôneas de gerenciamento  avaliações anuais por mérito ou por cumprimento de metas numéricas.

13º Ponto – Instituir um programa vigoroso de educação e desenvolvimento pessoal. Promover a EDUCAÇÃO e CAPACITAÇÃO visando a produtividade de forma global e em todos os níveis da organização tendo como referência indicadores positivos nesta área: Valores acima de 80 h de treinamento por pessoa, por ano.

14º Ponto – Envolvimento e comprometimento de todos trabalhando no sentido de realizar a transformação e cumprimento dos objetivos. A transformação requerida, saindo das crises e alcançando novos patamares de eficiência e competitividade é o trabalho de todos. Sugere-se o reforço do comprometimento da alta administração e a criação de um grupo que irá estimular, planejar, executar e controlar as metas definidas para toda a empresa ou organização pública.

É evidente que o desafio se torna mais complicado e difícil de ser vencido na medida em que o país se afunda na crise política que vem experimentando. De um lado a busca da governabilidade que se encontra estagnada, ou até mesmo retrocedendo face aos escândalos e desempenhos sofríveis. De outro lado, na visão do triangulo do Planejamento Estratégico Situacional estão as Marcas de Gestão ou de governo e no outro ponto do tripé, a Capacidade de Gestão. Esses três pontos, seja para o país ou para a empresa, precisam estar em perfeita sintonia: Governabilidade/Governança, Marcas de Gestão ou Governo, e Capacidade de Gestão.

Vamos em frente! Aproveitando, agradeço a equipe organizadora do 7º. Petroufes em nome do jovem engenheiro Caio, e coloco-me a disposição para o próximo evento em 2017, na esperança de dias melhores para o nosso país, nossas empresas e toda a população.

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